11 setembro 2003

Para tudo há uma primeira vez

Pois é, depois de mais de 37.000 km rodados em 2 carros, inúmeros pedágios, algumas barbeiragens, 2 batidas (uma eui me ferrei sozinho, outra o canalha q me acertou, fugiu) e tantas coisas... Fui achacado pela polícia, e perdi R$ 150.

Foi uma achacada clássica, todo mundo que sofreu esse assalto à mão desarmada sabe do q eu estou falando: Eu cometi uma tradicional infração, saí do estacionamento do CT/UFRJ na contramão, às 22 hs de 3a passada (dia 9/11). Todo mundo comete esse "deslize": não tem carro vindo na mão certa, você faz isso para evitar uma volta das grandes a serem dadas passando na Reitoria.

Pois então, fiz e daqui a pouco, na praça entre CT e CCMN, uma patrulhinha (um Gol "bolinha") me aborda. Manda descer do carro (somente um farol funcionando), pede documentos, diz q eu cometi a infração (peço desculpas e disse que no local não havia risco) e que tem que prender minha carteira e meu carro deveria ser rebocado.

Ora, todo mundo sabe que naquela hora na UFRJ, não há risco em causar acidentes, mas eles não queriam ouvir (o segundo PM, um baixinho portando um FAL corroborava essa afirmação), e falaram. Aleguei tudo (sou professor, meu pai está convalescente de uma operação no joelho, meu irmão está embarcado em plataforma - na verdade ele não está - minha mãe não dirige, minha família é pequena e não tenho parentes próximos p/ vir buscar o carro, etc). Não tem jeito, eles queriam dinheiro.

Naquele momento eu tinha várias dúvidas: Se eu oferecesse R$ 50 (o que eu tinha junto aos documentos do carro), se eles iriam aceitar e me liberar ou iriam querer mais (me conduzindo a um caixa eletrônico para sacar essa grana); se eu citasse o ato, iriam me autuar por tentativa de suborno; e com quanto eles sossegariam o facho. No momento, fiquei ansioso e preocupado, pois preciso do carro para trabalhar, e não tenho juízes, advogados ou promotores na família, o policial mais próximo é pai de um amigo meu (um outro amigo tem um irmão que é tenente no Batalhão da Maré, onde provavelmente os dois pilantras fardados estão lotados). Logo, estava lascado e vi que teria que morrer nos R$ 150 que tirei no Itaú, no Shopping Nova América, horas antes.

Segui a orientação ("Fica tranquilo, vamos jogar aberto"), joguei o dinheiro dentro do carro (os malditos nem citam o fato, nem tocam nele), anotam os dados seus para não correrem risco, e fazem você entrar no carro (faróis altos para evitar que você identifique-os pela placa - começava com LOC, carro número 58-xx98), e saem de ré, ou bem devagar.

Em suma, fui assaltado em R$ 150, perdi essa grana para dois PMs, que eu espero, encham as suas barrigas com esse dinheiro, até que elas arrebentem. Não quero que morram, mas desejo de coração que esse dinheiro queime nas mãos deles, e que eles desperdicem. Se fosse usado para alimentar os filhos deles, até aceito. Mas eu duvido. Amaldiçoei-os (mas não os xinguei), nem tanto pelo dinheiro (tá, doeu ter perdido o equivalente a 1 dia e pouco de trabalho duro), mas por ter me sentido forçado a errar, forçado a suborná-los para ser livre dessa situação constrangedora. Me custou R$ 150, mas arranhou a minha dignidade.

Não citei esse fato para muitos, meus pais não ficaram sabendo, menti o valor do dinheiro para quem falei (diminuí o prejuízo), mas a raiva ficou, mas até ela passa. Continuo acreditando que há bons policiais na força, mas o meu respeito pela categoria ficou ainda mais arranhada depois desse fato lamentável.




Agora, no site da PM diz que eles estão para nos proteger... E quem nos protege deles? Como está na história do Alan Moore,

Who watches the watchmen?
(Watchmen).

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