02 fevereiro 2004

Viagem a São Paulo - primeiro dia

Acordo às 7:30, com toda a mala já pronta, mais bagagem de mão (a minha pasta que uso para trabalhar), e meu pai me leva até o Aeroporto de Jacarepaguá, onde faria o check-in da Gol. Ele me levou no meu carro, já que o carro dele estava na revisão dos 5000 km. Chego lá cedo, despeço-me dele, vou fazer o check-in. 13 Kg de bagagem. Dentro da cota, de 20 kg por passageiro: "E a mala vai voltar ainda mais cheia na volta", pensei. Um aluno meu certa vez disse-me que, se no momento em que passassem o radar pela minha mala e vissem que eu estava levando coisas que eu comprei, e se eu não tivesse nota fiscal de TUDO que eu estivesse levando, seria obrigado a deixar algumas coisas para trás. Logo, resolvi voltar de buzão, para evitar dor-de-cabeça.

Meu vôo era às 11:30, tarifa promocional via Web (R$ 155,20, parcelado em 5x). A funcionária conversa comigo, diz q vai atrasar o ônibus das 9 hs pq o das 10 hs estava c/ problemas no ar-condicionado, e eu era o único passageiro que faria o trajeto Aeroporto de Jacarepaguá (que na prática, fica na Barra) ao Aeroporto Tom Jobim naquele horário. "Sem problemas", respondo.

Penso num roteiro de coisas para ver em São Paulo, rabisco um bocado no papel enquanto o ônibus não chega. Logo após, 3 passageiros vão para o Galeão (eu e um casal), e chego lá perto das 10:30 da manhã. No caminho, Cátia me liga e me diz para eu me comportar na viagem: "Ah, mas eu sou um bom menino", respondi. Fico batendo perna no aeroporto, sem nada pra fazer, quando toca o meu telefone. Um no de São Paulo. Era o Dal Poz, me oferecendo uma carona do aeroporto para algum lugar. Agradeço muito pela oferta (estava preocupado em como sair de Congonhas sem ser muito lesado pelos taxistas) e jogo meu roteiro para o dia seguinte. Aceito o convite para ir no LSI-USP, para conhecer. É sempre bom ter os amigos por perto, para quebrar um galho de vez em quando. Valeu, Dal Poz!

Somos recebidos pelo comandante na porta, com sua ridícula gravata laranja (cores da empresa), e pelo resto do pessoal. Vou voar pela 4a vez, o que me gera uma excitação tímida, mas curiosa. Gosto da idéia de voar e sei que é uma distância bem curta, mas eu acho bem legal. O avião é um Boeing 737-700, que é um bom avião para distâncias curtas. Digo isto porque são SEIS pessoas por fileira, o que perfazem, até onde eu vi, 144 passageiros. Fui na fileira 17, logo sentado na altura dos flaps da asa esquerda (17C). Só espero não ver nenhum palhaço se equilibrando na asa, como no seriado "Além da Imaginação", num dos seus episódios mais célebres. Do meu lado, um sujeito franzino, de cabelo... Verde. Nossa. O avião está lotado. Muita gente aproveitando essa tarifa mais barata. A sensação do avião decolando é sempre curiosa - o arranque forte, a subida inclinada, a força sobre o esqueleto, a sensação de perder o contato c/ o chão - é engraçado. Então, o avião levanta vôo, carregando a reboque o meu estômago junto. Mal estabiliza, um breve lanche servido pelas comissárias de bordo (parece que "aeromoça" é um termo ultrapassado por aqui) e começa a descer. 45 minutos de vôo, desembarque (o avião em que eu vim era abençoado: prefixo PR-GOD), ligo pro Dal Poz...

Nada de novo: Ele se atrasa, os terminais do Bradesco travam, e o tempo em São Paulo está feio. Ligo para casa e minha mãe fala q um cachorro vira-lata entrou na pista e atrasou 2 vôos da Gol no Galeão: "Não, mãe, não foi o meu", respondo. Que coisa, essa do cão. Compro um cartão telefônico a R$ 6 (40 créditos). Caramba, tá caro, R$ 0,15 por crédito. Acho que faz tempo que não compro um cartão telefônico.

Dal Poz chega, vamos para o Mustang (ele tem um Mustang GT preto!). Ele está contente com a minha visita: Almoçamos no restaurante da Civil, ele me mostra toda a USP, e vamos para o LSI. Vejo o projeto de uma set-top box para TV digital em que ele está metido, e na prática é um MSX todo recriado com chips FPGA da Xilinx. Chips FPGA são reprogramáveis, algo bem interessante de ser feito hoje em dia. Já tá um MSX 1 com MegaRAM quase perfeito, a ponto da gente jogar F1 Spirit nele! É, ele perdeu para mim na F1, mas ganhou no rally... MAs eu achei uma pequena falha no VDP deles (cena final do F1 Spirit, um sprite não some). Depois ele faz uma cópia dos CDs que eu levei para São Paulo (Shaolin Soccer, O Quarteto Fantástico - produção do Roger Corman e o Samurai do Rock n' Roll). Ele foi muito prestativo, me dando uma carona e me deixando em Cidade Jardim, daonde eu tomaria um ônibus até a Av. Paulista, e de lá o metrô para o bairro do Paraíso.

Existem algumas ruas em São Paulo que são "temáticas", centralizando um tipo de comércio. Assim é a Santa Ifigênia, com eletrônicos e informática, a Galeria do Rock e tantas outras ruas. Em Cidade Jardim (se me lembro bem, o bairro onde está o Jockey Club de Sampa), a Av. Europa e sua continuação, a rua Colômbia, é o paraíso para quem gosta de carros. São inúmeras concessionárias de carros importados.Só carro importado, e carro de peso. Eu vi uma concessionária de Porsche. Isso mesmo, Porsche! Eu vi uns 6 ou 7 lá. Ainda Ferraris, Maseratis, Mercedes, BMWs e tantos outros carros que não se vêem por aí. Além disso, muitos carros blindados à venda. Juro que se eu não estivesse cheio de malas, eu desceria e iria fotografando tudo. Meu irmão iria delirar se visse isso tudo.

O ônibus fez um percurso em linha reta, da USP até a Paulista (Cidade Jardim - Av. Europa - Rua Colômbia - Rua Augusta), custou R$ 1,70 e achei razoavelmente confortável. Foi também o único ônibus que peguei na viagem, e dali por diante foi só no metrô. Já disse em algum lugar que simpatizo com o metrô de São Paulo: Acho-o eficiente e abrangente, mas peca em conforto se comparado ao do Rio. Chego então na estação da Consolação, compro um bilhete de 10 passagens (todas as máquinas de venda automática de bilhetes estão paradas) e sigo na direção Paraíso. Desntro da estação vejo uma coisa incomum: Uma máquina de venda automática de livros! Isso mesmo, livros. Será que tem público? Não sei, mas eu achei muito curioso. Desço e vou para o apê do Nehemias.

O apertamento do meu amigo tem exatos 28 m2 de carioquismo e feudo masculino: Tem café e sorvete mas falta leite e pão de forma. Aquela zorra completa. Me empoleiro na sala (vou dormir no sofá-cama), tomo um banho (eta ducha forte - também, são 30 metros de queda livre até o chuveiro dele), conversamos muito (questões pessoais, de trabalho, relacionamentos, aconselhamentos mútuos, etc). Foi bom por poder conversar sobre certas coisas com um amigo próximo, com quem sinto-me à vontade para me abrir. Vamos pro Shopping Paulista fazer uma hora (estava muito cedo para comer), e na caminhada (uns 4 quarteirões), continuamos o papo. Dali voltamos para o Esfiha Chic (que fica em frente à rua onde ele mora), onde comemos (eu pago a conta). Nesse meio tempo, vejo três moças muçulmanas (de início confundi com gente usando casaco com capote), e ele me conta que a região tem presença forte sírio-libanesa. Curioso, não tinha visto muçulmanos tão de perto. Papeamos mais, voltamos, e vamos dormir lá pela meia-noite e tal - cansativo, o dia. Mas o dia seguinte seria ainda mais cansativo.

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