Resenha: Corto Maltese na Sibéria
Eu peguei esse álbum por acidente: No tempo em que eu comprava quadrinhos importados, quando o US$ 1 = R$ 1 (no caso, eu comprava na Mile High Comics), peguei uma promoção interessante: Mandaremos US$ 100 em quadrinhos à nossa escolha, e você paga APENAS o correio. Topei, mas tentei convencê-los a me mandar um álbum capa-dura do Tenente Blueberry (US$ 45 "apenas"). Peguei um monte de coisas provavelmente encalhadas no estoque deles, como uma quadrinização do filme "Uma Cilada para Roger Rabbit, um livro sobre o 1o. filme do Batman (aquele, com o Michael Keaton). Pois é, eu peguei esse álbum do Corto Maltese nessa jogada.
Corto Maltese é um marinheiro, capitão de navio (como o pai dele) que viaja o mundo todo procurando aventuras, no período dos 35 primeiros anos do século XX. O personagem é a criação máxima do italiano Hugo Pratt, falecido em 1995, e que fez muito sucesso na Europa, a ponto de ter uma estátua do Corto na cidade de Angoulème, na França. Recentemente fizeram um desenho animado dele, trabalho bem-feito e de bom gosto (cheguei a ver um trailer do longa animado para o cinema, acho que baseado nesse álbum que ainda não comecei a falar).
Pois então, vamos à história: Uma coisa que achei fenomenal é a pesquisa histórica detalhada que o Hugo Pratt fez. Essa história é centrada na região da Manchúria e Sibéria Oriental, em 1919, ou seja, logo depois da Revolução Russa e ainda no período turbulento da consolidação do domínio comunista. Enquanto isso a China tinha deixado de ser um império e ainda não era uma república, logo haviam tantos estrangeiros perdidos naquela região que a China tinha virado uma babel. Havia também as sociedades secretas chinesas, como o Dragão Negro, as Lanternas Vermelhas e a Tríade. Antes do início do álbum, tem umas 10 páginas com mapas, textos e imagens do período. Muito bom!
Passando à história: Corto sai de Veneza, onde está, para uma missão na Sibéria, que ele, a serviço das Lanternas Vermelhas (uma sociedade secreta chinesa composta de mulheres) roubar o ouro czarista que está sendo disputado por várias outras organizações, incluindo o Barão Ungern von Sternberg, autodenominado o novo "Genghis Khan" e maluco de pedra (o pior é que tem gente que segue esses loucos). Com algumas reviravoltas e alguns aliados (como Rasputin, aquele sujeito magrelo e barbudo do lado do Corto na 1a imagem), a história se desenrola de forma atraente nas suas pouco mais de 120 páginas.
Quanto ao traço, eu não gostei. Achei pobre, pouco detalhado e por vezes, sujo. A falta de cor não é um problema em si, mas tem certas vezes fica confuso. Outro problema é relativo à tradução para o inglês. Está boa, mas entre cada capítulo mudam a letra dos balões, o que incomoda (principalmente porque uma delas é esquisita, atrapalha mais do que ajuda).
Em resumo, gostei da história, vou ver se encontro outro álbum dele perdido por aí para comprar. Se alguém souber, me conte. O problema é que a Meriberica cobra MUITO caro (R$ 55) em cada um. Aí complica.
A melhor resenha sobre o Corto eu encontrei nesse site aqui, que está (infelizmente) em português de Portugal. Mas é perfeitamente legível.
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home