Eu e o Fernando Sabino
Eu sempre gostei de ler, mas o meu primeiro contato com crônicas foi aos 9 anos, justamente com uma crônica do Sabino: "Hora de Dormir" (lembro até hoje). E foi através da série "Para Gostar de Ler". Foi uma série da Editora Ática com textos de grandes autores para incentivar a leitura. E o primeiro volume... Crônicas! De Carlos Drummond de Andrade, Paulo Mendes Campos, Rubem Braga e... Fernando Sabino.
Lembro-me até hoje das risadas ao ler essa primeira crônica dele. Chegamos a encená-la na escola, eu e uma colega (o duro foi prender o riso quando ela fala: "Porque eu tenho que ir dormir agora, pai? Vai ter homem pelado na televisão?").
A partir dali comecei a gostar de crônicas e pequenos contos, e aos 14 anos tive contato com outra grande obra do Sabino: "O Menino no Espelho". Esse é um dos (poucos) romances dele, e ele trata da infância dele. Eu viajava junto com a imaginação do menino Fernando, lembro-me que li todo o livro em um dia só (umas 200 e poucas páginas), reli ainda algumas vezes...
O Sabino escrevia uma crônica semanal no suplemento Jornal da Família, do jornal O Globo, no domingo. Li todas que eu podia enquanto ele publicou. A maioria versava sobre o período que ele morou fora do Brasil (quase todo o tempo em Londres). Depois, passei a procurar os livros de crônicas dele, e saí comprando em sebos o q pude achar.
Aí tive contato com "O Homem Nu", "Deixa o Alfredo Falar", "A Falta Que Ela Me Faz" e tantos outros contos e crônicas do grande mestre Sabino (como aquele amigo dele, que era ateu "mas tinha muita fé em Nossa Senhora", ou a impagável crônica da carona). Através dele acabei conhecendo outro grande mestre cronista, Luis Fernando Veríssimo.
E hoje, recebendo a notícia da morte dele, sinto-me meio órfão, pois morreu um dos meus heróis literários, o homem que me fez gostar de crônicas e pequenos contos, e me senti desafiado a tentar escrever alguns. Não sei se saem daonde estão, mas um dia eu continuo.
Fernando Sabino (1923-2004)
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