07 janeiro 2005

Eu e o Will Eisner

No post anterior falei de como o Vinício conheceu o Will Eisner, e descolou um autógrafo. Queria então falar, para encerrar esse "arco de histórias", como eu descolei um autógrafo do mestre.

Ironicamente, o Will Eisner era mais querido e homenageado aqui, no Brasil, do que nos EUA, embora o maior prêmio da indústria de quadrinhos estadunidense seja o Will Eisner Comic Industry Awards (detalhe, o prêmio recebeu o nome dele ainda quando ele estava vivo). Então, como ele era amigo do Ziraldo e adorava o Brasil, vez por outra o "velhinho" tomava um avião e vinha para cá. Pelo menos seis vezes ele esteve aqui, em "terra brasilis". Só não vinha morar aqui porque "não conseguia aprender o português". E ele dizia que o português tinha uma palavra linda, que ele não sabia como expressar no inglês (mas realmente não tem como), e era o que ele sentia quando voltava para os EUA, para ser exato, Miami: "Saudade".


Ah, antes, vale um comentário: Na primeira vez em que ele veio, ele achou muito estranho, o Ziraldo tinha acabado de sair da prisão e iria recepcioná-lo no aeroporto (era em 1975, anos da ditadura). O Ziraldo, no entanto, tremia da cabeça aos pés. Afinal, ele iria conhecer aquele que foi um herói na infância e adolescência dele.

Voltando ao Will e a mim: Pois então, em 1999 (ou 2000, n lembro), foi feito o lançamento de um documentário, "Profissão Cartunista", e ele veio para o lançamento. No Rio, seria no IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil), no Largo do Machado. Uma amiga me liga, comenta o fato. Lembro que ela falou de um conhecido e ativo membro da comunidade OS/2 que não ia nem beijar o Will Eisner, ia é comer os sapatos dele. Mas então, saio eu correndo para o IAB, em pleno domingo de tarde, largo namorada para trás... Pior, deixei meus álbuns do Spirit em casa! Onde vou descolar um autógrafo?

Cheguei lá, espera, espera... Vejo que lançaram uma série de álbuns dele, que estava quadrinizando clássicos da literatura mundial (um deles está aí do lado). Comprei esse e o Moby Dick. Beleza, agora vamos pra fila. Entro nela, ansioso: Puxa, o criador do Spirit, uau! Sorrio ao ver as pessoas excitadas na fila. Uns com máscaras do Spirit, outros com chapéus na mão... Mais para trás, um ator da Globo, o Paulo Betti, com um charuto na boca, um sorriso que ultrapassava os limites do rosto dele, e uma pilha de um palmo de altura de álbuns do Spirit e graphic novels criadas pelo "velhinho".

Lembrei-me da história de um amigo (que conto no próximo post), da confusão dos nomes... Peguei meu palmtop (um Palm III), escrevi meu nome na tela em letras grandes, e guardei. Quando entreguei o álbum, já trêmulo, falei meu nome... Ele não entendeu. Puxei o Palm, abri a tela e liguei, mostrando meu nome a ele. Ele riu, e disse: "Nossa, o que esses dispositivos eletrônicos não podem fazer hoje em dia, né?" Eu ri, meio nervoso, ele autografou, e me cumprimentou, agradecendo. Eu é que agradeci pela obra dele, e disse que era mais um fã incondicional.

Saí todo sorridente, com um autógrafo, que poderia ter sido melhor (eu tenho uma penca de Spirits em casa, droga). Mas era um autógrafo do Will Eisner, ora!

E para quem duvida, aqui vai a foto do autógrafo:

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