07 janeiro 2005

Um amigo meu e o Will Eisner

Essa eu não poderia deixar de contar, é breve e muito engraçada. Um amigo meu (hoje em dia meio sumido), na Primeira Bienal de Quadrinhos foi disposto a descolar autógrafos. Como fã incondicional da Nona Arte e devorador de tudo que tinha balões, ele foi para a Bienal. Essa foi a primeira Bienal de Quadrinhos que teve no Rio, em 1989. Na segunda, em 1992, eu fui, comprei muita coisa, foi por essa época que eu comecei a ler mais quadrinhos adultos, de boa qualidade.

Mas, voltando ao meu amigo: Ele, duro que nem um coco, chega na Bienal. Presenças de Will Eisner, Moebius e outros mais. Socorro... Ele compra a edição especial do Surfista Prateado, com história do Stan Lee e desenho do Moebius. Vai lá batalhar um autógrafo, consegue... Hoje em dia essa revista merecia uma moldura de vidro, um quadro, sei lá.

Mas a missão ainda não estava cumprida, faltava o Will Eisner. Ele conta o que tinha no bolso... Era o dinheiro da passagem e mais uns trocados. Raspando os bolsos, dava para comprar aquela edição especial do Spirit que a Abril estava lançando, naquela Bienal. Pensa bem... "Dane-se, pulo a roleta ou dou calote, ou vou a pé até em casa". E ele compra.

E para chegar no Will Eisner? Sufoco, multidão, ele consegue passar por todo mundo, chega na mesa onde está o "velhinho". Ele o recebe com um sorriso, e esse meu amigo gesticula, dizendo que queria um autógrafo. Deve ter sido engraçado, ele não fala NADA de inglês.

O Will entende o que ele pede, depois de muitos gestos, e pergunta o seu nome. Esse meu amigo responde: Vinício. Só que, esbaforido, fala meio rápido, e o Will Eisner não entende. Começa a escrever:

For my friend, Vince... Pelo visto, o "velhinho" entendeu Vincent. Vinício diz "No! No! No!", pede a caneta, e com a mão esquerda (ele é canhoto) escreve no braço direito o seu nome, em letras de forma:

V I N I C I O

O Will então ri do erro, e corrige o autógrafo:

For my friend, Vince... Ops (excuse me), Vinício, from Will Eisner.

Desnecessário dizer que essa é uma das relíquias da coleção de quase 3000 revistas do Vinício.

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