18 março 2005

FIlosofações: O flerte

Hoje estava pensando sobre relacionamentos, e o flerte, a corte, o período que antecede o início de um namoro (ou o "toco" que vai te deixar por baixo). Estava eu pensando sobre isso, sobre como é complicado esse "jogo". Esse tempo que vem antes pode ser caracterizado como uma guerra.

Talvez guerra publicitária, quando os rapazes tentam provar para as moças que são os melhores pretendentes aos seus corações, e que elas não podem viver sem eles (parece até propaganda de amaciante de roupa, "você não vai querer saber de outro"). E aí, como numa prateleira de supermercado, ela escolhe aquele que lhe pareceu mais interessante... Ou aquele que ela pegou a prova, naquela banquinha do lado da balança onde pesam-se os legumes.

Talvez seja uma guerra psicológica, onde aquele que ataca (segundo a cultura da sociedade vigente, o homem) acaba sendo colocado na situação de vítima dos anseios e das emoções (nem sempre muito coerentes) daquela que é a nossa maior adversária, mas que a gente não vive sem: A mulher. E como aparecem dúvidas nas mentes masculinas: "Será que faço bem em ligar hoje? Será que ela aceita o convite? Será que... 'rola algo'?" O homem que nunca teve dúvidas, que atire a primeira agenda de telefones. Mando de volta com um bilhete dizendo: "Mentiroso!".

Talvez seja uma guerra de inteligência, onde o sujeito trama passo após passo, planeja e traça estratégias, envolvendo até outras pessoas: "No primeiro encontro, tracei linhas gerais para operação e atuação, avaliei os passos, vi onde posso pisar, e onde desviar o passo. Hoje eu seguro na mão dela e sorrio. Se a reação for boa, no próximo encontro, abraço despretensiosamente. Se tudo parecer que vai bem... Quem sabe eu não roubo um beijo no terceiro ou quarto?" Mas aí vem a dúvida, e o medo do rosto avermelhado por um tapa, como preço cobrado por tamanha ousadia. Dureza.

E como seria bom, se as coisas fossem mais às claras!


  • "Você tem interesse em mim?"
  • "Claro, você não notou até agora? Ah, homens..."
  • "Então, por que não nos beijamos e sacramentamos o que estamos enrolando há meses para iniciar?"
  • "É, boa idéia".

SMACK!. Claro, lá se vai a "emoção da conquista". Afinal, "só um homem sabe o que é... O gosto de acertar na caçapa" (citação de um texto antigo que vaga na Internet há muitos anos). Há aí também o sonho romântico, de ser conquistada, valorizada, procurada, ansiada, desejada... Isso eu creio que é inerente a toda mulher (não posso afirmar com certeza porque não sou uma mulher). O modelo do príncipe encantado num cavalo branco? Algumas. outras, uma companhia, amizade, amor, sexo... Essas coisas, algumas presentes e outras não. Mulher gosta de ser vista, de ser observada, de ser notada. Alguém disse que a mulher não se veste para o homem, mas para as outras mulheres. Faz sentido em alguns casos.

Mas, será que para todos, esse é um momento "emocionante"? Particularizando a situação, confesso que para mim foi muitas vezes torturante. Queiram ou não, sou tímido. Acreditem, sou professor, tagarela, falo na frente de um bando de adolescentes (ou jovens adultos), ganho a vida ensinando (ou enrolando-os às vezes), levando aluno briguento na conversa... E tremo os joelhos vez por outra, na frente de uma moça realmente interessante, uma daquelas que vale a pena. Logo... E nós, tímidos? Aqueles que tremem feito vara verde no vento forte, que gaguejam e perdem a fala, que se enrolam e não sabem o que falar, que lembram todo dia da música "Timidez", do Biquíni Cavadão (uma ex dizia que essa era a minha música-tema) e que contam com a boa vontade e a simpatia (mas muitas vezes, não o amor) dessas lindas, inteligentes e atraentes torturadoras?

Logo, creio que vou lançar uma campanha, em prol dos tímidos: "Meninas, roube um beijo daquele rapaz que você acha interessante, e faça o coitado feliz!". Que tal? Pode ser um bom slogan. Roubar beijos é ótimo, mas ter um beijo roubado deve ser melhor ainda. Não lembro se já roubaram um beijo meu, mas que deve ser bom, deve sim.

E por que estou pensando nisso tudo? Também estou advogando em causa própria (confesso). Estou naquele momento ansioso, do telefonema na hora certa, e saber se rola a conversa ou não... Marmanjo, barbado (e barbudo), 30 anos de idade na cara, alguns namoros no currículo... E lá vem a timidez assaltando novamente. De que adiantou pensar tanto, bolar, tramar mentalmente, pensar respostas... Se na hora eu fujo e fico escrevendo esse texto?

Bah. Deixa eu ir ligar logo antes que ela desista. Depois filosofo um pouco mais.

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