18 março 2005

Relato final da rede: A trabalheira

Acabei não contando aqui as novas histórias da rede da escola, para os meus poucos leitores. Sei que a maioria nem sabe direito o que é uma rede, mas mesmo assim, fica como um "relato histórico".

No total, trabalhamos 3 semanas com muita intensidade. Nosso parque instalado é perto de 70 máquinas, fora computadores das coordenações e os próprios servidores da rede. Ou seja, muita coisa para ser feita. São 3 perfis de laboratórios: 1 com Pentium 133 (os carinhosamente conhecidos como "cachacinhas"), 2 com K6-2 450 (as mais usadas e onde tivemos mais problemas de hardware), e 4 com Celeron 950, onde as máquinas tinham que ter uma miríade imensa de software instalado.

Foram vários dias em que entramos na escola às 9, 10 da manhã e saímos às 9, 10 da noite. Algumas imagens foram refeitas 2 ou 3 vezes, adicionando correções: Ora era o Borland Pascal que não compilava código, ora era o Protect que tinha que bloquear o acesso ao programa NET.EXE (capaz de irritar até o mais calmo dos professores, com mensagens pop-up aparecendo nas caras de todos), ora era adicionar uma extensão ao Firefox. A trabalheira foi imensa.

Inicialmente a imagem seria com o Windows 2000, mas devido a muitas dores-de-cabeça com a imagem do disco rígido gerada, voltamos no final da 1a. semana para o Windows 98, como uma solução real. Acabou sendo uma excelente opção: O Windows 98 roda bem em hardware mais antigo, e é um pouco Plug-and-Play, o que facilita a instalação em hardware heterogêneo (sai detectando tudo e vamos ver onde dá). Logo, hoje em dia ele roda mais rápido e pesa bem menos que o Windows 2000.

As listas de correções se avolumavam sobre nossas cabeças, cheios de detalhes que não colocamos justamente por sermos "marinheiros de primeira viagem". Não sabíamos que essas coisas teriam que ser resolvidas de outra maneira. E aí apelamos para recursos, como o VNC (muito prático para administração remota), servidores Linux com Samba (ótimos para puxar aquele arquivo que falta), ou o G4U/Ghost/Partimage, que usamos para baixar as imagens via rede (no caso do G4U), copiar os HDs que arrancamos de uma máquina para clonar nas outras (como foi o caso do Ghost inicialmente, e depois do Partimage). E tome correria.

A geração das imagens foi um capítulo à parte. Desde cuidados como particionar os HDs apropriadamente (Programas, dados e backup da instalação do Windows 98), passando por desfragmentar e "lavar os discos" (rodar um programa que enche todos os setores não-ocupados com zeros), e usar o G4U para gerar imagem na rede... Foi uma luta. E usamos cabo crossover, forçamos placas de rede a funcionar em 100 Mbits/s para ganhar tempo, e deixamos 4 laboratórios num final de semana descendo a imagem pela rede, para configurarmos depois. Como dizem por aí... Loucura loucura loucura.

Cobranças e vontade de torcer o pescoço de alguns colegas nós tivemos. Como aquele que, depois de tudo instalado, vem pedir para ter impressora configurada p/ uso do banco de dados. Rosnei, depois de um dia cansativo, e perguntei por que ele não falou antes. E engoli a resposta: "Ah, pensei q vcs soubessem...". E lá vamos nós fazer isso em cada uma das 70 máquinas. E coloca papel de parede, bloqueia arquivo tal, libera pasta tal, compartilha o drive A (para caso um drive esteja ruim, eles possam salvar no drive de outra máquina), tira o compartilhamento do drive D (para abortar tentativas de executar jogos via rede), mexe aqui e ali...

Graças ao bom Deus, tivemos mais acertos que erros, e tivemos muito apoio da maioria do corpo docente. Fizemos algumas apostas arriscadas, como sumir com o Internet Explorer (arranquei até os ícones do Menu Iniciar) e sapecar Mozilla Firefox em todas as máquinas. Fomos criticados, por "ferir a liberdade de escolha" (como se usar produtos Microsoft não fosse imposição), e brigamos com o Protect, quando ele chiou na questão do registro (perdemos algumas máquinas no meio do caminho, mas reinstalamos-as).

Em resumo, estamos prontos, depois de um período onde saíamos pegando a identidade para relembrar os próprios nomes. Mas orgulhosos do trabalho que fizemos, pois estamos aos poucos disponibilizando recursos para todos usarem. Como um banco de apostilas e livros (162 Mb p/ download), proposta de migração da base de dados para OpenLDAP, servidor NTP interno na rede e um Jabber daemon para comunicação interna, no melhor estilo ICQ. Ainda tem muita coisa para ser feita, como relatórios, documentos, papelada a ser escrita...

Muitas idéias povoam nossas cabeças. Mas, e a possibilidade, quase palpável, de virem 100 novos computadores para serem usados na escola, substituindo os velhos alugados? Lá vamos nós, refazer tuuuuuudo de novo. Trabalho não pára. E backup? E salvar as imagens de instalação do HD? Sistema de quotas, compartilhar impressora, levantar computador do mundo dos mortos... Nossa.

Trabalho c/ a melhor equipe q eu poderia ter. Nós somos "os 4 Cavaleiros Malucos do Apocalipse". O Paulo, por exemplo, operou o estômago e com certeza pode fazer o papel da Fome. Somos muito amigos, e isso nos aproximou ainda mais. E todos tem boas idéias e vontade de fazer. Mas creio q estejamos sendo bem-sucedidos porque Deus tem nos abençoado, pela Sua misericórdia. Não é porque 3 dos 4 são cristãos protestantes. Se fosse assim, a Coréia do Sul deveria ganhar tudo que é Copa do Mundo (metade do time é crente). Mas entendemos que Deus tem honrado o nosso esforço e tem dado uma força daquelas, quando precisamos de iluminação para entender porque aquele maldito programa encrencou c/ o Protect. E só assim temos sido bem-sucedidos.

E que não venha mais, porque senão estamos ferrados.

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