Resenha minha: Trigun
No momento que escrevo isso, acabei de assistir o anime chamado Trigun, e uma palavra para definí-lo é: surpreendente. Ele é surpreendente pois ele começa com um tom de comédia, de história bobinha, e vai tornando-se mais sério, denso, complexo...
O personagem principal é um homem chamado Vash, the Stampede. 'Stampede', segundo o dicionário Oxford que eu consultei, é "uma explosão súbita de animais". Aliás, existiu uma distribuição de Linux chamada Stampede Linux, cujo símbolo era um cavalo. Esse homem, segundo as lendas que o acompanham, é mortífero. Ele, sozinho, destruiu uma cidade. Por isso a cabeça dele vale 60 bilhões de dólares.
Atrás dele são enviadas duas mulheres, Meryl Strife e Milly Thompson. Elas trabalham numa companhia de seguros (Bertinelli, acho), e seu chefe mandam-nas acompanhar esse que é conhecido como o Furacão Humano, justamente para evitar que ele cause tantos prejuízos. Há um clichê aí, bem a lá Asterix e Obelix: No caso, Meryl corresponde ao Asterix, e Milly ao Obelix. Vejam que vocês irão entender (elas assemelham-se inclusive na personalidade). Elas conhecem o Vash, mas a fama é tamanha que elas custam a acreditar que aquele louro magrelo meio abobalhado, enfiado num sobretudo vermelho e com um penteado de vassoura, é o causador de tanta ruína. Nem nós acreditamos, a princípio.
Como disse, a história começa bobinha... Ninguém acaba de ver o primeiro episódio acreditando que aquele sujeito consiga fazer tanto estrago, ser tão temido. Ainda mais que, ao longo dos primeiros episódios, vemos que ele tem é um medo danado de ferir alguém, e não há indícios da sua notória habilidade com uma arma. Ele praticamente não usa a sua arma, uma pistola de 6 tiros (com tambor) de tamanho incomum. Só que...
A partir do episódio 5, ele mostra a sua habilidade pela primeira vez, dando um tiro que seria impossível, mostrando uma rapidez de raciocínio incomum e principalmente salvando a vida de algumas pessoas. E quem assiste, começa a respeitar o personagem: "É, ele atira bem mesmo!". Após, surge um novo personagem... Um padre. Mas um padre que fuma, bebe, carrega uma cruz sempre encapada, e que acaba sendo um contraponto nessa loucura que é a vida do Vash. Nicholas Wolfwood, o nome dele. O padre que é 'profano', mas torna-se um companheiro de aventuras do Vash, e da Meryl e Milly também.
Mas, muitas dúvidas surgem na cabeça: Por que sempre esse ambiente de Velho Oeste, com muita areia, sempre seco, poucas árvores? Por que as cidades tem esses nomes esquisitos? O que são essas ruínas próximas às cidades? E o que aconteceu? A virada ocorre a partir do episódio 12, quando um assassino é enviado para matar o Vash, e no fim do episódio, vemos que ele não é tão... Humano assim. Mas não vem ao caso. E, quando ele aparece sem camisa, começamos a ver porque ele é Vash, the Stampede.
As dúvidas começam a desaparecer a partir do episódio 14, e aí começamos a entender muitas coisas, desde a destruição da cidade de July (pelo qual Vash tem sido acusado), até o motivo pelo qual o sobretudo dele é vermelho, ou o cabelo ester sempre em pé. Tudo tem uma explicação. O anime vai tornando-se mais denso, sério, pesado... Até o final, com o fechamento. Em paralelo, no final, o lençol de água encontrado num vilarejo (onde Milly e Meryl estão), trazendo esperança... Para o próprio Vash também. Dispensável dizer que a repulsa de Meryl muda para pena, carinho, afeição... Não vira romance porque a série não dá muito espaço para isso, e também japonês não é lá muito bom para essas coisas: Ou faz da série uma interminável noveleta mexicana (vide Macross), ou avacalha tudo de uma vez (vide Love Hina).
Em resumo, o anime é ótimo, do tipo que vai melhorando ao longo da série. Sim, é cheio de clichês, além das mulheres que já citei: irmão bom, irmão mau, o sujeito que finge ser bom mas é do mal e se arrepende, a idéia do "Paraíso Perdido", misericórdia, piedade, etc, etc, etc... Mas vejam! É um bom divertimento, as cenas de ação são boas, e ao contrário do que parece, a palhaçada fica para trás, ao longo da série, tornando-a mais séria e adulta. Eu gostei.
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