13 agosto 2005

Filosofações: Identidades secretas

Estava lendo uma história, chamada Superman: Identidade Secreta. A história é sensacional, pois parte de uma premissa quase óbvia: Como seria se realmente existisse um Superman no mundo? Como ele seria? Como seria a vida dele? No universo DC, Gotahm City e Metrópolis são cidades da Costa Leste americana, junto com Nova York e Boston. Lex Luthor foi presidente dos EUA, e a humanidade presenciou a destruição por um meteorito de kryptonita. No nosso mundinho legal, nada disso ocorre - ainda bem.

A história contada por Kurt Busiek fala de um rapaz que chama-se Clark Kent. Nasceu no Kansas, mas em Picketsville, não em Smallville. Quer ser escritor, não jornalista. Não gosta das piadinhas com o nome 'popular'... Só que, um dia, num passeio sozinho ao interior, descobre-se ter os mesmos superpoderes que o Clark dos quadrinhos. Ele tem características que o tornam tão humano como nós: quebrou ossos, lascou dente, tirou sangue, essas coisas. Mas é um meta-humano, como dizem na linguagem dos quadrinhos.

Inicialmente resolve se expor. Arruma uma jornalista, mas depois se arrepende, consegue armar um esquema para tirar o foco de cima dele, por mais que as pessoas achem que o Superman é um fantasma.

E aí vem as preocupações dele, com a sua identidade secreta, e o que o Governo norte-americano vai fazer com ela... Ou com ele. Ele estuda, forma-se, torna-se articulista de uma revista em Nova York, escritor... Conhece uma moça. Lois. Sim, Lois. Mas não é Lane, é Chaudarhari. Ela não é jornalista, é decoradora. Apaixonam-se. Namoram, casam-se, tem duas filhas, gêmeas... A história começa na adolescência e termina na terceira idade desse cidadão comum, Clark. Os prêmios, o reconhecimento como escritor, da sua família... Também fala do envolvimento dele com o governo, os serviços que ele fez, para garantir paz para ele e sua família ('nada de assassinatos, política ou coisa assim'), e toda a sua vida, cada vez mais velho, menos forte, sentidos menos afiados, mais... Mortal.

Simplesmente linda, a história. Aqui, as conseqüências exploradas não são de como o mundo lida com um meta-humano, mas sim como um humano que se descobre um meta-humano lida com isso. Segundo a crítica, uma das melhores histórias sobre o mito do Superman já publicadas. O traço ajuda muito, o desenhista (Stuart Immonen) faz um desenho com uma perfeição, que você acredita que ele é real. Não é detalhista como Alex Ross, e em alguns momentos não acho que ele retrate com fidelidade a idade dos personagens (tem horas que uma das filhas do casal parece mais velha que o próprio casal, ou que o Clark continua com a mesma cara jovem aos 57 anos de idade). Mas no geral, é ótimo. Abaixo vão duas capas:




Fiquei pensando sobre um monte de coisas... O final da minissérie (4 partes) o próprio anciâo Clark, mais uma vez em órbita da Terra, vendo o pôr-do-sol, discute com o leitor sobre identidades secretas, e fala:

Posso ter minha identidade secreta, mas... Todos nós não temos? Existem porções nossas as quais poucas pessoas tem acesso. Temos uma parte que chamamos de 'eu'. Temos uma parte que lida com o mundo. Dele vêm as verdadeiras escolhas, e o resto é mera conseqüência. Minha parte decisiva era apenas... Mais espaçosa.

Lembrei das aulas de Psicologia da Educação I, na licenciatura... Sobre o que somos, o que achamos que somos e os que os outros acham que somos. São 3 pessoas distintas, em uma só. Máscaras, coisas que escondemos, até de nós mesmos.

Como somos complicados, nossa! Mas é para se pensar, as identidades secretas que todos cultivamos. Eu, pelo menos, não salto por aí, voando, nem tenho um anel superpoderoso (Se bem que o Lanterna Verde sempre foi dos meta, quem mais me fascinou), mas... Sim, é caso a se pensar: O que pensam de nós? O que nós achamos que somos? O que realmente somos? Talvez isso ajude numa jornada de autodescoberta. Ou não.

O resto das filosofações ficam para depois. Eu estou aproveitando e promovendo a MDTAF no meu HD (Mãe De Todas As Faxinas), logo vou ter um tempinho para pensar... Se sair algo que presta, depois taco aqui.

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