Filosofações: Identidades secretas
Estava lendo uma história, chamada Superman: Identidade Secreta. A história é sensacional, pois parte de uma premissa quase óbvia: Como seria se realmente existisse um Superman no mundo? Como ele seria? Como seria a vida dele? No universo DC, Gotahm City e Metrópolis são cidades da Costa Leste americana, junto com Nova York e Boston. Lex Luthor foi presidente dos EUA, e a humanidade presenciou a destruição por um meteorito de kryptonita. No nosso mundinho legal, nada disso ocorre - ainda bem.
A história contada por Kurt Busiek fala de um rapaz que chama-se Clark Kent. Nasceu no Kansas, mas em Picketsville, não em Smallville. Quer ser escritor, não jornalista. Não gosta das piadinhas com o nome 'popular'... Só que, um dia, num passeio sozinho ao interior, descobre-se ter os mesmos superpoderes que o Clark dos quadrinhos. Ele tem características que o tornam tão humano como nós: quebrou ossos, lascou dente, tirou sangue, essas coisas. Mas é um meta-humano, como dizem na linguagem dos quadrinhos.
Inicialmente resolve se expor. Arruma uma jornalista, mas depois se arrepende, consegue armar um esquema para tirar o foco de cima dele, por mais que as pessoas achem que o Superman é um fantasma.
E aí vem as preocupações dele, com a sua identidade secreta, e o que o Governo norte-americano vai fazer com ela... Ou com ele. Ele estuda, forma-se, torna-se articulista de uma revista em Nova York, escritor... Conhece uma moça. Lois. Sim, Lois. Mas não é Lane, é Chaudarhari. Ela não é jornalista, é decoradora. Apaixonam-se. Namoram, casam-se, tem duas filhas, gêmeas... A história começa na adolescência e termina na terceira idade desse cidadão comum, Clark. Os prêmios, o reconhecimento como escritor, da sua família... Também fala do envolvimento dele com o governo, os serviços que ele fez, para garantir paz para ele e sua família ('nada de assassinatos, política ou coisa assim'), e toda a sua vida, cada vez mais velho, menos forte, sentidos menos afiados, mais... Mortal.
Simplesmente linda, a história. Aqui, as conseqüências exploradas não são de como o mundo lida com um meta-humano, mas sim como um humano que se descobre um meta-humano lida com isso. Segundo a crítica, uma das melhores histórias sobre o mito do Superman já publicadas. O traço ajuda muito, o desenhista (Stuart Immonen) faz um desenho com uma perfeição, que você acredita que ele é real. Não é detalhista como Alex Ross, e em alguns momentos não acho que ele retrate com fidelidade a idade dos personagens (tem horas que uma das filhas do casal parece mais velha que o próprio casal, ou que o Clark continua com a mesma cara jovem aos 57 anos de idade). Mas no geral, é ótimo. Abaixo vão duas capas:
Fiquei pensando sobre um monte de coisas... O final da minissérie (4 partes) o próprio anciâo Clark, mais uma vez em órbita da Terra, vendo o pôr-do-sol, discute com o leitor sobre identidades secretas, e fala:
Lembrei das aulas de Psicologia da Educação I, na licenciatura... Sobre o que somos, o que achamos que somos e os que os outros acham que somos. São 3 pessoas distintas, em uma só. Máscaras, coisas que escondemos, até de nós mesmos.
Como somos complicados, nossa! Mas é para se pensar, as identidades secretas que todos cultivamos. Eu, pelo menos, não salto por aí, voando, nem tenho um anel superpoderoso (Se bem que o Lanterna Verde sempre foi dos meta, quem mais me fascinou), mas... Sim, é caso a se pensar: O que pensam de nós? O que nós achamos que somos? O que realmente somos? Talvez isso ajude numa jornada de autodescoberta. Ou não.
O resto das filosofações ficam para depois. Eu estou aproveitando e promovendo a MDTAF no meu HD (Mãe De Todas As Faxinas), logo vou ter um tempinho para pensar... Se sair algo que presta, depois taco aqui.
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home