E a evolução, como vai?
Estava olhando o Fudebagem, planeta no qual eu faço parte, e topo com um post do meu amigo Parn, no blog dele, falando sobre Design Inteligente, criação x evolução, a velha pendenga.
Eu estava escrevendo esse post como um comentário no blog dele, mas achei que deveria postar aqui, no meu canto da Internet mal-escrito... Vamos lá:
A teoria do design inteligente não é necessariamente criacionista, embora tenha uma "cor divina". Conheço porque eu mesmo já participei de debates Ciência x Fé, já falei e já ouvi, já vi várias apresentações sobre teorias relativas ao início dos tempos, etc e tal. Já vi desde os que crêem na terra plana (até falei por aqui, olha só esse post) até os que crêem em motivações esotéricas, criação por alienígenas... E por aí vai. Existem várias linhas de pensamento, "entre o preto e o branco existem vários tons de cinza".
Eu já li alguns adeptos do Design Inteligente manifestando isso, e repelindo o rótulo criacionista veementemente. Mas eu não sou muito adepto dessa teoria, então deixa pra lá, confesso que não a conheço muito bem para ter uma opinião formada, embora pareça simpática. Tem um livro, acho que é A Caixa Preta de Darwin, de Michael J. Behe, que fala disso (Jorge Zahar Editor, 1997). Vou por esse na lista de leituras.
Acho que seja válido falar na escola sobre Criação. Pronto, meus amigos ateus vão me chamar de retrógrado, bobo, tolo, essas coisas. Calma, guardem as metralhadoras e leiam. Criacionismo é uma teoria, assim como Evolução. Muitos vão pensar: Ah, mas Evolução tem mais lógica! Sim, para os ateus e agnósticos é mais cômodo acreditar na completa casualidade dos fatos, porque se adequa bem ao que eles crêem, e tira a presença de uma inteligência superior como formadora do Universo (seja lá quem for). Mas muitos evolucionistas, ao invés de estudarem o que crêem, aprofundarem-se e serem capazes de argumentar sobre a sua crença (teoria não é comprovada experimentalmente, logo é questão de fé), caem no mesmo erro dos criacionistas literais: Agem pura e simplesmente por fé, sem levar em conta fatos científicos. E com isso, a teoria da evolução é apresentada como lei.
Algumas críticas minhas à Teoria da Evolução:
- Alguns dizem que a existência de água é evidência de vida, tentando justificar a evolução. Mas isso faz tanto sentido quanto dizer que a existência de metal é evidência da presença de um avião. Ter água não prova nada, Marte tem muito gelo, a Lua também tem, e Calixto (uma das luas de Júpiter) é só gelo. E isso prova a existência de vida? Não.
- Um exemplo antigo de furo da Evolução é a migração das aves. Uma gavinha sai do norte do Alasca, e voa até o sul da Patagônia no inverno. Agora, como ela sabe que, a uma certa altitude, existem correntes de ar que ajudam-na nessa viagem, muito maior do que o que eu vou fazer para Jaú, na semana que vem? Memória genética? Há comprovações disso? Eu desconheço.
- Tem a unha do cavalo também... Essa eu não lembro em detalhes, mas mostra uma falha clara da Evolução.
- Uma coisa engraçada é a questão da abiogênese: Aprendemos na escola que não há geração espontânea de vida, que vários provaram que não existe (Pasteur foi o último, que bateu o último prego no caixão da abiogênese). Ué, e dizem que o primeiro organismo unicelular que surgiu na superfície da Terra, há bilhões de anos, surgiu por geração espontânea! Acho que existe uma contradição aí., afinal, coisas não-vivas dão origem a organismos vivos.
- Ah, e porque não temos mais neanderthais, homens de Cro-Magnon, ou evoluções a partir dos chimpanzés? Eu acho que, se existe evolução, ela parou. Porque desde que o mundo é mundo, já deveríamos ter mudanças nos códigos genéticos que temos por aí. Animais, por exemplo, até o homem. Não, X-Men não conta!
Existem outras evidências, mas recomendo a observação dos dois links que coloquei lá embaixo, que achei por acaso.
Aí entra a questão da fé. Alguém já viu um átomo? Não, mas no 4o ciclo do ensino fundamental (antigas 7a e 8a séries) a gente aprende que toda matéria é feita de átomos, que são feitos de elétrons, prótons e nêutrons. Inicialmente era uma questão de fé, única e simplesmente. Mas hoje em dia temos provas irrefutáveis da sua validade, assim como da Teoria Geral da Relatividade.
Acho um erro descartarem o criacionismo como teoria. Tem tanta validade quanto o evolucionismo. Afinal, e se o Universo veio escorrendo do nariz de um Megarresfriadon? O mundo vai acabar na chegada do Grande Lenço Branco... Mas daí impô-lo, como fizeram no Kansas, é absurdo. Qualquer imposição é um crime contra a educação, e contra aqueles que aprendem. As duas tem que ser apresentadas como teorias, não uma como lei e outra como "história da carochinha" (lembre-se do Lenço Branco...).
Lembremos que o homem é um ser religioso. Mesmo o ateísmo é uma questão de fé. Fé na não-existência de Deus. Você não pode provar matematicamente que Deus existe (embora um amigo MSXzeiro e fudeba diga que possa), mas também não pode provar que ele não existe. Não é por acaso que o Supremo Tribunal norte-americano declarou num caso julgado há alguns anos, que o humanismo secular é uma religião sem Deus. Mesmo os agnósticos, ateus ou quem mais seja, crêem em algo: "I need something to believe in" (aquela música do Poison, glam-rock chulé dos anos 80).
Antes que os evolucionistas me malhem, existem respostas também que a Teoria da Criação não dá, como o polegar do panda (criacionismo literal, bem explicado). Nenhuma é perfeita e completa, embora eu ache que acreditar na Evolução é, para mim, tornar-me um adorador do deus chamado Acaso (a probabilidade de tudo vir do acaso é a mesma de que jogar uma bomba num ferro velho e de lá sair um Boeing 747 - Fred Hoyle, matemático e físico estadunidense).
Gostaria de ver debates saudáveis, entre evolucionistas e criacionistas, apresentando suas posições, e não ver um malhando o outro. Mas isso é difícil, vivemos uma ditadura do fundamentalismo secular, imposta por gente como os "pensadores" da imprensa (mais fortemente a paulistana) e o "senso comum" de vários outros, ridicularizando quem diverge deles. Isso não é debate, é briga religiosa.
Agora, eu não entendo porque cientista tem que ser ateu, na concepção de muitos. Kepler, Copérnico, Galileu, Newton, Pasteur e tantos outros eram cristãos. Einstein era teísta (cria em Deus, mas não nas religiões). Existem vários outros que são muçulmanos, hindus, budistas ou que, de alguma forma crêem numa inteligência superior. Qual é o problema? Por que essa dissociação? O divórcio que impõem entre ciência e fé é um erro: Ciência cuida do como. Fé cuida do porquê. São visões complementares, não antagônicas. A ciência não é omnicompetente, nem a fé tem todas as respostas.
Finalmente, eu sou criacionista, mas não como os literais (7 dias de 24 horas, dilúvio universal, etc). Já estudei muuuuito sobre isso, já li e pensei muito, para tomar uma posição, e hoje sou criacionista não-literal, um pouco evolucionista em alguns pontos, e creio no Big-Bang (E disse Deus: Faça-se a luz. BANG!). Mas, se alguém daqui que estiver lendo, quiser papear sobre isso (quem sabe, o debate de nível que eu pedi acima), teremos tempo em Jaú, no outro final de semana, entre um guaraná e outro, hehehe!
Por último, dois links que eu gostei de ter lido:
- Observatório da Imprensa: Desnudando Darwin: ciência ou ideologia?
- CRIACIONISMO BÍBLICO - Súmula dos Principais Fundamentos Teológicos e Científicos
PS: Galileu Galilei foi condenado pela Igreja, mas com o aval dos cientistas da época, que unanimemente acreditava ser a Terra o centro do Universo. Dose, né?
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