Um dia de cão
Hoje, dia 20 de dezembro de 2005, será marcado na minha agenda pessoal como um dia de cão na minha vida. Hoje deu tudo errado, tudo desandou, as coisas foram de mal a pior... Quer ver o porquê? Lá vai a lista, em ordem cronológica:
- Conexão do Velox fora do ar, lá vou eu testar placas de rede, cabos, etc., até ligar para o sistema para saber que o reparo ainda levaria 1 hora pelo menos. Nisso era início da madrugada, tenho metade da máquina desmontada, remonto... "Logo hoje, que eu precisava lançar logo as notas...". Bem, a minha intenção era lançar tudo naquele dia mesmo, e adiantar o meu lado. Nada, conexão fora até as 2 da manhã. Paciência, arrumo os diários, lanço na minha planilha de controle e vou dormir.
- Ainda no lançamento na minha planilha, cometo uma gafe e perco o que tinha lançado. Bem, lanço de novo, é o jeito. E lá se vai mais um tempo refazendo o trabalho.
- De manhã, acordo umas 8 da manhã para me preparar para ir à escola, sendo esse o último dia que pretendo ir em 2005. Vou verificar, temos Velox conectando, vou lançar. Faço o lançamento de uma faculdade. Na outra, aproveito para consertar algumas notas que estão esquisitas, presenças... E o sistema me impede de lançar a prova final. Problemas, penso. Lanço de noite, pessoalmente.
- Saio de casa atrasado pra Quintino, só que reparo, tem mais barbeiragem ocorrendo na minha frente que o de costume: Normalmente são 2 ou 3, mas eu presencio umas 5 ou 6. Desde o idiota que corta devagarinho na contramão para fingir que ninguém notou (só eu e minha buzina), até a senhora abusada que larga o carro no meio do cruzamento, querendo entrar... E eu passando! Deve ser a lua, pensei.
- Chego na escola, vemos a lista: Arrumação da sala da rede (bagunça de 1 ano a ser colocada em ordem), e lembro que ainda preciso encher o tanque do carro, ir a São Gonçalo e a Madureira entregar diários e notas. Diazinho cheio será esse. Eu mal sabia... Volta o meu xará da cerimônia de formatura, diz que vai embora para estudar para a prova de noite (ele, administrador de redes, ficou em final de... Redes!), e pede para a gente fazer o trabalho que também é dele, porque ele tem prova... Ah, gracinha! Eu ralho com ele, digo que também estou cheio de coisas para fazer, e ele, a contragosto resolve almoçar conosco para conversarmos algumas coisas depois.
- Depois do almoço, de ter mexido em um monte de CDs, disquetes, arrumado um monte de coisas e jogado um bocado de papel fora (como uma pilha com 5 dedos de altura), Marcelo pede-me para ajudar a copiar os dados de um HD Fujitsu (tá em NTFS) para um Seagate (q tá em FAT32). Faço via Linux, o bicho rateia mas vai.
- Volto para a sala da rede, para o grande problema do fim de ano: A instalação e configuração do Miolo e do GNUTeca, num computador para a biblioteca da escola. A idéia é usar o dito cujo para cadastrar os alunos e o acervo da biblioteca, e torná-lo facilmente acessível, integrado (podendo ser consultado de qualquer canto da rede), essas coisas. Acontece que o Gnuteca e o Miolo são nacionais, software livre escrito em PHP usando PostgreSQL, conceituado (as próprias bibliotecárias pediram-no)... E com uma documentação pessimamente escrita. Eu, que não sei NADA de banco de dados, já viu, começou a luta. E de um lado, eu, auxiliado por um MSXzeiro que apareceu no meu ICQ e manja um pouco de SQL (muito obrigado, Junix). Do outro, o Miolo, tal qual esfinge, dizendo: Instala-me ou te devoro. E a coisa só andava para os lados, e nunca para a frente. Tá certo que os scripts de instalação são piores do que eu pensava, mas não imaginavam que eram tão ruins.
- Ainda ocorreram algumas amenidades, como um telefonema dos meus pais dizendo que estavam saindo de Campos do Jordão (eram 14:15), conversa com um professor antigo da escola, nada de pavoroso. Finalizo a máquina do Marcelo, ele me faz voltar lá para apagar alguns dados "confidenciais" dele que estavam no meu HD (e que viria para aqui para casa). Ou seja, tive que ligar tudo de novo só para fazer um rm -rf.
- O Edson Pereira (sucoship), amigo da turma do MSX aparece no MSN, conversamos... Ele não vai na comemoração de fim de ano: quebrou a perna jogando futebol com os amigos, no domingo. Está com a perna para o alto, vai por bota ortopédica e tudo, quase teve que operar. Puxa, e eu pensando que MSXzeiro só jogava Konami's Soccer.
- Vem o diretor, pedir sobre o computador da biblioteca, eu explico tudo, meus problemas... Ele não entende muito mas pede para resolver logo. Vem a bibliotecária pedir um arquivo do computador deles... E aí, depois de muito futucar, descubro que por um erro de comunicação nosso, o diretório onde estava o backup da máquina da biblioteca (que não foi restaurado)foi apagado. E lá se foi acervo, cadastro de alunos, tudo. A bibliotecária quase chora do meu lado. E eu pensando: Agora f... Normalmente jogam o backup lá e falam: Ah, deixa aí... Só que eu já peguei três backups iguais de máquinas da escola, e um monte de coisas que deveriam ser apagadas. Fui lá, apaguei... Só que não restauraram o backup.
- Enquanto tento entender como funciona o esquema Miolo + Gnuteca (e sua falta de documentação), meus cabelos brancos enbranquecem com o problema anterior (o acervo deveria ter sido enviado para a FAETEC ainda esse ano) e toca o telefone. É o Major Edgar Chagas, do escritório regional do Exército de Salvação no Rio de Janeiro. Eu estou arrumando um serviço porco que fizeram por lá, refazendo o servidor e reinstalando os clientes, mas ainda faltam algumas coisas (como o servidor LDAP slave). Converso um pouco, explico o que fiz no sábado (saí às 23 hs de lá), prometo que irei amanhã (4a, 21/12) lá para resolver, com a ajuda preciosa de um amigo para tentar terminar tudo. Nesse meio-tempo, a coordenadora fala comigo que o diretor de pessoal da escola quer ter uma reunião comigo, e já ligou 2x para ela, pedindo a minha presença rapidamente no gabinete dele. Vou para lá, tratar com um sujeito que consegue ser grosso sem subir o tom da voz. Imaginem. Sim, ele dá medo, até nos colegas de trabalho. E lá vou eu, esperando a tortura. Eram 18 hs.
- Sento, converso com ele e mais dois diretores, explico a situação, falo que vai ser difícil recuperar os arquivos (na verdade é impossível), mas que vou ver o que posso fazer. Volto arrasado às 18:30, triste por ter causado esse problema com a nossa falta de comunicação (tudo isso no último dia de trabalho), com meu telefone tocando. Alexandre Brasil Fonseca, secretário nacional adjunto da ABU, para falar comigo do Missão 2006, e de que não tem nada de apoio à rede para uso do congresso, para ver o que eu consigo. Lembro de um hub meu, alguma coisa de cabo de rede... "Vou ter que voltar na escola para pegar o hub", penso. Cai a ligação. Droga, vou ter que ligar para o Alexandre de novo, depois.
- Começa a chover horrorosamente na escola. Chuva, vento... E eu, ainda quebrando pedra. Até que consigo criar as bases de dados, e rodar tudo na mão. Os scripts dele não funcionam, credo. Ótimo, Miolo e Gnuteca rodando! Finalmente, uma vitória! Edito o menu à esquerda, coloco um HTMLzinho com um help bobão... Não consegui descobrir ainda como trocar a senha de usuário. Chega o diretor de pessoal. Explico tudo a ele, que anota num papel e diz que montará a máquina para as bibliotecárias recomeçarem o trabalho imediatamente, já no novo programa.
- Já são 20 hs. Ligo para os meus pais, para avisar da chuva, e eles já estão chegando em casa. Queria ter dado uma limpeza rápida na casa, arrumado algumas coisas que deixei fora do lugar, comprado algo para eles comerem. E nem regar as plantas eu reguei hoje... Droga.
- Ligo para São Gonçalo, o problema do lançamento de notas é no sistema, a empresa contratada para fazê-lo está resolvendo o problema. Quem mandou não usarem uma solução como o SAGU, ou outra integrada? Problema não é meu, mas terei que ir lá só na 5a-feira para passar a régua e fechar a conta.
- Com tudo a princípio pronto, temos um pico de luz. Os servidores aguentam bem, 2 máquinas páram com crise no HD. Lá vou eu desligar e religar, examinar BIOS, etc. Entra tudo de novo. Programo os servidores para desligarem dia 31/12 (só deixando o gateway ligado), e vou-me embora, finalmente, mas não sem antes acertar o ponto.
- Finalmente saio da escola às 20:20, para ir na Cidade fazer o fechamento. Muita chuva, trânsito lento e chato... Junta a isso o meu cansaço, fome, raiva... Estaciono o carro e subo para a sala dos professores.
- Estou lá esperando o atendimento, e entra pela sala dos professores o aluno mais chato que tive nesse período. Um aluno que, quando eu ia tirar dúvida na prova, eu começava a explicar e ele respondia rispidamente: Calma aí. Mais de uma vez olhei feio para ele e respondi, também rispidamente: Eu estou calmo (por enquanto - isso saía em pensamento). Pior, o chatonildo estava me procurando para ver prova, nota, pedir ponto, etc. O cara passa do meu lado umas 3x, não me vê, mas pergunta por mim. Fala com o apoio docente, que diz que não é o meu dia na unidade, etc... Até que nota que eu estou ali, e pergunta: Oi professor, tudo bem?. Eu respondo: Sinceramente? Não. Mas fala, o que você manda?.
- E vai ver prova, vai chorar ponto agora da Segunda Chamada, quer ver VS, pergunta, pede ponto (ele precisava de 7,0, ficou c/ 5,75), tenta negociar... Nada. Aposto que terei algum mané que irá pedir revisão da prova. Eu terei que ir lá, ver a prova, assinar um documento e dizer: Nada a alterar na presente nota. Senão abaixar a nota do pilantra.
- Faço o lançamento, entrego tudo, vamos embora. Despeço-me do apoio docente, eram 21 hs. Vou pegar meu carro, e o trânsito pára. Muita chuva. Percurso de 3 minutos feito em 20. Encho o tanque, perdi um dado de controle de combustivel no meu controle do Palm, tenho que arrumar no meu controle do carro. Chego em casa às 21:30, com tudo ainda meio bagunçado, e nada finalizado.
Foi ou não foi um dia infernal? Quem concorda, levanta a mão. Eu só não espero passar por outro dia assim em pelo menos uns 800 anos. Se eu não fosse quem eu sou, confesso, tomaria um banho de sal grosso.
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