23 março 2008

Tênis AllStar, referência de várias gerações

Muitos escritores de fossa tem a chamada "dor criativa", que compõem textos no mais profundo da fossa, e dali traçam linhas e emendam letras com uma capacidade impressionante. Eu mesmo já fiz isso. Hoje, entanto, venho também evocar dessa "dor criativa" para falar... Do tênis All-Star.

Há algum tempo queria escrever sobre esses pedaços de pano e borracha que são eternos na mente de quem gosta deles... Mas eles sabem o momento de fazer-se lembrados pelos seus donos, e é quando você começa a usá-los. Quem tem um All-Star (besteira, quem da minha geração não tem/teve um All-Star?) sabe que o All-Star é um tênis com personalidade, arisco, que necessita ser "domado". E isso ocorre quando você começa a usá-lo. O que demora um pouco, visto que até o seu pé amolecê-lo, e você mostrar quem manda, ainda incomoda. Depois que ele sabe quem é o chefe, é só alegria.

Estou no meu 4o All-Star, mas não lembro se nos anos 80 eu tive All-Stars. Acho que não, eu era mais conservador nas minhas vestimentas do que eu gosto de lembrar. Mas meu irmão teve um de cano alto. Eta coisa esquisita! Para calçar e tirar era um inferno. Os All-Stars são marcas de várias gerações, e da minha, que viveu intensamente os simpáticos anos 80, lembram das cores esdrúxulas, como laranja brilhosa, verde abacate e roxo, entre outras mais clássicas. Se eu entendi bem, depois de ter sumido um bom tempo das prateleiras, a Converse adquiriu os direitos de produção no Brasil, e tem colocado vários modelos na praça, não só os mais conhecidos (e baratos).

Ele não é só o tênis da minha geração, mas continua sendo um tênis presente de geração em geração. Como os Porsche 911, o rock and roll e a minissaia, são do passado e continuam atuais. Como disse outro dia um funcionário da escola, pelo menos 11 anos mais novo do que eu: "Ah, eu só tenho All-Star. Se molhar o pé, molhou". E ele tinha ido jogar paintball conosco, depois de uma semana chuvosa. Imaginem o lamaçal...

Em tempo: o 3o ainda está aqui, e é "usável", para desespero da minha esposa, que quer que eu me livre dele a todo custo: "Não lindinha, só quando a sola furar". E o bravo tênis ainda resiste. E resistem mesmo! Como disse-me um aluno certa vez: "É professor, All-Star bom é All-Star sujo!". Ou então: "O ideal é, depois de lavá-lo, emprestar ele para um amigo seu ir jogar bola, e devolvê-lo todo sujo e usado". Logo, melhor conservá-lo sujismundo mesmo. Se eu usasse mais o Orkut, eu iria procurar uma comunidade dos "amigos do All-Star".

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