23 março 2008

"Coronel, isso vai dar m..."

Nota: Escavando o meu HD, achei alguns textos que redigi para por no blog, mas por diversos motivos (esquecimento é o mais forte deles), não coloquei. Logo, coloco agora o primeiro deles. E segue a programação normal.

Finalmente assisti Tropa de Elite. Demorei por diversos motivos, mas não era porque não queria ver o filme. Afinal, há anos um filme nacional não atrai tanta polêmica, com críticas favoráveis e desfavoráveis, e justamente de pessoas por quem eu tenho respeito. Claro que a minha curiosidade estava atiçada, e, entre outras coisas, queria ver como o Wagner Moura interpretou o autor de frases que já estão eternizadas na memória coletiva do povo brasileiro, como "05, traz o saco!".

Pois é, vi. E vale dizer, adorei o filme. Gostei muito, um dos melhores filmes que vi no ano. Não vou narrar a história, mesmo porque alguns de vocês já devem tê-lo visto mais de uma vez (um ex-aluno da minha escola já assistiu 6 vezes), mas queria deter-me em alguns comentários:

  1. A polícia reclamou do filme, queria evitar que o filme saísse, mas na minha opinião, ao contrário, Tropa de Elite lava a alma da polícia. Mostra a corrupção, que sabemos que tem. Do comandante do batalhão ao guarda de trânsito ("voa aqui, ô marimbondo!"), vemos isso, bem escancarado. Mas mostra também policiais honestos e corretos, como o Neto e o Matias, que fazem o que fazem por vocação, por gosto, porque gostam de ser policiais. E não são só dois policiais, tem muitos como eles, que querem fazer a coisa certa. Tenho um amigo que teve uma má experiência com policiais recentemente (*), e diz que não confia mais em policial nenhum. Eu não sou tão taxativo, mas sei que tem gente boa na polícia, como em qualquer profissão. Não precisa ir muito longe: Certa vez ouvi um professor lá na escola dizendo que pegava aula aos sábados sempre. Aí, ele faltava 3 e trabalhava 1, gozando do direito (que caiu) de 3 faltas por mês. Isso na minha terra chama-se canalhice.
  2. Ao mesmo tempo, o filme expõe a hipocrisia da classe média-alta, que vai para as ruas fazer passeata "pela paz", mas quem alimenta o tráfico (com maconha sendo revendida em faculdades) é esse próprio público, que critica a polícia, mas que acha que "dar um tapinha" não faz mal, é só para consumo próprio... Outro dia ouvi a atriz Cássia Kiss assumindo publicamente que foi usuária de maconha por anos a fio, e dizendo que os lapsos de memória que ela tem hoje em dia são causados pelo uso prolongado da cannabis. E ainda querem liberar as drogas... É bom ouvir que o Capitão Nascimento faz coro com a minha repulsa a essas passeatas tolas e sem sentido, tal qual a do "Cansei!", que não serviu para absolutamente NADA.
  3. O Capitão Nascimento não é um super-homem. Como todo "herói" amargurado, tem problemas em casa. A esposa sai de casa com o filho recém-nascido, e ele fica sozinho. É... Desde o Tenente (e futuro Comissário) James Gordon, de Gotham City, em Batman:Ano Um, isso é recorrente. Clichezão. O treinamento, também é. Mas que é maneiro, é! Qualquer um que viu o Bruce Willis destruindo tudo na série "Duro de Matar" (**), já viu policial se ferrando a mil. Mas o Capitão Nascimento é o novo herói nacional. Com direito a problemas familiares.
E não tem jeito, é o maior sucesso de crítica do cinema brasileiro recentemente. Os atores estão ótimos (o Matias está um pouco fraco), e fiquei particularmente impressionado com o Capitão Fábio (Milhem Cortaz), como ele soa carioca... Sendo que ele é paulista, tendo morado na Itália e tudo. Foi curioso também ver o Caio Junqueira como Neto, e rever uns episódios de Armação Ilimitada, onde ele aparece criança, como um colega do Bacana (Jonas Torres). O filme é desbocado, violento, forte... Mas é muito bom, gostei muito.


(*) Bateram no carro dele, e a causadora do acidente era amiga dos policiais da área. Eles queriam que ele assumisse a autoria da batida, porque ele tinha seguro. Isso é caso para a Corregedoria.

(**) Vi toda a série de novo, só me falta rever o 4o filme (assisti o 1o legendado pela 1a vez na vida).

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