29 setembro 2006

Enterro do seu Alfredo

Antes, eu acho que não falei a doideira que foi semana passada. Na segunda, meu pai internou para fazer uma pequena cirurgia: A próstata dele cresceu um pouquinho demais, para dentro, e obstruiu a uretra. O serviço do médico foi colocar uma lima e abrir espaço. Logo, 2 dias de hospital, e até agora, nada de direção, pegar peso, evitar subir escada, etc. Meu irmão teve um problema com o carro dele (princípio de incêndio - mas não foi semana passada), e embarcou para a plataforma na terça última. Minha mãe não dirige, e começou a ter dores no rim direito. Parece que a "areia" no rim dela (oxalato de cálcio, que não vira cálculo renal) resolveu incomodar. E na 6a, meu avô baixa o hospital.

É triste, mas é necessário, e precisamos colocar o meu avô no seu destino final. "Pedra, cal e cimento!", ele dizia há tempos, batendo no peito. É, pelo visto a pedra estragou, o cimento foi-se, e caiu tudo... Ainda bem que minha avó convenceu a ele a pagar por um jazigo no Jardim da Saudade, e eles resolveram tudo. Semana que vem eu vou na casa da minha avó, para que ela assine duas autorizações, para que possamos pegar a certidão de óbito.

Pois é, falando de enterro... 6 da manhã, a gente de pé, vamos para o cemitério, que é perto, cerca de 5 km daqui. Chegamos, abre-se a capela, e contemplo a... "Visão". Meu avô ficou um velho feio, no fim da vida. Sem dentadura, e sem o costumeiro bigode, ficou esquisito... Bem, vamos lá. Minha avó chega, acompanhada da sobrinha (Clélia), e do filho dela (Ulisses), quase às 8. Depois chegam duas tias minhas (irmãs da minha mãe - Nina e Olga), e um tio meu. Caramba, tio Lino descambou de ônibus, lá de Botafogo, para Jardim Sulacap! Nossa, que bacana. Também vem um amigo do meu pai (Aluísio), dos tempos de Furnas. O Juca acabou chegando no final de tudo, por conta de engarrafamento. O casal de pastores da minha igreja também veio, em consideração a nós. Foram muito simpáticos com todos. Um vizinho deles (seu Raul), um senhor que foi colega de infância do meu pai (José Carlos)... E acho que não tivemos mais ninguém.

Não tínhamos muitas pessoas a chamar para o enterro. Da turma do meu avô, todo mundo já faleceu. Ele foi o último da fila. A irmã mais velha dele já morreu também, e acho que o irmão mais novo também. Uma sobrinha não foi avisada, por esquecimento da minha avó. Outra sobrinha (que é médica) estava presa em Macaé, dando curso na Petrobrás, não dava. Meu irmão está ilhado, no meio do mar, numa plataforma, trabalhando, não podia sair. Meu pai correu atrás de várias pessoas, avisou a vizinhança, que sempre perguntava por ele. Eu fiz o que pude, que foi mandar um email para muita gente, comunicando do fato. Tive 15 emails de consolo, e um telefonema. Muito obrigado, gente! Quase não mandei o email, pois
achava que não havia necessidade. Mas minha mãe aconselhou a enviar, pois era a primeira vez que eu passava por algo assim tão "de perto"... Tá, minha avó materna faleceu e eu fui ao enterro, lá no Jardim da Saudade mesmo... Mas eu tinha 9 anos! Eu não lembro muita coisa, mas lembro de tocado, no pistom, o Toque de Despedida, junto com outras pessoas. Ou foi aquele cântico que dna. Ana gostava? Não lembro mais.

Meu pai deixou algumas palavras. Meu avô não professava nenhuma fé, minha avó é adepta de uma seita oriental. Mas meu pai, como cristão e filho, resolveu dirigir algumas palavras de consolo. Citou um versículo da Bíblia (João 14:6), e falou muito bem. Depois, o capitão Salvador (o nome dele é Salvador, e na minha igreja, pastor é capitão... Longa história) fez uma oração. Mesmo que minha avó não tenha gostado, era direito dele, como filho. E mandou muito bem.

O curioso é que, num momento desses, a gente vê pessoas que não vemos faz tempo: "Ih, como ela envelheceu..." "Nossa, ele mudou..." "Puxa, continua o mesmo!". Sentimentos positivos e negativos. Acabei também descobrindo que um dos amigos do meu pai virou gourmet, está fazendo cursos de culinária, e que plantação de amoras e framboesas dá dinheiro, mas é muito trabalhoso. Atravessadores ganham muito dinheiro com a agricultura dos outros, e que as memórias de computador estão oscilando demais nos preços.

E foi isso. No final deixei meus pais em casa (já que meu pai não está podendo dirigir), e rumei para seguir o meu dia, de trabalho. Aqui tá todo mundo calmo, e muito tranqüilo. Agora, é acertar tudo (INSS, banco, etc), a divisão do espólio (as ferramentas dele, as raquetes de badminton, a maquete de ferreomodelismo, as roupas, etc), e tocar em frente.

PS: Como disse, ficam as boas lembranças. E meu avô é 50% responsável por eu ter tido contato com o MSX! Ele e meu pai compraram, em 1986, uma TV, um Expert 1.0 e um gravador K7, mais dois joysticks, e deram a mim e ao Fabio de presente. Logo, vale um agradecimento, pela parcela de culpa dele no início do "vício" do neto. Ehê!

PS 2: E, embora ele não conhecia, vale dedicar essa música aqui, para ele: "Lie In Our Graves", do Dave Matthews Band. Acho que encaixa bem com o velho Alfredo.

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