24 dezembro 2013

F-X2: Perguntas, respostas, opiniões... Parte 5: O Boeing (McDonnell Douglas) F/A-18E/F Super Hornet.

Ah, o F/A-18E/F Super Hornet... Haja codinome, não? O "Vespão" é um tremendo de um caça, talvez o primeiro caça multi-função da história. Sempre achei ele espetacular. De todos os que falei, talvez seja o caça de projeto mais antigo, mas não quer dizer que seja menos eficiente ou letal. O F/A-18, produzido pela McDonnell Douglas (posteriormente comprada pela Boeing) é um avião que faz o papel de caça e de ataque ao solo (Fighter e Attack).




Na verdade, o Super Hornet é uma variação modificada (e melhorada) do Hornet, então vamos falar um pouco da sua história... O desenvolvimento do Hornet começou em meados dos anos 1970, quando a Marinha americana queria um avião de baixo custo e multifuncional, para substituir os "galos de briga" A-4 SkyHawk. O F-18, curiosamente, foi baseado no YF-17 Cobra. Este era uma proposta de caça feita á Força Aérea americana, e que perdeu para o F-16 Fighting Falcon. O F-16 não era uma boa opção para operar no mar (não era robusto o bastante), e daí, com base no YF-17 (Y significa protótipo), nasceu o F/A-18 Hornet.

Logo, o Hornet tornou-se o principal avião de caça e ataque da Marinha americana, enquanto os F-14 Tomcat faziam a defesa da frota (o tempo verbal está certo, os F-14 foram desativados). Como ele pode operar como interceptador de curto alcance, defesa, ataque marítimo-terrestre e reconhecimento, tornou-se um "faz-tudo". Como é muito manobrável, tornou-se um ótimo caça para dogfight (combates a curta distância).

Armamentos:
  • Míssil de médio alcance ar-ar AIM-120 AMRAAM (fire-forget);
  • Míssil de curto alcance orientado por calor AIM-9 Sidewinder;
  • Míssil de médio alcance orientado por calor AIM-7 Sparrow;
  • Míssil ar-terra AGM-65 Maverick (usado principalmente contra veículos de solo blindados;
  • Canhão Vulcan de 20 mm.
 Alguns dados sobre o Hornet:

  • Entrou em serviço em 1983.
  • 17 m de comprimento e 11,43m de envergadura.
  • Olhe só a cauda do Hornet, as duas derivas não são perpendiculares ao solo.
  • Peso máximo de 25 mil kg na decolagem.
  • Velocidade máxima de Mach 1,8.
  • Decola de porta-aviões. Logo, as asas se dobram, e é lançado por uma catapulta.
Mas, então porque existe esse "Super" Vespão? O Super Hornet é uma variante modificada e melhorada do Hornet. Ele é cerca de 20% maior, pesa vazio cerca de 3 toneladas a mais e, carregado, é 7 toneladas mais pesado do que o Hornet. Carrega 33% a mais de combustível, com alcance 41% superior e persistência em combate 50% maior. Tá bom ou quer mais?

Por que então o Super Hornet? Hmm... Lembra que eu falei ali em cima da saída dos F-14 Tomcat (nesse momento, alguém toca a música-tema de Top Gun...) da linha de frente? Então, o Super Hornet entrou para substituir os aviões da Grumman, dado o custo elevado para mantê-lo. Esta foi uma proposta da McDonnell Douglas (comprada pela Boeing) que acabou colando. Na prática, é o mesmo avião, mas na teoria, o fabricante vê ambos como aviões diferentes.

Acaba sendo melhor para a Marinha americana padronizar com um tipo de avião (o F/A-18) nos seus porta-aviões, reduzindo custos em diversos campos. Afinal, o trem de pouso de um Hornet deve ser o mesmo de um Super Hornet, só que mais reforçado por causa do peso.

Outras funções que o Super Hornet executa são as de guerra eletrônica e ataque. Dessa forma, ele substitui o A-6 Intruder (veterano do Vietnã) e sua variante para ECM, o EA-6B Prowler (os F/A-18 que fazem isto são chamados EA-18G Growler). Ah, ele também pode ter uma variante capaz de executar reabastecimento em pleno vôo. Sim, um Super Hornet pode voar com vários tanques de combustível adicionais, e reabastecer outros Hornets. Louco, não?

Ou seja... É um avião bem capaz. Vamos a alguns fatos:
  • Voltando ao mesmo método de avaliação de sucesso ou fracasso em termos de vendas, o F/A-18 é operado amplamente pelos EUA (na sua Marinha e pelos Fuzileiros) e pela Austrália, Canadá, Finlândia, Kuwait, Malásia, Espanha, e Suíça. Quanto ao Super Hornet, apenas EUA e Austrália o operam. Logo, é um avião comercialmente bem-sucedido.
  • O custo de cada Hornet está entre 29 e 57 milhões de dólares. Ou seja, uma variação bem grande (e é claro que o Super Hornet é mais caro, né?)
  • A sua manobrabilidade vez com que seja o caça escolhido para integrar o equipe de acrobacias da Marinha americana, os Blue Angels. Aqui no Brasil, a Esquadrilha da Fumaça é toda com aviões Super Tucano.
  • O Super Hornet estará em funcionamento ainda por muito tempo, convivendo com os F-35 nos porta-aviões americanos, e com os Hornets "padrão". Logo, ainda tem muito combustível para queimar.
  • O programa F-X2 motivou inclusive a Boeing a estabelecer uma subsidiária da empresa no Brasil, sendo dirigida por uma ex-diplomata americana, Donna Hrinak, que disse "Vendendo ou não os 36 caças, continuaremos aqui." Ou seja, o Brasil tornou-se algo além de um mercado para a gigante aeroespacial americana.
  • A proposta dos americanos no programa F-X2 foi surpreendente, visto que nunca uma empresa americana do ramo de defesa se sujeitou a aceitar essa exigência. Bob Gower, vice-presidente para a linha de produtos F/A-18 dentro da divisão Global Strike Systems da Boeing, falou que a transferência de tecnologia para a FAB seria completa, com a abertura de todos os sistemas de armamentos. Isso facilitaria o uso de armamentos não-americanos, e a constante atualização e manutenção das aeronaves.
  • A venda foi aprovada pelo Congresso americano (deputados e senadores), inclusive com o apoio favorável da oposição republicana. Afinal, é algo muito sério, e os EUA mostraram muita preocupação em estabelecer uma parceria com o Brasil. Ainda mais agora, que o Brasil começa a criar asas e voar para longe dos ianques... Diplomaticamente e politicamente falando. Como exemplo, lembrem-se que o presidente Barack Obama veio ao Brasil logo no início do mandato da presidente Dilma Rousseff. Isto é algo inédito, visto que sempre o presidente brasileiro faz a primeira visita. Agora não, o presidente americano é que veio primeiro. Pode parecer pouco, mas reitero: Isto é algo inédito. 
  • A Boeing tem parcerias com a Embraer, e interesse em investir em biocombustíveis para aviação, vislumbrando inclusive uma fábrica em solo pátrio.
  • Mas o Brasil queria mais, e também montar partes do caça em solo pátrio. Pelo visto, isso é mais complicado, e por conta disso, a proposta da Boeing foi a pior.
  • Os pilotos da FAB, independente de ideologia, preferiam o Super Hornet, por ser um avião que já provou seu valor em combate várias vezes ao redor do mundo. 
  • É bem plausível supor que o F/A-18 Super Hornet seja, de todos os concorrentes do programa F-X2, o mais versátil de todos: Ataque ao solo, reconhecimento, guerra eletrônica, caça, interceptador... Esse assobia, chupa cana e anda de monociclo, com um pé nas costas.
  • Até onde sei, o pós-venda americano é bom e eficiente.
  • O escândalo de espionagem dos EUA em relação ao Brasil fez do Super Hornet a sua primeira vítima. Há quem diga que a presidente Dilma Rousseff manifestou preferência pelo caça americano, mas devido ao escândalo, deu tudo pra trás. E não é sem motivo. Logo, a presidente Dilma Rousseff não viajou aos EUA em outubro de 2013, o Super Hornet foi jogado para trás, e acabamos pegando o Gripen NG.
Honestamente? O Super Hornet  é um tremendo avião, e a FAB estaria muito bem servida com ele, se o Brasil não tivesse pretensões de usar o programa F-X2 para alavancar um renascimento da indústria de defesa do Brasil. Se fôssemos apenas operar os aviões, talvez os Super Hornet sejam a melhor opção. Mas como temos pretensões de não sermos apenas usuários, mas também participantes, fabricantes e ... Então não rola.

No próximo post, falo do vencedor, o Saab Gripen NG.

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