"Vamos ser amigos?"
Esse é mais um dos meus textos, escritos há tempos imemoriais e decidi compartilhar com os meus 21 leitores diários. Claro, essa é uma versão Revista, Atualizada, Segundo Os Melhores Textos. Lá vai:
Música incidental para esse post: Te Ver, do Skank. Ah, peguem a letra, se quiserem ler. Recomendo.
Há não muito tempo passei por uma experiência perturbadora para qualquer homem: A gente está se aproximando de uma mulher, que é atraente, bom papo, cabeça jóia, cheia de predicados. Tipo da pessoa realmente bacana, inteligente, muito diálogo. Você se encanta pelo jeito, pelos gostos, pelo cheiro dela. Você é cavalheiro, simpático, bem-humorado, e decide batalhar por aquele coração. Daí, depois de uma bela conversa, onde você está "crente que está abafando..." Ela deixa claro (seja em palavras diretas ou indiretas) que quer você como amigo (com direito à piscadas para garantir a ênfase).
E seu mundo vai ao chão, como o último castelo de areia feito na linha da maré da praia.
Você acha dramático? É, quando acontecer com você, irás dar-me razão. Eu já ouvi isso na minha vida um número de vezes o bastante para odiar essa expressão. Hoje em dia, odeio mais do que ser chamado de frouxo. A sensação que gera é que "eu até que sirvo mas nunca serei bom o bastante", como que "para amigo ele serve, e só". E os sentimentos que isso geram?
Eu, pelo menos, em alguns casos, já oscilei da tristeza ("Ela não me quer"), para a dúvida ("o que foi que eu fiz de errado", "por que não eu", "Qual é o meu problema?"), depois para a raiva ("ah, que se dane"), e a resignação ("levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima..."). Claro que, se você não está num dia de alta auto-estima, ainda some à mistura conclusões pejorativas relacionadas ao seu próprio respeito e manifestações iradas àquela que, sem saber, jogou seu coração na lixeira da esquina. Dureza.
Antes de continuar, queria dizer que acredito piamente na amizade entre homens e mulheres. Tenho amigas que, para mim, tem tanto valor como os meus amigos, a diferença é que nasceram mulheres. Continuam amigas, trato-as com respeito e carinho, e não me aproximo delas com um interesse "escuso". O que difere é que nunca me aproximei delas com esse interesse "secundário". Tenho amigas que já ficaram horas comigo no telefone resmungando dos homens, e especialmente de namorados canalhas. Eu também já chorei no ombro delas, dizendo "pombas, por que vocês, mulheres, são tão complicadas?".
É claro que, muitas vezes nos iludimos. Criamos imagens que não são reais, chegamos a devanear, até (falei bonito, não?). E as falsas expectativas que criamos, são muitas vezes reflexo de uma ansiedade nossa, de não continuar sozinho. Deus disse que "não é bom que o homem viva só", e fez essa que é a nossa maior fonte de dores de cabeça, cabelos brancos e músicas brega: A mulher. Mas sejamos francos, precisamos delas mais do que elas de nós. Se bem que já pensei em ensinar um cachorro a pegar refrigerante na geladeira... (brincadeira)
Continuando meu momento de reflexão (já sou matemático, daqui a pouco viro filósofo), penso nos bilhões de justificativas: Não há química, não há atração, você é feio, ela é chata, você confundiu as coisas... E depois, manter a amizade é uma coisa complicada. Você entrou com expectativas diferentes dela, interessado em ser não só amigo, mas namorado (que engloba a questão da amizade também).
E como fica essa situação? Sei lá. Não sei se é possível ser amigo numa situação dessas. Olhar para ela e tentar ver só como amiga... Acaba doendo e não deixa a ferida fechar. Conheci um rapaz que tinha um caso de amor platônico por uma amiga dele, colega de turma, na faculdade. E no curso dele, as turmas seguem juntas. Logo, ele nunca se curava da dor, pois todo santo dia ele a via em sala de aula. No caso do lado dela, a amizade vai ser sempre com desconfiança: "O que ele quer de mim"? "Será que ele quer ser somente amigo MESMO"? Eu acho que, num caso desses, é, se tiver a oportunidade, empregar a tática do Leão da Montanha: Saída discreta pela direita. E ficamos amigos sim, ela lá e eu aqui. Não vai dar certo, se você entra com outras expectativas. Vai dar conflito.
E é possível isso mudar? Não sei. Será que um dia vai haver atração? Depende. Já aconteceu comigo uma vez. Uma das minhas namoradas era minha amiga há mais de 5 anos, e viramos namorados por 4 meses. Tirando isso, o término foi traumático, as consequências foram péssimas, a amizade voltou depois de um longo tempo mas não é mais a mesma. Mas sim, deixamos de ser somente amigos para sermos namorados, durante um breve período. Baseado nisso, acredito até que sim, sou um otimista em várias situações. Já me chamaram de paladino lawful good, em termos RPGianos (alguém sabe o que isso quer dizer? Me expliquem em algum comentário, sou um nerd que nunca jogou RPG). Mas, para isso acontecer, demanda tempo e muita vontade. E é algo completamente aleatório, imprevisível. Pode mudar em dias ou não mudar depois de anos. Lembre-se sempre que o tempo é implacável, ele sempre passa, com a frieza do tique-taque do relógio, seguindo em frente. Será que vale a pena? Não sei. Você, que passou pela situação, ou que vai passar, avalie e pense se vale. Se sim, boa sorte. Se não, melhor sorte na próxima vez.
Nota: É como o exército polonês na Segunda Guerra Mundial, que atacou a blitzkrieg alemã com uma carga de cavalaria montada... Pode até vencer, mas as chances são mínimas. O jeito é seguir em frente.
Escrevi esse texto (depois converti para HTML, etc e tal) para ajudar-me a colocar algumas impressões para fora, e partir rapidamente para o estado da resignação, levantando da pancada e seguindo: "Próxima, por favor?"
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