21 fevereiro 2006

O melhor show que eu (não) fui.

No momento em que escrevo esse texto, o U2 está tocando "One", no show em São Paulo. Eu estou em casa, curtindo via TV, e resolvi escrever no notebook o que estou achando para aqui, o meu blog. Dividi em partes, para situar melhor.

Comentários aparte



É, só o U2 para me fazer assistir TV aberta... E logo a TV Globo. Normalmente eu vejo alguma coisa no DVD, não vejo quase TV, menos ainda a programação aberta. Mas só por causa deles eu vim para cá, com o notebook, ver TV e escrever. E se tem UMA coisa que o Rogério, um colega de faculdade (a amizade ficou no passado, ele era - e é - um boçal) fez bem por mim, foi ter gravado 4 músicas do disco War, do U2, numa fita cassete minha: Sunday Bloody Sunday, New Year's Day, Pride (In The Name Of Love), e Like a Song. Já se vão 13 anos... O U2 com certeza é o grupo de músicos irlandeses mais bem-sucedidos de todos os tempos. Antes deles, lembro-me apenas do Rory Gallagher (blues), e depois dos The Commitments (blues também). De cabeça, esses que lembro, genuinamente irlandeses. Mas como o U2, não tem.

Antes, o que vi foi uma das melhores bandas de rock de todos os tempos mandando ver num palco imenso, tocando tremendamente, como eles sempre fazem, e sendo super-simpáticos. De cara, todo aquele povo que ficou na fila por 3, 4, 5 dias, foi levado para a área VIP, pela própria banda. Simpático. Aliás, simpatia é um dos muitos elementos que fazem eles serem queridos, desde o início. Os irlandeses adoram eles, pois entre outras coisas, demonstram nos atos e atitudes, que são pessoas comuns, do tipo que saem de manhã para comprar pão e tomar uma média no bar mais próximo. E nunca deixaram Dublin (capital da Irlanda) para irem morar em outro lugar. Franz Ferdinand abriu para eles, e em forma de agradecimento, eles saúdam a banda que abriu, uma das queridinhas do circuito alternativo. Ainda citou vários estados brasileiros, agradecendo a vinda de todos, e citou novamente no meio de uma música, levando a turma toda ao delírio.

Minha mãe, quem diria, ficou fã dos caras. Gostou do jeito simpático deles, do que falaram a respeito do Brasil, da preocupação com justiça social para o mundo (a banda sustenta um projeto com crianças africanas vítimas da AIDS), e ainda ficou mais contente quando soube que 3/4 da banda é formada de cristãos protestantes praticantes. Meu pai ficou impressionado com o The Edge e o Larry Muellen Jr., dando o show na guitarra que os fãs já conhecem (em New Year's Day, ele atacou com o piano elétrico (Yamaha) e com a guitarra. Simultaneamente. É mole?

Uma piadinha do Bono, quando ele vai com The Edge cantar e tocar com um violão Stuck In The Moment, ele passa a mão nas costas do amigo e diz: "Sem suor. Quem é que está trabalhando pesado essa noite, hein?". Ele, por não parar quieto, deve perder uns 3 quilos fácil. Uma jaqueta de couro com a bandeira brasileira nas costas, bandeira brasileira na mão... O Larry Muellen Jr (tímido como ele só) também, pois o cara não parou de marretar magistralmente aquela bateria. Outra das gracinhas dele foi puxar, junto com a platéia: "Tá chegando a hora", na quinta música, arranhando o português. E eu, aqui rindo: "Ué, já acabou?".

As músicas, e os protestos



U2 que é U2, tem que se manifestar. Qual fã não lembra da bandeira do IRA no palco de um show em 1984, 85, e eles pedindo: "Vamos conversar"? Todo mundo sabe ou viu essa cena. Logo, lá aparece o Bono, com uma bandana na testa, durante Sunday Blody Sunday (talvez a minha favorita), escrito COEXISTA, com o C sendo a lua crescente (símbolo muçulmano), o X sendo a estrela de Davi (símbolo judaico) e o T, a cruz de Cristo (símbolo cristão). E ele, num momento, pede a coexistência pacífica entre os povos em questão, declinando: "São todos filhos de Abraão". Sim, são todos filhos do mesmo pai. Irmãos briguentos, judeus e árabes.

Ainda tivemos Bullet the Blue Sky, onde Bono rastejou com a bandana tapando os olhos, até a parte da frente do palco (aliás, ele usa um bocado as passarelas), acendeu um sinalizador, e falou a respeito dos direitos do ser humano. No telão, a Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, projetada em português, e uma voz lendo-as em inglês.

Na hora de Where the Streets Have No Name, o U2 projetou várias bandeiras na tela, e citou o nome de vários países (quando chegou na Argentina, houve uma sonora vaia). Em Pride (in the name of love), a homenagem a Martin Luther King, e as lembranças a Cristo, que foi traído por um beijo, um homem que veio e foi - em nome do amor.

Participações especiais



Num dado momento, ele arrastou uma criança para o palco, para cantar com ele, um menino, que mal conseguia se mexer, de emoção. Durante o primeiro bis, com Mysterious Ways (que é bem legal), ele puxa uma fã para o palco, para dançar com ele. Essa fã está vivendo seus 15 SEGUNDOS de fama, daqui a pouco vai todo mundo ver foto dela em blog, fotolog, etc e tal. No mínimo umas entrevistas ela vai dar por aí... E depois guardar na memória a lembrança desse momento único.

Agora, ela com o quepe dele, e ele abraçado aos pés dela, cantando e tocando aquela que é uma românticas do U2, das mais lindas: "With or Without You". E ela bagunça o cabelo do Bono, abraçados... Uau, ela está emocionada, com uma cara de quem chora, de emoção. Imagino. E no final, ainda pede (e ganha) um selinho do Bono.

Final do show e meus comentários



Bono pegou um violão e está tocando também. Só acho que o pessoal da Globo deveria ter ido ao Letras.mus.br e ter pego as letras completas, já que só aparece sempre um pedaço.

Numa contagem rápida, o Bono usou 3 violões elétricos, Adam Clayton usou 3 baixos diferentes, e o The Edge... Nossa, eu contei pelo menos 6 guitarras, fora 2 violões. Só o Larry Muellen Jr que não trocou de instrumento...

Não tem jeito, os caras são fissurados por futebol, acabou de passar no telão a foto do Ronaldinho, a Copa Fifa e a pergunta: 6?. É, quem sabe? Algumas vezes falaram no Brasil, e no futebol, mostrando 6 com os dedos.Aliás, dizem que o U2 veio ao Brasil também porque o Ronaldinho pediu a eles para virem aqui, dar uma força.

No bis, Zoo Station, daquela fase deles que eu gostaria de ver apagada da existência, e o Bono, de quepe esquisito na cabeça, tocando num violão elétrico verde. Depois, The Fly, com uma exigência maior do Larry Muellen Jr, e Mysterious Ways (que eu citei aí em cima), e With or Without You.

"Seek your love", assim ele termina o primeiro bis. Sim, ainda tem mais um bis, nossa... O show está batendo 2 horas e meia, agora, com o Bono batendo um pandeiro, pulando no alto dos seus 40 e tantos anos (acho que 45), cantando All Because of You. Depois Original of the Species.

"Deus os abençoe e os guarde a salvo em São Paulo e ao redor do país. Obrigado pela hospitalidade e pela conversa, presidente Lula"... E encerra o show agora... Com o Salmo 40! Sim, a versão deles é a última faixa do disco War, eu estou arrepiado aqui. Não dá para negar, os caras tem algo de cristão que é muito forte, e não é somente teoria, ou prática vã. Senão ele encerrava com outra música, e não a que fala "você me tirou de um charco horrendo, firmou os meus passos na rocha".

"How long we'll sing this song...", e um cordão com um crucifixo, pendurada pelo Bono, no microfone. E eles saem do palco, aos poucos. Larry Muellen Jr ainda toca a bateria, fazendo um solo só seu, acompanhando o canto de todos na platéia, antes de ir até a frente, saudar a multidão e agradecer.

Com certeza, o melhor show ao vivo que eu não fui ver in loco. Fenomenal, sem dúvida. Maravilhoso.



Gilberto Gil disse que vai levá-los à Bahia para ver o Carnaval. Depois do Pato Donald, levado pelo Zé Carioca, outros estrangeiros famosos lá irão... Dizem que o Mick Jagger, depois de ter aproveitado a vinda ao Brasil para estar também com o filho Lucas, passear na praia, etc., foi hoje na escola onde o menino estuda. Talvez também para provar que o guri não tem uma boca grande à toa, ele é filho do Mick Jagger (que parece uma minhoca no anzol, quando está no palco). Simpático, não? Parece que ele queria ir ver o show do U2. Também. Mas disfarçado.

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