12 abril 2006

The Right Stuff

O Cesar comentou do aniversário de 45 anos do vôo do Yuri Gagarin, hoje. E aí, pensando na aventura humana, lembrei que eu assisti há pouco tempo Os Eleitos, e não comentei isso.

Eu já tinha visto partes do filme, comprei um DVD duplo numa promoção e sentei, assisti o dito cujo. Claro, não vi tudo de uma vez, levei uns 3 a 4 dias (calma, o filme também não é tão longo), foi uma média de 1 hora por dia.

O filme é de 1983, o que me surpreendeu. Eu imaginava que era bem mais recente. Outra coisa que tem de legal nele é que o filme é um épico. Em épicos, não há um personagem principal, claramente definido no filme todo. Em algumas partes temos um, outras temos outros. Ah, ele ganhou três Oscars também. Todos técnicos.

O filme é a história da corrida espacial estadunidense, a partir da quebra da barreira do som, por Chuck Yeager, em 1947, até o último vôo do projeto Mercury, com Gordon Cooper, em 1963. São 15 anos de história coberta nesse período.

É um filmão. Começa pelo comprimento, mais de 190 minutos de filme. Depois, pela história narrada. Tudo é muito curioso, desde o Yeager pedindo chiclete antes de cada recorde que ele bateu ("Me empresta, te devolvo depois"), até o Gordo Cooper dormindo dentro da cápsula, antes de ser disparada. Os testes que foram feitos (cada um mais ridículo que o outro), as piadinhas, a pressão, as famílias (a decepção da esposa do "Gus" quando soube que não iria conhecer Jacqueline Kennedy...), o filme é muito interessante por mostrar o programa espacial de uma outra forma. E as bobeadas, os pilotos de teste selecionados, um mais maluco que o outro: Alan Shepard era da Marinha, outros da Força Aérea, John Glenn era dos Fuzileiros, por exemplo.

Algumas conclusões que o filme ajuda-nos a chegar:


  • John Glenn era o certinho do grupo, e eu achei que o resto dos astronautas iria virar o nariz para ele. Felizmente, não aconteceu, por mais que ele se achasse o certo, a última luz de sanidade naquele celeiro de malucos que queriam subir ao espaço sentados numa montanha inflamável.
  • Em tempos de Macartismo, na entrevista geral, os repórteres perguntam: "Alguém vai à igreja?". Sei lá... Isso é relevante? Talvez para a cultura pseudo-puritana estadunidense... Era.
  • Alan Shepard querendo fazer xixi dentro do uniforme, até que liberam... "Senhor! Detecto aumento de temperatura no astronauta, na região do abdômen!", e ele com cara de aliviado...
  • A sensação que dá é que o Yeager é o grande injustiçado da corrida espacial: O homem quebrou a barreira do som e vários recordes de velocidade (ele foi o primeiro a chegar a Mach 2,5), além de tentar quebrar o recorde de altitude, mas não conseguiu (uma queda espetacular com um F-104 Starfighter, um Fazedor de Viúvas, como o caça era conhecido, e o homem ainda sai vivo)... E na época, ninguém lembra. É, mas ele recusou a oferta do programa espacial, pois não queria "ter uma sonda enfiada no rabo", entre outras coisas. Mas sem sombra de dúvida, o melhor piloto de todos.
  • É engraçado ver um monte de gente no início de carreira: Jeff Goldblum (A Mosca), Ed Harris (O Segredo do Abismo), Dennis Quaid (um monte de filmes), Fred Ward (Remo: Desarmado e Mentiroso, ops, Perigoso), fora Sam Shepard, que fez o Chuck Yeager, e que eu não lembrava muito dele. Curioso ver uns com mais cabelo, outros mais novos... O Lance Henriksen até tinha menos rugas! (Ele era um dos astronautas que entraram mudos e saíram calados no filme, o Walter Schirra).

Em suma, se o espaço para você é a fronteira final, vai lá e veja o filme, vale a pena.




PS: O próprio Yeager faz um ponta no filme, no bar dos pilotos. Tenta adivinhar quem é ele...

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