16 março 2007

Filosofações rápidas

Muita coisa eu queria ter falado no momento apropriado, mas não consegui, por falta de tempo. Tá, postar num blog não é a prioridade -20. Mas, vez por outra, eu faço um nice, e saio escrevendo. Bem...

Sobre a morte trágica daquele menino, que já foi mais do que explanado pela mídia... Essa está engasgada na garganta tem um mês. O percurso que aqueles... Seres vivos fizeram, dirigindo aquele carro, é parte do meu percurso quase diário, na volta do trabalho. Naquela quarta-feira, eu saí do trabalho cedo. Mas, se eu tivesse me demorado, e saído na hora em que eu já tinha saído antes... Eu teria visto o incidente. E acho que hoje o meu carro estaria na oficina, pois eu jogaria em cima daquele carro usado como instrumento de morte, com o objetivo de pará-lo. E a tranca do volante estaria suja de sangue, com certeza. A justiça dos homens é assim, e mesmo eu, que repenso muitas coisas, me conteria.

Aliás, reduzir a maioridade penal resolve? Eu não tenho certeza. Antes eu era convicto que não. Mas depois de ter ouvido uma pessoa dizer: "Se eles são capazes de votar, são capazes de serem responsabilizados pelos seus atos". Faz muito sentido tal afirmação. Mas o risco é de termos que ter, daqui a pouco maternidades de segurança máxima (como disse apropriadamente o José Simão, um dia desses, na Band News FM). Não sei se resolve. Mas algo imediato tem que acontecer.

E o que é necessário acontecer, não é aquele bando de passeatas pela paz que inundam a orla do Rio, com vários "classe A" saindo de branco pelo calçadão, "pedindo paz". Como se isso fosse surtir algum efeito, além da curiosidade mórbida de muitos pobres que vão curtir a praia, enquanto vêem madames cheias de jóias, com camisetas brancas, desfilando com poodles brancos, pedindo paz... Mais uma atitude vazia. Doações para a Campanha do Natal Sem Fome não deveriam aplacar a consciência. Isto é, se elas tem uma.

Aliás, atitude vazia mais marcante na minha história pessoal foi acompanhar (de longe, eu não sou besta) a palhaçada que foi o movimento dos cara-pintadas, em 1992. Cansei de ouvir depoimentos apaixonados de tolos achando que aquele ato de pintar o rosto (que, aliás, eu fazia nos calouros da UFRJ, naquele ano) e sair às ruas (nem bem sabendo o porquê) serviu para derrubar um presidente corrupto. Ah, eu tinha mais o que fazer... Movimento esdrúxulo, que só serviu para colocar esses dois cidadãos como políticos, logo depois de terem sido presidentes da UNE - União Nacional dos Estudantes...

E, falando em protestos... E o que foi aquela balbúrdia toda com o Bush semana passada, hein?! Nossa, como tem gente querendo aparecer. Sim, foi uma chateação para os paulistanos a recepção do Bush Jr em São Paulo, mas acho que, também, todo mundo está anti-EUA demais, calma povo... Eu tenho um amigo que treme só de ouvir o nome George W. Bush. Que acha que tudo que vem "daquele país, lá na América do Norte" (parafraseando o músico Dave Matthews no Rock in Rio 3) é ruim. Que vociferou pragas contra todos os seres viventes habitantes daquele retângulo de terra em cima do México e embaixo do Canadá, quando o Bush Jr foi reeleito. Ele chega ao cúmulo de fazer campanha com a irmã (mãe solteira) para não deixar o sobrinho (que ele cuida como se fosse um filho) ir nunca no McDonald's. Imagino o que ele estaria dizendo agora, tentando dar o braço ao Hugo Chavez e gritar Fora Bush.

Atitude ridícula. Queimar bandeiras estadunidenses, isso eu já cansei de ver, da Coréia do Norte à África Ocidental, da Europa ao Sudeste Asiático. Nada de novo. Até uma mulher saiu nua na rua, protestando contra a permanência do presidente estadunidense no Brasil (depois a mesma dita apareceu lá no Pânico). E qual é o objetivo de fazer todo esse protesto, além de causar mais tumulto? Não sei bem a utilidade desses protestos, se alguém souber me conte. Talvez isso me refresque a memória das manifestações dos estudantes na Coréia do Sul, em meados dos anos 1980, onde eles lutavam contra um governo. Não lembro se surtiu efeito.

Aliás (estou usando muito aliás hoje), o engraçado é ver como que falar mal dos EUA hoje em dia é lugar-comum. Já ficou cansativo, ouvir críticas à Globo, Estados Unidos, Governo Lula... Só sabem meter o pau. Pelo visto Che Guevara voltou à moda, apenas como um símbolo oco de rebeldia contra o "sistema", mesmo que ninguém da família dele ganhe algo a título de direito de imagem... Gente que agora, por qualquer motivo, declara que os EUA são a pior coisa que já existiu debaixo do sol, e que deveria tudo ser destruído... E se você não bater palmas com eles, você é um americanizado. O último que disse isso eu mandei se retirar da minha frente, pois eu iria agredí-lo. Caramba, CHEGA!

Nunca morri de amores pela Vênus Platinada, o povo estadunidense ou o governo dos companheiros. Há de se reconhecer coisas boas neles, assim como eu sou obrigado a reconhecer que o sistema operacional mal-feito e tosco da Microsoft popularizou a informática (não sei bem se, como micreiro egresso dos anos 1980, gosto disso) e alavancou muita coisa. Sim, eles tem valor, e tem relevância na sociedade. Muita relevância, eu diria. A Globo popularizou a TV no Brasil, o Governo Lula tem sido um dos que mais tem pensado nos pobres (talvez por isso que a classe A de São Paulo fez campanha pelo Alckmin), e os EUA tem sido a locomotiva econômica do mundo. Mas talvez eles não tenham tanto quanto acham que tem (incluindo a Microsoft, e talvez colocando o Lula de fora), mas estão cada vez menos influentes. Acho bom que eles vejam que não são mais tão poderosos, aliás, acho ótimo.

Hugo Chavez tem o seu papel, de ser presidente de um dos maiores produtores de petróleo. Até aí, tudo bem. Mas agora ele acha que manda. O que ele está fazendo, o discurso dele ("Socialismo ou morte") é quase infantil, que me desculpem quem gosta. Se eu fosse executov de uma multinacional, não iria investir hoje na Venezuela, Bolívia ou Equador. Afinal, para quê eu iria investir, se eu correria o risco de ter as minhas propriedades encampadas pelo governo proto-socialista que está lá? Eu iria investir no Chile, ou no Brasil. Sabiamente o Brasil está se distanciando (um pouco) desse papo todo. Afinal, queremos dinheiro, investimento e empregos para o povo. A Venezuela se baseia no petróleo, tudo lá gira em torno do óleo negro. Mas estão dormindo no ponto, a estatal venezuelana investe menos de um terço em pesquisa e desenvolvimento que a Petrobrás investe. Sendo que lá eles tem mais petróleo do que aqui.



Enquanto isso, a imprensa paulistana expõe as tripas da minha amada Cidade Maravilhosa no ar, cheias ainda de sangue, e esconde as atrocidades que acontecem debaixo dos seus olhos, com o objetivo de denegrir e sujar o que tem de bom nessa cidade cada vez mais maravilhosa. E que me desculpem, deixa eu fazer uma declaração de amor: Rio, amo você. Ô cidadezinha linda, que resiste a todas essas investidas e ataques, e mesmo assim, com todo mundo dizendo que o turismo no Rio morreu... Tivemos lotação máxima de hotéis no carnaval. E, apesar do prefeito maluquinho só pensar no Pan, ainda é uma cidade linda. Largada, desprezada, violenta (como qualquer cidade grande)... Mas linda. Onde os bandidos são mais pirotécnicos dos que os bandidos dos outros, como disse certa vez um amigo. Onde pratica-se esporte dentro de um cartão-postal (como diz a propaganda). Onde há muita coisa triste e ruim, mas também há muita coisa bonita. Rio, amo você, e é aqui que eu quero viver o resto da minha vida.



Já que eu citei o picolé de chuchu, vale lembrar do que ouvi de um amigo, comentando sobre o egoísmo e o bairrismo exacerbado que vemos naquela terra na qual o Alckmin foi governador. Por ocasião do racionamento de 2001, poucos apagaram mais as luzes, e que se dane o resto. Você vinha de ônibus do Rio para São Paulo, e via o contraste: O Rio, quase todo apagado. São Paulo toda acesa. Teve um que comentou que São Paulo tinha que pedir a independência do Brasil... Dá náuseas ouvir isso. Já presenciei de vários moradores daquele canto poluído do nosso país, um discurso que seria ridículo se não fosse sério. Aí, sendo sério, torna-se perigoso. Claro, não é via de regra, nem todos pensam assim. Graças a Deus os meus amigos que moram lá não pensam desse jeito. Mas é triste pensar que alguns se colocam acima de outros, isso a nível de estado. Profundamente lamentável.

Bem, acho que por hoje está bom. Filosofei um bocado, depois continuo um pouco mais. Ou não.



PS: Hoje no Pânico... Luiz Carlos Alborghetti. Imaginem isso. Lembram dele? Dali é que o Ratinho se inspirou. E viva o streaming, e viva o mencoder, eu gravei para depois ver, e rir também.

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