14 outubro 2007

Filosofações: Um dos privilégios de ser professor

Uma das coisas boas da carreira é conhecer gente. Com todas as mazelas, dificuldades e problemas da profissão, uma das coisas boas de ser professor é justamente conhecer pessoas, no caso alunos. E a gente, queira ou não queira, se envolve com eles, nem que seja um pouco. Professores normais, claro. Existem colegas que tratam o aluno com uma distaaaaaaaaaaaaaaaaaância daquelas.

Alguns tornam-se ex-alunos (e ex-alunas), e viram amigos. Tenho exatas 352 pessoas penduradas na minha ficha do Orkut, sendo que 99 ex-alunos. 1 a cada 3,55 pessoas, o que é um índice alto. Pelo menos eu acho.

E ontem eu tive a oportunidade de rever alguns que tornaram-se amigos ao longo dos anos, e lideraram o grupo cristão da escola onde leciono. Eu, como professor, participava do grupo (*), não fazendo parte, mas apenas como um apoio. Eu era o único professor que ia ao Projeto Vida, e lá congregava com eles, irmãos em Cristo e... Adolescentes. Ouvi e falei, aprendi muito com eles, e acho que consegui contribuir um pouco com a vida deles.

Pois é, ontem tivemos um encontro, daquela geração tão boa e divertida, que passou pela minha escola. Foram momentos muito bons, de conversa, de bate-papo, e de constatações... Não vou citar nomes, mas queria comentar como as coisas mudam, em pouco menos de 4 anos:
  • Um engordou 25 kg, está finalmente estudando Direito (fez prova para a PM, abandonou, e foi cursar Ciência da Computação. Abandonou também), e está trabalhando fazendo manutenção de torres de celulares, wireless, essas coisas. Vai casar no ano que vem.
  • Outra, que nadava e competia, hoje em dia não quer nem saber de piscinas. Não está trabalhando diretamente na área, e por enquanto não se animou a encarar uma faculdade.
  • A amiga dela, em compensação, quando aluna veio me perguntar o que eu achava dela ir estudar Matemática. Eu dei o maior apoio, e o resto vocês lêem nesse post aqui, de quase 2 anos atrás. Hoje ela está cursando mestrado em Estatística, pensa num doutorado... Mas o pai dela não mudou, continua sendo muito severo com ela, o que não justifica. Para entenderem, uma frase trocada ontem:
- "Seu pai conheceu algum dos seus namorados?"
- "Não".
  • Tem um que está trabalhando na empresa em que ele começou a estagiar. O estágio virou emprego, mudou de igreja, terminou o noivado, está morando sozinho... E foi o anfitrião de ontem. Tentou vestiba, passou mas não cursou... Mudanças de vida.
  • Um outro se casou tem 2 semanas. Eu iria ser padrinho, mas nos enrolamos tanto, que ele nem conseguiu entregar o convite. Infelizmente não foi ontem, porque resolveu arrumar a torneira do banheiro, e terminou o dia com metade da parede quebrada, para achar um vazamento. Melhor sorte para ele.
  • E tem mais um, que largou o curso técnico de Enfermagem (mas vivia na Informática) não concluiu o segundo grau (até hoje), quase abriu uma loja de roupas, ia para o Tocantins "fazer dinheiro" (não, ele não iria vender espelho a índios, mesmo porque o povo de lá é mais esperto do que ele pensa), e agora trabalha numa empresa de informática. E continua um piadista de primeira.
Dos outros, poucas notícias. Lembro de um último, que se casou, e outro, que não tenho maiores notícias. Época boa, essa. Um deles confessou que chorou ao entrar de novo na escola, lembrando do tempo que estava lá. Tempo bom... Que não volta. "Eu era feliz e não sabia", talvez alguém teria pensado. Mas não é o tempo que passa rápido. É a gente que não se apercebe dele.

Esse que casou tem 2 semanas, falou para mim que eu era um exemplo para ele. Logo eu, imperfeito e remendado, do jeito que eu sou? Eu fiquei completamente sem graça, como quando fizeram uma comunidade em minha homenagem, no Orkut. E eu nunca pensei nisso, nossa... Aí nós nos damos conta de como agimos, e do que somos.

Foi um encontro ótimo, e irão fazer outros, espero. Eu me diverti à beça, foi muito bom revê-los todos. Esperamos poder conversar mais.

(*) Hoje em dia a administração da rede e outros afazeres, fora algumas insatisfações com a liderança de então, me afastaram do grupo.

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