04 janeiro 2009

Filosofações: Uíndous, Leenocs e a mediocridade humana.

O Sturaro comentou no seu blog, num post que li recentemente, do pessoal que mete o malho no Windows, que diz aos quatro ventos que Linux é o caminho, a verdade e a vida... Mas ainda usa WINE e coisas do tipo para rodarem programas do Windows dentro do Linux - sendo que, no Linux, tem programas equivalentes. Li enquanto estava no aeroporto, fazendo uma hora e esperando o embarque da minha cunhada com o esposo para Fortaleza. Cheguei a postar, mas a rede da Vex, como é razoavelmente comum... FAIL. O Cesar bem que fala isso de monte, e é verdade. Ô tranqueira! Depois mandei um email reclamando da rede, quem sabe ajuda? Se não,
o jeito é perturbar o CTO da mesma, através do podcast dele. Que,
aliás, é excelente. Eu iria comentar, mas o que escrevi acabou crescendo, e pensei que renderia um post por aqui.

Bem... Antes de tudo, é importante fazer uma distinção do que é Linux para o que é software livre. É muito comum de que a mistura seja feita, talvez justamente por que uma instalação de Linux já compreender vários programas, em alguns casos quase tudo o que você vai precisar usar.
  • O Linux é o sistema operacional. Aliás, GNU/Linux é o nome certo para o que conhecemos como kernel. Este está na versão 2.6.28, de 24/12/08, e está em desenvolvimento contínuo há mais de 17 anos - quase a maioridade. O Linux tem suporte a quase tudo que pode ser ligado a um computador. Claro, tem coisas que não funcionam (Piter Punk que o diga), mas se não funciona, por que não reclamar com o fabricante de hardware, que não fez o driver para Linux? Fácil jogar pedra, né? Além disso, temos aí a maioria dos servidores do mundo, mais de 80% dos supercomputadores listados no Top500.org, etc e tal. Uma presença marcante e inconteste no mercado.
  • O software que é executado sobre o Linux, na sua maioria, é software livre. Claro, nem tudo é livre. Afinal, Maya, Mathematica, Maple e outros continuam comerciais, mesmo em Linux. Engana-se quem acha que tudo em Linux é livre ou tudo deve ser livre. A maioria é livre, mas nem tudo. E temos programas para quase tudo: De navegadores a suítes de escritório, de clientes de email a programas para desenho... Tem de tudo. Mas isso não é Linux, são os softwares que podem ser executados em cima do Linux. E boa parte deles (principalmente os que usam bibliotecas como a GTK+) tem versões para Windows.
Naturalmente, boa parte desses programas não tem todos os recursos das contrapartes pagas:
  1. Alguns vão dizer que o Gimp não tem todos os recursos do Photoshop, como não ter suporte ao sistema de cores Pantone. E no caso do Gimp nunca terá. Por quê? Porque para usar o Pantone, a Adobe paga pelo licenciamento, para cada cópia do Photoshop. E o Photoshop é pago, lembram? Pois é... O Gimp, pelo menos, tem curso zero.
  2. Talvez o BrOffice não tenha todos os recursos do Office 2007 (e também não tem aquela interface esquisita que, dizem, é melhor). Mas, e o custo? 0 x R$ 200.
  3. Cinelerra versus Adobe Première... Não, não dá para editar um blockbuster de Hollywood com o Cinelerra. Mas é possível que com o Première também não. E o primeiro? Custo zero.
  4. Inkscape x Corel também é luta perdida para o software livre. Mas o custo para o SL é zero. Um Corel X4 não sai menos do que R$ 1000.
  5. O tradicional choramingo por parte de pessoas que reclamam que no Linux não vem o suporte a MP3, e que você precisa pegar na Internet, e não sabe o por quê... O Instituto Fraunhöffer cobra US$ 1 de cada MP3 player ou por cada cópia de software que use o seu algoritmo patenteado. Logo, se uma distro Linux for baixada 1 milhão de vezes, serão 1 milhão de reais, certo? E eles estão no direito deles, de cobrar isso. Antes que reclamem, lembrem-se que o Windows também não tem suporte ao MP3 de forma nativa (tirando os Win XP por aí retalhados pelo nLite). A ferramenta, pelo menos, aponta qual o codec e baixa o mesmo para poder tocar o vídeo.
E por aí vai.

Mas aí vem a sempre presente pergunta: E você, precisa de TODOS os recursos que esses programas PAGOS oferecem? Você precisa MESMO de um Photoshop, em toda a sua glória e preço alto para apenas remover olhos vermelhos de algumas fotos feitas com câmera digital? Você precisa daquele recurso obscuro que só o Office 2007 tem? Você precisa de tudo o que os programas pagos oferecem como recursos?

Aposto que a resposta é quase sempre: "não, não preciso". Mas então, por que usam esses? Porque é fácil conseguir uma cópia não-autorizada deles, ora. O Photoshop não custa R$ 1500 para quem pensa assim. O custo não passa de R$ 10, pagos a um camelô na calçada. E assim vai para o AutoCAD, Delphi, e tantos, tantos outros.

Quando falo no título de mediocridade humana, é que muitos com um cérebro do tamanho de uma azeitona resolvem usar o Linux, e puxam a mesma lenga-lenga de sempre, que o Windows não presta, que o Windows é isso e aquilo, etc e tal. Mas ainda estão atrelados ao Windows, porque "o lado negro (cópias não-autorizadas) mais fácil é" (como diria Mestre Yoda). Estão atrelados não exatamente ao Windows, mas sim ao vício da cópia não-autorizada. São incapazes de procurar alternativas, e se puderem, rodam tudo em cima do pobre coitado do WINE.

Não basta tirar a cópia não-autorizada das mãos do homem, tem que tirar também de dentro dele. A mudança de mentalidade. Sou adepto do software livre, e prefiro em tudo o que eu faço. Mas se uma empresa quer ganhar dinheiro vendendo software proprietário, ela tem esse direito, e deve ser preservado. Não se deve justificar a cópia não-autorizada apenas pela falta de dinheiro. Procura-se uma alternativa, "dá-se um jeito".

Certa vez ouvi de um aluno: "Ah, professor, e o senhor acha que esses caras (a ABES) vão dar uma batida e pegar as lan-houses e eu, lá dentro da CDD, onde eu moro? Nunca!" E a polícia está ocupando há quase 2 meses... Mesmo com o risco da implantação de mais uma milícia. Não é a cópia indiscriminada que incomoda, é a impunidade, e saber que está errado, mas nem por isso achar que está errado. Lamentável, meu coração como educador entristece-se. Mas falo disso outro dia.

Voltando ao Windows: Uso Linux há mais de 10 anos, e somente Linux em casa a pelo menos uns 5 anos. E digo que, para mim, o Windows não tem função alguma. Como jogo pouco (a principal razão para prender usuários ao Windows), ficou fácil para mim. O Windows, para mim como usuário é completamente desnecessário, visto que tudo o que eu faço no micro, faço no Linux sem precisar do Windows. As únicas coisas que preciso é algum programa específico ou o lançamento de notas de uma das instituições de ensino em que leciono (que tem que ser no IE). Resolvo isso via máquina virtual mesmo, num Windows XP legalizado, do meu antigo notebook.

E como diz meu irmão, "Windows tem prazo de validade, depois de alguns meses vence e você tem que reinstalar tudo!". Sim, sim, você pode usar o recurso da imagem para restaurar, mas... E se você não fizer imagem? Essa é a questão: Um sistema não deveria ser robusto o bastante para suportar atualizações, coisas do tipo? Pelo visto não. Mas... O caso é que o Sturaro está certo nesse assunto: Muita gente que arrota a superioridade do Linux (que, na minha opinião, é inconteste), mas não consegue/quer viver somente com o software livre. É melhor? Na minha opinião, sim, é melhor em quase todos os aspectos. Mas só quem pode realmente falar isso, é quem o usa no dia-a-dia. E o que mais vejo é gente que fala muito bonito, mas na prática não usa. É fácil falar, o difícil é fazer e viver o que se fala. E infelizmente, a "comunidade de software livre" está cheia. E lembre-se:

Windows é que nem o Governo Lula: Tornou-se um esporte falar mal dele, mas ninguém quer pensar e criticar. Pelo contrário, querem jogar pedra, sem motivo.

PS: E alguns desses ainda se acham os melhores porque usam Slackware. Como disse um ex-aluno meu: "./configure ; make ; make install é fácil. Quero ver quando tudo dá problema." E é verdade, é muito fácil falar o que falam, sem embasamento algum.

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