07 outubro 2005

Filosofações: Sociedade sexualizada

Como alguns sabem, sou colecionador de quadrinhos. Hoje em dia compro bem menos do que já comprei, basicamente Batman, Liga da Justiça e Lobo Solitário, apenas. Alguns outros que eu acompanhava acabaram, outros decidi não continuar... E por aí vai.

Na revista do Batman, está estourando a saga (não gosto do termo) Jogos de Guerra, onde uma violenta briga de quadrilhas do crime organizado estão levando o caos (mais uma vez) a Gotham City. Quem conhece Gotham chega à conclusão que os índices de criminalidade das capitais brasileiras não são nada, perto dessa alegoria de Nova York.

Então, o que aconteceu para esse título? Eu estava lendo, no ponto em que a filha de um gangster (Darla Aquista) foi baleada, e ela era colega de turma do Tim Drake. E quem é o Tim? O Robin. Aliás, ele deixou de ser Robin, o pai dele descobriu a verdade e ele teve que entregar a capa, deixar de ser Robin.

Então, numa revista (Batman 33), ela aparece baleada, caída no chão, e o Tim tentando salvá-la. É uma menina normal, fisicamente falando. No número seguinte (34), ela aparece deitada em cima de uma mesa, baleada (no ombro)... E o novo desenhista traça um corpo bem mais sensual para a jovem filha de bandido: blusa levantada, barriga sarada, quadris largos, coxas grossas, seios maiores... Olhei, notei a diferença e ri comigo mesmo, notando que nem com uma moribunda eles escapam de fazer uma gracinha.

Vivemos numa sociedade sexualizada. Não é coisa do Brasil simplesmente, com justificativas como o clima, tempero latino ou coisas assim. Isso eu estou vendo que é mundial: Vivemos numa sociedade que exalta demais o sexo. Sexo é muito bom, e se fosse pecado, Deus não o teria feito. O problema é que a maioria pratica o esporte de alcova sem responsabilidade. Mas, voltando... Curioso é a transformação da moça, e isso me lembrou de outra conversa...

No tempo em que a Internet começoua se popularizar, eu participei de um fórum de quadrinhos em inglês, por algum tempo, e tivemos uma discussão interessante: Por que os corpos bem talhados dos personagens dos quadrinhos? Se você ler um quadrinho da Marvel, vai ficar assustado: Todas as membras dos X-Men tem corpos melhores do que das modelos famosas que pintam por aí. Será que o gene mutante também é responsável pela boa forma? A conversa estendeu-se para os corpos masculinos, todos tão musculosos... Por que isso?

Ah, já sei, você vai dizer que é óbvio, que isso é feito para vender revista. Sim, eu sei, o maior público é adolescente que compra a revista, por isso a "necessidade" de exagerar nas mostras de corpos e malhas coladas. Mas será isso mesmo necessário? Não há exageros demais não? Eu acho que é desnecessário, que há a necessidade de contrabalançar com bons roteiros. Só o traço prender... Não rola. A saga Silêncio, tão alardeada por ter sido desenhada por Jim Lee (particularmente não gosto do trabalho dele) e escrita por Jeph Loeb (que coloca personagens demais numa história só), tem um final chato, no mínimo. Revoltante, eu diria.

Acho que esse incentivo velado ao sexo como algo problemático... Não vou dizer que jovens que leram tal história, vão sair agora trepando por aí. Mas não escapamos nem nos quadrinhos... Nossa.

Isso me lembrou também (eu sou uma desgraça, puxo uma coisa atrás da outra) aquela história, Estranhos no Paraíso, onde as personagens são pessoas comuns, inclusive são meio gordinhas... E foi um grande sucesso, vendeu horrores e ganhou vários prêmios. Quadrinhos sobre gente comum, para gente comum. E quem disse que gente comum não atrai a atenção?

Pois é, e vamos lidando com isso... Mas a história está boa, pelo menos isso: Batman levando bronca do Comissário Atkins (sim, o Gordon se aposentou), todo mundo trocando os pés pelas mãos... Uma boa confusão, que não finalizou ainda. E continuamos, cheios de referências exageradamente sexuais por aí... Não, não vou levantar daqui para pegar a revista, passar no scanner e colocar as imagens por aqui, não estou lá com muita vontade.

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