15 maio 2006

E a chapa esquenta...

Meus amigos moradores de São Paulo, da capital ou do estado, paulistanos ou não comentam nos seus blogs a situação que assola o estado mais rico da Federação.

Fico preocupado pelo que acontece lá. Tenho muitos amigos lá, e essa situação, de fragilidade diante do crime organizado, é terrível. Tivemos um momento semelhante, de chapa quente aqui no Rio em 2003, acho. Fernandinho Beira-Mar resolvendo achar que manda. Agora queria ver a Veja por a mesma capa da época (com a frase: "Ele debocha da justiça", ou algo assim) para o atual mandante, que eu esqueci o nome... Aliás, falaram para mim hoje que esse cara deveria se candidatar à Presidência, se manda tanto assim, "comandando" rebeliões em 4 estados (Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo e Minas Gerais)... Aqui no Rio não, a rivalidade carioca x paulista é maior do que o sentimento de solidariedade da bandidagem.

A imprensa paulista sabe muito bem dizer que a minha amada cidade vive em guerra civil, que os traficantes mandam e desmandam aqui, que carioca vive acuado, que Linha Vermelha é a Faixa de Gaza, etc e tal. E agora, o que dirão de São Paulo? Aqui, a bandidagem não saiu matando policiais a torto e a direito. Sim, isso é clima de guerra civil sim. Aqui teve toque de recolher nas ruas durante o dia, mas não houve quase 100 mortos, nem tantos ônibus queimados, com o resto nas garagens com medo da bandidagem. Aqui, por enquanto estamos sossegados. Espero que continue assim. Talvez o crime daqui não seja tão organizado assim. Aqui temos 3 ou 4 grupos desorganizados, não um apenas, bem articulado, como o PCC.

Isso acaba sendo pedagógico para as autoridades, que ignoravam ou despezavam o poder do PCC. Da pior maneira estão aprendendo que eles tem força. Um desses meus amigos, esquentado (e com razão), gritou que as tropas federais deveriam entrar em força e sair botando para quebrar. Bem... As coisas não são desse jeito numa federação, (in)felizmente. Não se pode ir entrando e rasgando geral, como muitos gostariam. Há uma soberania a ser respeitada. Além do mais, pelo pouco que conheço de São Paulo (onde estive no sábado passado, 6/5, para uma reunião da Executiva Nacional da ABUB), há um orgulho bairrista entre muitos nativos (não todos, felizmente) que os impediria de aceitar uma ajuda de fora.

Vale a pena contar uma historinha que explica em parte esse orgulho: Há 9 anos atrás (em 1997), participei de um encontro de treinamento da ABU, em Campinas. O encontro tinha 3 semanas de duração, e uma parte prática, de 5 dias. A minha foi em São Paulo. Fiquei os 2 primeiros dias hospedado na casa de uma família, classe média-alta paulistana, e convivi um pouco com eles. No lanche de sábado à noite, na conversa sobre várias coisas, minha vida, etc, (eles não me conheciam), lembro-me do pai da família falando com orgulho desmedido, que a USP não era uma universidade federal, ao contrário da UFRJ. Mas... E daí? Como se isso fosse desmerecer a instituição, a pesquisa ou o trabalho feito por lá. Mas a USP é nossa! Ué, a UFRJ também é nossa, são moradores do Rio de Janeiro que fazem dela o que é. Mas não, parece que ela não tem mérito, como se um dia o governo federal fosse de uma hora para outra mandar fechar tudo, assim... Tá, privatização... Esse papo eu ouço desde que eu entrei lá, em 1991. Conta outra.

Entenderam a tolice? Por isso acho que não teremos tropas nas ruas por enquanto. Também aceitar tropas militares é passar um atestado de estupidez e incompetência. E, além do mais, segundo a imprensa paulista, comparando a situação atual de Sâo Paulo com a do Rio, eles ainda vão dizer que aqui ainda está pior, e não tivemos tropas por aqui...

Pelas últimas notícias que eu li, as coisas estão mais calmas por lá, nenhuma rebelião em presídios no estado, e parece que tudo volta a se acalmar. Espero. Afinal, a população não pode ficar refém de uma situação, que afeta TODA a cidade. Isso é o que eu digo que é sensação de insegurança, pois você não sabe para onde correr.



Agora, Sáo Paulo polarizar as manchetes da imprensa carioca... Essa foi a primeira vez que eu vi.

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