07 outubro 2005

Filosofações: Quadrinhos adultos

Aproveitando a onda sobre quadrinhos, eu ganhei de um amigo uma pilha de revistas Marvel Max, cuja proposta é ser uma revista de quadrinhos adultos. Desaconselhável para menores de 18 anos, está assim na margem.

As histórias, na sua maioria são boas. Poder Supremo, escrita pelo J. Michael Straczynski (mesmo autor da cultuada série televisiva Babylon 5), está bem interessante, trazendo meta-humanos num universo bem mais próximo do nosso: o "Lanterna Verde" é coronel do Exército estadunidense e faz serviços sujos; o "Flash" é garoto-propaganda da indústria de artigos esportivos; o "Superman" foi criado pelo governo estadunidense, e todo moldado para ser um modelo para o povo daquele país; o "Batman" perdeu os pais, vítimas de racismo (ele é um milionário negro), e por aí vai.

Tem a série Alias, do Brian Michael Bendis, que tem sido muito falado pelo seu trabalho com o Demolidor. A história é centrada em Jessica Jones, uma ex-super-heroína que montou uma agência de investigações particulares, e ela interage com muita gente do universo Marvel: Luke Cage, Matt Murdock (o Homem Sem Medo, ele mesmo), Jessica Drew (Mulher-Aranha), o Homem-Formiga (namorado dela) e por aí vai. A história também é muito boa, a personagem não é do tipo gata-gostosona-de-colante-vermelho (como eu falei no post anterior, rola para baixo e leia), é fisicamente normal (ao menos aparenta).


E sempre tem uma terceira história, que normalmente é interessante. A melhor foi do Frank Castle (o Justiceiro) quando ele era capitão dos Fuzileiros estadunidenses, no Vietnã. Sim, muito boa. Teve também uma do Thor, contra vikings que foram amaldiçoados e foram parar em Nova York, em 2003... Garth Ennis escreveu essas, e embora a foto dele deva estar do lado do verbete "perturbado" dos dicionários, o roteiro é muito bom (se puderem, leiam Apenas um Peregino, que ele fez com o Carlos Ezquerra, saiu pela Devir).

Mas aí vem a minha questão: Por que todo quadrinho que se diz adulto tem que ter tanto exagero? Palavrões, então... Nem se fala. Aliás, se fala, e muito. Não entendo qual é a graça de ter tanta gente desbocada assim. Não, não estou sendo puritano. Ter mais violência eu acho normal (não vou ficar mais violento por conta disso), ser mais picante eu não esquento, mas gente usando palavrões como vírgula também é dose. Acho um pouco exagerado a preocupação em mostrar nus frontais para justificar que o quadrinho é adulto, mas para que exagerar nesses itens? Na minha terra, sempre pensei em quadrinho adulto como algo mais denso, roteiro mais bem construído, personagens mais aprofundados, menos maniqueísmo, pouco dualismo, mais humanidade nos personagens... Mas não, o que eu tenho visto é a mesma coisa de sempre: pirotecnia, só que com mais picardia e bocas que precisam levar uma boa barra de sabão. Decepcionante em parte, para isso fico lendo Batman mesmo.

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