27 julho 2007

... e chegou a censura

Hoje vou numa das instituições onde trabalho, para arrumar diários. Diga-se de passagem, tarefa assaz incômoda, visto que o sistema informatizado acumula todos os dados das turmas... E no final somos obrigados a lançar tudo novamente, em papel, à mão, no diário. De novo. É um trabalho hercúleo e ao meu ver, tolo. Por quê não gerar uma folha final da turma toda, e o professor assina, apenas? Mas eu gastei uma hora do meu longo e trabalhoso dia refazendo diários, corrigindo lançamentos do tipo "Não houve aula" para "Recesso", apenas... Sim, isso é muito chato, principalmente porque eu trabalhei em outras instituições, também fiscalizadas pelo mesmo Ministério da Educação, e não via essa preocupação tão zelosa com diários... Bem, o problema é o gasto de combustível e o tempo perdido. Mas esse ainda não é o assunto do post.

O assunto é que eu fui censurado. Sim, censurado. Pessoas da direção da instituição acharam esse meu blog, que vocês conhecem, leram alguns posts (para ser exato, alguns posts em que falei sobre a instituição), e expressei a minha opinião. As mesmas pessoas vieram a falar com o coordenador para que eu editasse os posts, para não difamar a instituição. Ou algo assim. Ou seja, fui censurado no meu direito de manifestar a minha opinião.

Sei do poder dos blogs. Afinal, o Engadget foi enganado por um post falso vindo da Apple, publicou e as ações da empresa causaram um total de desvalorização de US$4 Bilhões. Isso é uma amostra do poder dos blogs hoje em dia. Embora o meu blog não consiga nem chegar a 200 leitores diários, e eu duvido que algo que eu fale aqui tenha algum efeito sobre algo além do meu dia. E lembro do caso do funcionário que foi demitido por postar no blog sobre a empresa onde ele trabalhava. Patinada feia, a dessa funcionária. Tenho amigos que evitam ao máximo falar de trabalho nos seus respectivos blogs, por diversos motivos. No meu caso, eu falo porque:


  • Envolve mais o meu dia do que a leitura de feeds RSS, audição de podcasts, leitura de emails, etc.
  • Sempre rende uma história curiosa/engraçada/bacana/interessante/tudo junto ou nenhuma das respostas anteriores.
  • Sinto-me no direito de extravasar os sentimentos de raiva, ira, angústia (ou qualquer outra que o valha) que o meu trabalho me gera.
  • Sempre achei que não havia a necessidade de esconder a minha opinião, sob pena de sofrer alguma advertência.

Claro, há muitas coisas que eu guardo para mim. Não há a mínima intenção em mim de difamar, caluniar ou ofender ninguém nos meus posts. Simplesmente falo o que penso, e às vezes acabo rasgando o verbo. Mas quem conversar comigo pessoalmente, saberá o que penso sobre diversos assuntos com mais riqueza de detalhes. Há muita coisa que não compensa declinar em público. Bem... Parece que querem cortar a minha voz.

Não, não vou fazer um discurso a favor da liberdade de expressão, denunciar a censura à Fundação da Fronteira Eletrônica, ou coisas do tipo. Vamos fingir "que todas as pessoas são felizes" (como diria Renato Russo), e vamos tocando o barco. Não vou dizer quais são os posts para não dar corda a essa situação, e nem vou por links aqui. Aliás, vou evitar citar, não por ter medo de censura, ou represálias, mas por achar que quem se preocupa com um abalo na imagem "ilibada" por conta de um post casual de um funcionário, num blog perdido num canto da Internet (que eu considero simplória demais para ser minimamente notada)... Estão ficando paranóicos demais. E quem acompanha os meus posts, deve imaginar de quem estou falando, e deve saber com razoável precisão o que penso. Quanto a esse ato, só soma na lista. Um dia eu falo dela. Para eles.

E como diria Ibrahim Sued: "Os cães ladram e a caravana passa". Vamos em frente.

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