Caso eu não tenha falado ainda por aqui, eu sou um curioso por aviação de defesa, ou como queiram aviação militar. Quando garoto, ganhei do meu avô a coleção "
Aviões de Guerra", e li os 9 volumes. Ainda li algumas revistas de aviação militar, e sempre que dá futuco um pouco no assunto. Tenho amigos no trabalho que também gostam, logo dá para me manter atualizado filando as revistas
Tecnologia e Defesa de um deles.
Logo, quando o Governo Brasileiro começou o programa F-X2, fiquei curioso. Afinal, era uma grande reforma na nossa aviação, trocar alguns dos aviões e fazer uma reforma geral, que já estava precisando. O Brasil tem na aviação de caça Northrop F-5E e Mirage 2000, sendo que os primeiros foram reformados e atualizados, ganhando mais tempo de vida útil (que já passou dos 35 anos). Os Mirage 2000, baseados em Anápolis, Goiás, substituíram os antigos Mirage III, e são aviões bem mais novos.
Na final do programa, ficaram o Dassault Rafale (a primeira foto), o Boeing (McDonnell Douglas) F/A-18E Super Hornet (a segunda foto), e o Saab Grippen (a terceira), num contrato para 36 aeronaves e R$ 7 bilhões, entre aviões, transferência de tecnologia, e um monte de coisas. Minhas considerações:
- O Brasil está certíssimo em cobrar transferência de tecnologia. É a possibilidade (ainda que remota) da gente montar os aviões e equipá-los por aqui.
- O Brasil já opera com aviões franceses, que são os Mirage III e os 2000. Logo, os Rafale, que são os sucessores naturais dos Mirage, teriam preferência nessa questão: Já temos experiência em mexer em aviões franceses.
- Os Saab Grippen são os meus preferidos, por serem aviões robustos, requererem pouca manutenção e serem muito ágeis. Os Grippen foram pensados para levantar vôo até de rodovias, e poder ser reabastecidos e rearmados em 10 minutos por uma equipe de 5 homens. Tem problemas como precisar de 800m de pista para decolar, e não sei como seria a transferência de tecnologia para o Brasil.
- Os Hornet são os pé-de-boi da Marinha estadunidense, e fazem de tudo: Caça, ataque ao solo, reabastecimento... Mas são um pouco datados: Serão substituídos pelos F-35 daqui a um tempo. Se bem que já provaram seu valor em combate, várias vezes, e tem manutenção muito barata. Os Super Hornet são a versão "overpower" do Hornet, e tem muitas melhorias, o que é animador.
- Tenho reservas quanto aos Rafale, por diversos problemas que houveram na produção, pelo preço alto e o custo de manutenção. Além disso, os Rafale perderam todas as concorrências internacionais que participaram.
- Os norte-americanos disseram inclusive em compartilhar toda a tecnologia dos Hornet para o Brasil, o que é espantoso. Obama ligou para o Lula duas vezes, falando a respeito. Eles querem mesmo vender aviões para nós.
- Teve gente pensando que a proximidade do Lula com o Sarkozy é o que vai decidir a parada, mas não é bem assim, o buraco é muito mais embaixo. O Brasil tem parceria militar com a França faz muito tempo. O porta-aviões São Paulo (antigo Clemenceau) que o diga. Mas a discussão ainda vai se arrastar por muitos meses.
Bem, concluo prefiro o Grippen, seguido pelo Super Hornet. O Grippen tem o problema de ter a necessidade de quase 1 km de pista para subir. O Super Hornet é o mais velho de todos, mesmo atualizado e cheio de provas de sua eficiência em combate. O Rafale me parece uma opção mais cômoda, mas é um avião muito caro, se bem que é o mais moderno dos três.
Quando ao que saiu na segunda, o Lula falou demais e já correram para desmentí-lo. Parece que ainda serão 6 a 9 meses de estudos por parte do Ministério da Defesa. É claro que ele quer fazer "uma média" com o Sarkozy (mais lembrado por nós, cariocas, pela sua belíssima esposa, a Carla Bruni), mas mais uma vez, nosso presidente
perdeu uma chance de ficar calado.
Quanto ao que vai sair... Vamos esperar.
PS: Curioso como os jornalistas-com
entadores-opinadores de plantão (Bóris Casoy e Ricardo Boechat) divergem quanto a esse assunto. Bóris disse que é realmente necessário reaparelhar as Forças Armadas do Brasil, que estão sucateadas, que proteger a Amazônia, a costa, o pré-sal e o escambau é importante... Enfim, ele faz coro com o que o presidente disse. O Boechat (assumidamente pessimista) apenas reafirma a velha cantilena de que tem que investir em saúde e educação... Mais um daqueles que acham que o homem não deveria ter ido à Lua, que não consegue entender que isso também é desenvolvimento. Mas dessa raça de jornalistas, eu expresso minha opinião depois.Marcadores: aviação, Brasil, caça, Grippen, militar, rafale, Super Hornet