30 julho 2008

"Hancock"

Assisti hoje, no mesmo cinema a R$ 5, na última sessão. Filminho suave, para desligar o cérebro e divertir-se. Will Smith (o queridinho da Columbia Pictures) é um super-herói que salva as pessoas, combate o crime e destrói tudo no caminho. Completamente descuidado, estabanado, beberrão (sim, ele enche os canecos de uísque e do que vier pela frente), e com isso torna-se divertido. Claro, toda a cidade de Los Angeles quer ver ele pelas costas, chamam ele de bundão, ele no fundo sente-se um rejeitado, etc e tal. Daí, salva a vida de um relações-públicas (e faz descarrilhar um trem todo por causa disso), que oferece uma mão para mudar a imagem a seu respeito. Em paralelo, descobertas sobre o seu passado - que ele não lembra de nada (2 tíquetes para ver Frankenstein, com Boris Karloff, a única pista), e a reabilitação, com algumas passagens bem engraçadas.
Filme leve, cheio de clichês: herói desajustado sofre revezes, tem uma reviravolta, começa a acertar... Daí ele descobre coisas sobre ele mesmo que não sabia, tem uma recaída, problemas... E a reviravolta final. Vocês já viram isso, curto (1h40m, acho), vale pelos efeitos especiais e pela diversão. Se você for pagar pouco (tipo... R$ 5), vale pelas risadas.
Vi dublado, coisa que eu não fazia há muito tempo, e a dublagem está ótima (para a alegria de um amigo meu, em especial), divertidíssima. Só não chame ele de otário, tá? Tirando isso, tá tranqüilo.

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28 julho 2008

Hibernação no Fedora

Uma das coisas que quis mexer agora, no período de recesso (férias é piada de mau gosto) é colocar funcionando a hibernação, que é a capacidade do sistema operacional suspender o funcionamento, salvar tudo o que foi feito e guardar em disco. Quando religar o micro, ele restaura tudo do ponto em que parou. O Windows tem essa opção, e isso é muito prático em notebooks, principalmente. Mas eu queria pô-lo rodando em desktops.
O kernel padrão do Linux tem já o suporte a software suspend, na memória e em disco. Mas eu queria colocar o suspend2, também conhecido como TuxOnIce (que vocês vêem o ícone aí do lado). Esse é mais completo, permite comprimir a imagem, checagem de erros, modo quiosque (guarda a imagem e não deleta ela), entre outras coisas. Ah, tem suporte aprimorado a processadores multicore e multiprocessamento simétrico.
E como eu sou chato, gosto de compilar o meu kernel. Sempre prefiro. A maneira fácil é pegar o repositório yum do TuxOnIce, instalar os pacotes recomendados, colocar o kernel deles, e pronto. Funciona muito bem. Mas eu quero compilar e fazer funcionar no meu kernel, porque depois que funcionar no desktop, vou fazer o mesmo para o notebook. E no Legolas, quero acrescentar umas otimizações para economia de energia.
Pois é, li configurações, futuquei um pouco, compilei e reiniciei muito o micro... Acabei descobrindo um galho no programa que cria o initrd do sistema. Descomprimi o pacote, fui lá, abri o init e alterei as chamadas. Funcionou! O problema é que os efeitos 3D no desktop (Compiz Fusion) foi para o saco: Uma grande tela branca. Depois de testar com o kernel "padrão" do TuxOnIce, coloco uma seção da configuração, a de dispositivos gráficos, exatamente igual como está no kernel "padrão", no meu. Funcionou. Ótimo!
Agora tem alguns detalhes a serem resolvidos:
  • O módulo de rede (o malfadado forcedeth) precisa ser desativado quando o micro entra em hibernação, e reativado quando o micro volta do "sono". Tem como fazer isso, eu coloquei mas não necessariamente funcionou. Resumo: Preciso fazer um rmmod forcedeth ; modprobe forcedeth para ele achar a rede.
  • Ligar a opção da tela de desligamento no framebuffer, para termos um gráfico simpático mostrando que a máquina está entrando em hibernação, com direito a barra de progresso.
  • Fazer uma limpeza na configuração do kernel, deixei algumas partes como o "original", logo um monte de tralha ligada desnecessariamente.
Bem, depois vou dar uma geral e partir para criar o kernel novo para o notebook. Além de ligar as opções de hibernação, quero colocar as otimizações sugeridas pelo utilitário powertop, da Intel, e o suporte ao bootsplash. Aí sim, vai ficar legal. E depois, vou ver se escrevo um artigo para algum site de Linux por aí, já que isso é bom, útil e vai valer a pena para alguém.

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27 julho 2008

"Life on Mars"

Ultimamente ando vendo muitas séries inglesas. Já citei aqui Doctor Who, que virou uma das minhas favoritas (e a 4a temporada foi uma das melhores), e se lembro bem, Torchwood, um spin-off da série do Doutor, que é uma série para adultos fantástica, tanto roteiro quanto produção. Ainda tem The I.T. Crowd, que os mais geeks conhecem (está na 2a temporada), e Red Dwarf, uma série que eu considero "intraduzível", por causa de tantos cacos e gírias locais (ficção científica com humor). Agora vou citar mais uma, Life on Mars.
Muitos quando vêem esse nome pensam que é uma série de ficção científica. Cláudia pensou isso também. Mas na verdade é uma série policial. O por quê do nome? A música "Life on Mars", single lançado em 1973, pelo "camaleão do rock" David Bowie. E tem a ver com a história, que é razoavelmente simples: Um detetive da polícia, Sam Tyler, na busca por informações que levem ao paradeiro da sua parceira e namorada (sequestrada por um serial killer), é atropelado por um carro, e de repente, acorda e se vê em 1973. Nada muda e tudo muda na vida dele: Ele continua policial, trabalhando na mesma delegacia, morando na mesma cidade (Manchester)... Só que 33 anos antes (a série é de 2006). Daí... Começa o choque de culturas e a investigação policial, que faz a série ser tão interessante. Afinal, ele é um policial dos anos 2000, confrontando os métodos e práticas da polícia dos anos 1970, no interior da Inglaterra.

O que aconteceu com ele? Bem, supomos todos nós que ele está em 2006, em coma, no hospital, e tudo o que acontece ao seu redor é fruto da sua imaginação. Mas ao mesmo tempo, o curioso é que ele imagina toda uma cidade, uma vida com uma riqueza de detalhes impressionante. Se temos o controle dos nossos sonhos, poderíamos tornar a nossa história ao nosso favor. Não é bem assim que acontece: O choque de culturas, a caracterização, e os crimes, que acontecem e ele tem que resolver, as pessoas que morrem, as negativas que ele recebe... O chefe dele (Gene Hunt) é a completa antítese dele, e as discussões entre eles estão entre as coisas mais engraçadas da série, o cara age como se fosse um xerife de uma cidade do Velho Oeste.

A dúvida está presente o tempo todo sobre Sam, que fala no início de cada episódio, que não sabe se está louco, se está em coma ou que realmente viajou no tempo. Em vários momentos ele ouve sinais como que de aparelhos médicos, gente falando com ele, e uma garotinha agarrada a um palhaço, que ele dialoga e que aparece sempre na televisão, na madrugada, fora do ar.

A caracterização é muito bem-feita, e faz a gente se divertir com as referências, elementos e detalhes. Vemos muito do que foi os anos 1970 nos Estados Unidos, mas pouco do que foi em outros países. Essa é uma oportunidade de ver como foram "aqueles loucos anos" nas Ilhas Britânicas.

Interessante avaliar as diferenças das polícias: Se em 2000 há uma ênfase forte em perícia forense, em 1970 a solução é espancar alguns suspeitos até que eles falem algo. Nada de proteger testemunhas, ou escudos e capacetes para a polícia contra multidões enfurecidas: Cada um pega uma "ferramenta" (marreta, pedaço de pau, etc) e vai para cima. Vemos ocorrências de provas plantadas, confissões arrancadas a base de muita pancada, mentiras, gente sendo presa sem motivo aparente, machismo (a policial feminina é formada em psicologia mas é ignorada por quase todos), suborno... Ou seja, dá para concluir que a polícia brasileira parou, em boa parte, nos anos 1970. Notável a semelhança! E o dono do bar onde eles bebem é jamaicano (e o reggae surgindo no horizonte), que acha estranho "ter uma televisão no bar".

Cada episódio tem um foco: Em um, o início das rivalidades do futebol (mostrando os dois times da cidade, o United e o City), que deu origem aos hooligans. Em outro, os sindicatos, e o início da decadência da indústria têxtil britânica (em 2006, Sam mora num loft que foi construído numa antiga fábrica de tecidos). Em mais um, os "gângsters" (não é bem o termo, mas que seja), que mandam na cidade, inclusive na polícia (à base de muita propina). E por aí vai.

É uma série curta: 2 temporadas, 8 episódios cada. Episódios longos, quase 1 hora cada (sem os comerciais). Ganhou o BAFTA (o "Oscar" inglês) e o Emmy (o "Oscar" da TV), e seguindo a trilha de The IT Crowd e The Office, terá uma versão estadunidense, a partir desse ano (já saiu o piloto em sites de torrent). Como quase sempre, a falta de dinheiro (tem poucos figurantes na cidade) são compensados com bons roteiros. Sim, a série é muito boa, e eu não sei como vai acabar (ainda estou na 1a temporada).

No Reino Unido, haverá uma nova série em 2009, Ashes to Ashes, que será uma continuação de Life on Mars, tanto que será mantida parte do elenco original. A referência é ao single do mesmo nome e de grande sucesso, de 1980, do David Bowie. Vamos ver se vai ser tão boa quanto a original.

Algumas poucas trívias:
  • Ele encontra com ele mesmo (em 1973, ele tinha 4 anos), e vê a mãe, nova, ser achacada por um "cobrador de impostos".
  • Sam Tyler estava ouvindo "Life on Mars", no seu iPod acoplado ao som do carro dele, quando aconteceu o atropelamento. E quando ele acorda em 1973, ele está ouvindo Life on Mars... Num toca-fitas (na verdade cartucho), num Ford Cortina (ou Granada, não lembro bem).
  • O ator que faz o Sam Tyler é o "Mestre" John Simm (quem assistiu a 3a temporada do Doutor entenderá).
  • O chefe de polícia berra num bar: "O quê? Não haverá uma mulher primeiro-ministro enquanto eu tiver um num buraco na minha bunda!" E Margaret Thatcher, então, assumiu seis anos depois...
  • E quando a Annie Cartwright (uma policial feminina) pergunta sobre as "alucinações" que o Sam vinha tendo, e ele responde: "Eu vou pedir ao Doctor Who para me receitar uma medicação...". E a série do Doutor, na sua primeira versão atravessou os anos 1970 afora (1963-1989).
  • Na versão americana, vai ter o Colm Meaney, o Chefe O'Brien de Star Trek: DS9.
Enfim, vejam. É uma série muito boa, eu recomendo.

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25 julho 2008

Amar é...

... jantar com ela pensando em assistir um episódio de Torchwood, ou Life on Mars, e ser obrigado a ver "Feliz Ano Velho", na TVE.

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24 julho 2008

"Para os maus, pau!"

Por causa das aulas de Programação para a Web, temos que ter instalado nas máquinas o servidor Web IIS, da Microsoft. E o IIS está configurado para acessar uma página (D:\Minhas Paginas), e responder à requisições via Web, requisições que podem partir de toda a rede. Junte isso com um monte de adolescentes dispostos a fazer o que não se deve, e você tem de tudo sendo compartilhado pela rede: Filmes, jogos, ROMs de emuladores, pornografia... Dizem as más línguas que até pedofilia foi avistado num laboratório.

Uma das soluções possíveis é colocar o IIS para responder somente requisições locais, ou seja, do endereço 127.0.0.1. E dá para fazer, só que o IIS instalado nas máquinas não dá essa opção. Ela está desligada, e não descobri como ligá-la. Talvez seja uma restrição por estar usando o Windows 2000 Professional, e não o Server, nas máquinas. Pesquisei, mas não descobri como (se alguém souber como fazer isso no 2000 e/ou no XP e puder me dizer, agradeço).

Outra opção seria jogar tudo na máquina do professor, removendo os IIS das máquinas de alunos e colocando tudo nas máquinas de professor. Bem, de 120 máquinas, reduzimos para 10. Mas um professor reclamou, disse que isso não é bom academicamente, que o melhor esquema de desenvolvimento Web é mesmo tudo local, etc. É, concordo em parte com ele. Mas não faria mal tentar.

Mais uma opção seria a louca idéia de cadastrar todos os alunos que tem acesso às máquinas, e fazer restrições de acesso por usuário. Bem, tem vários fatores que tornam essa idéia inviável, como:
  • Mais de 1000 alunos na informática, e pouco mais de 3000 alunos na escola como um todo. Teremos que cadastrar todos os alunos da escola, não só os da Informática. Afinal, alunos de outros cursos tem aulas de Info, e o pessoal da Mecânica usa nossos micros para aulas de CAD. E sempre tem um ou outro aluno pedindo para usar nossos computadores para "fazer pesquisa".
  • Uma sobrecarga absurda na base LDAP do servidor (que aguenta), cadastrando aluno por aluno. Fazer isso de forma automática é viável e relativamente fácil, mas o problema é depois gerenciar isso tudo.
  • O usuário é adolescente, logo teremos problemas com senhas perdidas e esquecidas, gente compartilhando senha e alunos de outros cursos cujas contas serão usadas para fazer o que não deve na rede.
  • Perfil móvel para todo mundo, de usuário convidado. Mas é espaço em disco desperdiçado.
  • Incluir todas as máquinas da escola no domínio de rede. Nosso servidor é Samba, estações com Windows. Ainda não descobri uma maneira de fazê-lo automaticamente, o que seria deveras interessante. De novo, se alguém souber, me fala.
São todos usuários convidados, e não dá para jogar para eles a responsabilidade da conta. São muito imaturos para isso. Logo, em resumo, isso funciona bem numa empresa, onde os funcionários tem (algum) nível de responsabilidade. Mas numa escola, não tem jeito. Inviável, ainda mais com a diminuta equipe (3 professores, 3 estagiários).

Daí, volto ao início: Como entrar nas máquinas, apagar todo o lixo que está nelas, de forma que eles não percebam, e possa coagí-los a aprontar menos? A solução, como (quase) sempre, está no Linux. Para ser exato, no Cygwin.

E o que é o Cygwin? Segundo o site do Aurélio sobre o Cygwin, "O Cygwin é um programa que se instala no Windows, trazendo o poder da telinha preta do Linux para o sistema das janelas. Não é preciso "dual boot" ou instalar o Linux, pois o Cygwin roda junto com o Windows. É mágica!". Ou seja, eu posso instalar vários programas que rodam em console do Linux, no Windows. Afinal, "linha de comando é o maior barato". E tem muuuuuuuita coisa que pode ser instalada. Se você tiver curiosidade, pegue essa ISO aqui e veja. Até o GNOME, numa versão não muito antiga está disponível.

Então, o que eu fiz? Instalei o servidor SSH, bash e mais meia-dúzia de comandos (incluindo o shutdown) na imagem de instalação, configurei tudo como manda o figurino, e fiz alguns scripts, colocando no diretório /home/administrador. Logo, eu posso agora logar numa máquina Windows (via SSH), disparar um script para apagar o drive D, e através da troca das chaves públicas, posso apagar também o drive D de todas as máquinas que eu quiser. Já tem scripts prontos para isso.

E o melhor é que eu posso abrir uma sessão VNC, ver o que o aluno está fazendo, logar na máquina dele, apagar os arquivos suspeitos e ainda apagá-los também de um meio externo, como um pendrive. Um aluno abusado (e que acha que é o "fera" em Windows) falou outro dia para mim: "Ah, agora vamos ter que jogar a partir do pendrive, só!". E eu respondi: "É, mas eu posso também apagar o seu pendrive". Sem contar que o shutdown foi instalado, logo eu posso também desligar o micro do aluno, na cara dele. Só faltava a webcam em cada máquina, para registrar o rosto do meliante. Mas isso fica para a próxima etapa.

Por isso o título lá de cima, que vem de uma fábula contada por Monteiro Lobato, conhecida como "As Duas Cachorras". A partir de 28 de julho, algumas coisas irão mudar... Inclusive preciso colocar um texto no drive D, explicando o que podemos fazer, para que ninguém venha choramingar dizendo que foi "injustiçado". Todos estão cientes do fato, ou tem como saber as novas diretrizes de forma fácil.

PS: Depois da pedofilia, queríamos zerar a área dos alunos diariamente. Mas numa reunião, os meus "colegas de trabalho" pediram para que fosse apenas uma vez por semana. A alegação de alguns deles é que "o aluno não tem dinheiro para comprar pendrive". Além da resposta comum, a "salve no pendrive do seu amigo do lado", fui ver o preço de um pendrive no BoaDica. E depois de vê-lo, me pergunto: "Em que mundo esses tapados estão?" Fala sério, um pendrive de 512 Mb é mais barato do que um lanche no McDonald's! Vai dizer que aluno não tem R$ 10 para um pendrive de 512 Mb?

PS 2: Bem, do jeito que foi, posso zerar quantas vezes quiser ao dia. Ficou mais fácil controlar as máquinas todas.

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Yes, nós temos antena!

As coisas aqui em casa estão caminhando. Aqui vai uma listinha em ordem "descronológica":
  • Ontem lixei mais de 100 m de rodapés (fora os alisares de porta), hoje apliquei seladora. Amanhã devo envernizar, e quem sabe, no fim de semana a gente começa a colocar tudo.
  • Instalei luminárias num dia desses: Uns 11 globos, 4 plafons, 2 spots, 2 luminárias pênseis, de tudo um pouco. Cansou (muito) o braço. Ainda foi preciso uma gambiarrazinha pequena ou outra, para uma luminária com luz independente.
  • Ainda brigas com o telhado, faltam as cumeeiras, e a água que teimosamente entrou, empoçou sobre o vão da escada, e ganhei um novo furo no gesso, no caso agora o gesso do vão da escada. Eu mesmo fiz uma massa com gesso e tapei o burraco. Está um remendo feio, mas funcionou.
  • E o gás? Finalmente fizeram a solda. Ligamos os botijões, um grande e um pequeno. Mas havia vazamento na solda, já que a posição é das mais ingratas para soldar (de baixo para cima). Veda-se com Durepóxi, e na 3a vez o cano não vaza mais. Mas ao mesmo tempo é recomendado remover o durepóxi e refazer a solda. Amanhã iremos ter isso.
  • Caixa d'água colocada um pouco torta, desce mais água que deveria pelo ladrão, e essa água bate no mesmo ponto na junção do telhado da garagem com a parede da casa. Resultado: Pontos de parede molhada no quarto ao lado do escritório, e lá vou eu mexer na bóia novamente...
  • Nunca imaginei que limpar caixa de gordura poderia ser tão nojento.
  • E os filtros da caixa d'água? Que saco fechá-los... Mas consegui, estão funcionando bem.
  • Mas graças a R$ 55 da Cláudia e a ajuda mais do que providencial do esposo da nossa amiga e faxineira, agora temos uma antena UHF no telhado de casa. Ironicamente, apontando para frente. Queria que tivesse ficado mais alto, mas está bom do jeito que está. Alguns cortes nos dedos, brigando com os cabos coaxiais, um pouco de trabalho para embutir o cabo... Mas o resultado é recompensador: Temos mais canais em qualidade (muito) melhor. Alguns parecem um cinema. Outros estão piores, mas eu daria como nota total um 7,5. No futuro, TV digital.

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23 julho 2008

"Cavaleiro das Trevas"

Gostaria de abrir esse post apenas definindo o filme com uma palavra: perturbador.

Vamos ao filme. Spoilers liberados, se não viu, pule esse post e vá para outro.

Como não poderia deixar de ser, fui ver "Cavaleiro das Trevas" ansioso. Afinal, Batman é o meu herói favorito, e o preferido por parte dos leitores da DC Comics (pelo menos, quem vende mais quadrinhos). Fui ver hoje, numa primeira sessão do cinema que tem no Bangu Shopping (sala boa, preço bem em conta, R$ 5 - recomendo), e saí... Impactado.

O filme joga o velho maniqueísmo de heróis bons versus vilões maus por terra, e o que mais traz é desesperança. É quase anti-cristão, o filme... Por trazer desesperança. Não há como ter dias melhores. Não há como ter salvação para Gotham. Em um dado momento, Bruce Wayne sonha em ter uma vida normal, não mais ter que ser o Batman... E isso tudo desmorona. Parece uma sina, a dele. E essa desesperança (nada de um escoteiro azul para salvar o dia) vem tingindo o que era preto e branco com incontáveis tons cada vez mais escuros de cinza, cada vez mais próximos do preto, a ausência de todas as cores. Meus sinceros parabéns a David S. Goyer e os irmãos Chris e Jonathan Nolan. Nunca ninguém ousou tanto num filme "pipoca".

Claro, o que atrai todo mundo é uma sucessão de cenas de ação magistralmente bem-feitas, costurado com um roteiro bem amarrado, cheio de citações e referências, respeitando o que os fãs gostam, e atraindo mais gente para o personagem.

O Coringa

O filme é fantástico, gente. Vejam! Heath Ledger esta(va) um Coringa assustador, mesmo com a clara maquiagem (ao invés da corrosão da pele por ácido), cabelo louro levemente esverdeado (e não verde) e piadas um tanto quanto infames. Logo, fugiu (um pouco) da mitologia do personagem. Faltou também o gás do riso, é verdade. Mas talvez tenha sido cortado por não ser palpável a sua produção, assim como Peter Parker no cinema, que secreta as suas teias, e não as produz em um laboratório caseiro (se eu fosse ele, venderia a patente à 3M).

Mas, voltando ao Coringa... Será difícil existir um vilão tão... Assustador como ele. Novos vilões no cinema irão se pautar no trabalho de Ledger: Os traquejos, os tiques nervosos de um homem doente, a risada nervosa, a habilidade para a fuga, os planos de destruição em massa... E o desprezo pelo dinheiro. Como ele mesmo disse, ele é "um agente do caos", e não está lá muito interessado em algo "tão indigno quanto dinheiro". Afinal, o que ele gosta (gasolina, pólvora, etc., são baratas!). Citações veladas a "Asilo Arkham", de Grant Morrison e Dave McKean (que foi uma das graphic novels que o Ledger leu para compor o personagem), e à "Piada Mortal", do mestre Alan Moore, trazem a nós o seu principal interesse: Provar que a diferença entre um homem são e um louco é apenas um dia ruim. Ou seja, justificar a própria loucura, como foi feito no segundo álbum que citei acima.

Finalmente, faz-se justo o comentário que ouvi: "O Coringa de Heath Ledger faz o Coringa de Jack Nicholson, em Batman (1989) parecer o Ronald McDonald". Eu diria que lembra mais o Bozo.

O Batman

Batman não é herói, e o Michael Caine (Alfred) certa vez disse: "O Superman é como os Estados Unidos se vêem. Batman é como todo o resto vê os Estados Unidos". Ele é um "mal necessário", aquele que será o bode expiatório de uma sucessão imensa de mortes e crimes hediondos, voltando às trevas, daonde não sai mais. Nada de heroísmos, mas ainda acho que ele usa um filtro na garganta para fazer aquela voz rouca...

Referências

Algumas citações aos quadrinhos, ainda que veladas, passaram pelos meus olhos, e lá vão elas:
  • O comissário de polícia anterior a Gordon chama-se Loeb. Não é uma citação a Jeph Loeb, escritor das histórias "O Longo Dia das Bruxas" e "Vitória Sombria", por mais que eu achasse que fosse. Mas é uma citação a "Batman: Ano Um", quando Gordon ainda é tenente, e o comissário é um homem corrupto (como quase toda a GCPD).
  • O álbum de Frank Miller, "Cavaleiro das Trevas" sempre é referência, mesmo que velada. Os "filhos do Morcego", a gangue que combate o crime vestidos de morcego, são idéia chupada do quadrinho. Com a diferença de que os vigilantes mal-preparados usavam coletes e apanhavam mais do que batiam. Mas causavam alguma apreensão, meio que na onda do morcego.
  • O Asilo Arkham é novamente citado, mas apenas uma vez.
  • Se reparar BEM no rosto do Harvey Dent, deformado após o acidente que o tornou o Duas-Caras, vão lembrar que os rasgos na bochecha, o olho esbugalhado, a boca aberta, a cor da... "Pele", são exatamente iguais aos dos quadrinhos. Pode comparar que está certo.
  • A volta ao anonimato, às sombras. O bat-sinal destruído, o fim da ilusão de que as coisas poderiam ser melhores... Mas não em Gotham. Tem isso em alguma história.
Curiosidades
  • Ainda não temos bat-caverna, Wayne Manor ainda está em reconstrução. Mas a base passou para o subsolo de um depósito de contêineres. Em algum história (eu não lembro qual) é falado que o Batman tem outras bases espalhadas por Gotham. Pois é... Ainda não temos um super-computador, nem muita demonstração do Batman como o maior detetive do mundo, mas o ambiente já dá a idéia... Embora seja claro demais.
  • Lucius Fox, o último dos homens dignos, entregando tanto apetrecho tecnológico para o Bruce. Sim, Lucius virou o armeiro não-oficial do Batman. Quer queira, quer não.
  • Vale lembrar que Alfred Pennyworth foi do Real Exército Britânico antes de seguir a "sina" da sua família e tornar-se mordomo de mais um Wayne. A citação dele ao que fez em Burma é bem plausível, embora não seja comprovada.
  • A detetive latina que segue Gordon quase todo o filme NÃO é Reneé Montoya, como eu pensei. É outra, Ramirez (eta nomezinho comum para latinos em Hollywood). E há pelo menos um policial que a gente olha e diz: "Ih, olha o Harvey Bullock". Mas é o Detetive Stephens, não é citado o nome.
As atuações

Tirando Heath Ledger (maravilhoso) e Christian Bale (sou fã do cara), Michael Caine está ótimo, Aaron Eckhart me surpreendeu (a cena dele esmurrando um réu que puxa uma pistola é ótima), mas não lembro se vi algum filme com ele ("Obrigado por Fumar", "Paycheck", "Erin Brockovich", etc). Gary Oldman está muito bom como Gordon. Eu também sou fã do sujeito, tem isso. Morgan Freeman, sempre fenomenal. Agora, a Maggie Gyllenhaal me decepcionou (falo mais embaixo)

A coletânea de frases pescadas do filme é imensa, e a maioria, do Coringa. Se você olhar a ficha do filme no IMDb, vai ver lá. Mas algumas são memoráveis, e vale sugerir a todos que vejam uma, na 1a cena em que o Harvey Dent aparece. É impagável, assim como várias do Coringa. Uma nota: O nome em português (Cavaleiro das Trevas) ainda é mais sinistro do que o nome em inglês ("Cavaleiro Negro").

A sequência dele em Hong Kong, pegando o Sr. Lau (o contador dos mafiosos de Gotham) é divertidíssima, e citação do Lucius Fox ao projeto Anzol, da CIA, é válido: O uso de um C-130 modificado (acho que é um MC-130) foi testado sim, pela CIA.

Outra maravilhosa foi a sequência a lá "Tropa de Elite", do interrogatório do Coringa. A sala está escura, Gordon fala com ele, solta as algemas (e ninguém entende), ele fala sandices... Até que o Batman se manifesta, enfiando a cabeça dele (com vontade) na mesa. E ele retruca: "Na cabeça não, a vítima fica zonza...".

Furos

As minhas "broncas" são:
  • Colocar o Duas-Caras já nesse filme eu não achei bom, ao contrário de alguns críticos. O que levou Harvey Dent a ser o Duas-Caras? Todo fã sabe da dupla personalidade do Procurador Geral de Gotham City, do seu fascínio pelo número 2 (compartilho em parte, é o único número primo par), e que o acidente que deformou o lado esquerdo do seu rosto libertou esse outro lado. Só que não fica claro isso no filme. A maneira de libertar o Duas-Caras foi apropriada, e mais plausível do que um frasco com ácido jogado por um réu mafioso no rosto de Harvey. A moeda tem um lado cortado à faca, não queimado. São detalhes, e da maneira que ficou, foi mais plausível. Mas mesmo assim, o que ele levou ele a recusar enxertos de pele e analgésicos? O que fez dele um homem que vive na dualidade de pensamentos, e deixando o acaso conduzir a sua vida? Não ficou nada claro.
  • A Batpod (Bat-moto) é uma incoerência por si só. Aquela moto é impossível de ser feita. Não tem como virar o guidão! Ela só anda em frente? E fazer com que ela saia do Bat-móvel, daquela maneira... É estranho pacas.
  • Aquele "Espantalho" do início do filme, quem era? O mesmo de sempre, o (agora) fugitivo do Arkham, é isso? Também não ficou claro, ao menos para mim.
  • Aliás, agora todo mundo sabe a identidade do Batman? Bruce Wayne, Alfred, Rachel Dawers (morta), Lucius Fox (não vai dizer q ele não sabia?), o Coringa (está implícito, quando ele fala da "namoradinha" do Bruce Wayne para o Batman)...
  • 30 milhões de celulares captando sons e enviando para um super-computador no Departamento de Pesquisa da Wayne Enterprises, levantando tanta informação e e gerando verdadeiros mapas de sonar... Nada plausível, visto que existem dezenas de fabricantes de celulares, com diversas tecnologias, muitas completamente incompatíveis entre si. E injetar aquilo em TODOS os celulares, ou pelo menos nas Estações Rádio-Base de todas as operadoras de celular de Gotham... Muito improvável. Sem contar que muitos não deveriam estar portando celulares na ocasião. Como policiais da SWAT, por exemplo.
  • Ué, Lucius Fox agora é a Oráculo? Ele vai orientando o morcegão, por onde ir, aonde entrar... Isso não era papo da Bárbara Gordon? Se bem que ela é hoje em dia apenas uma garotinha de 4, 5 anos, apenas.
  • Um pouco piegas aquele papo das barcas, a dos presos condenados e a dos cidadãos de bem. Claro, ele quis mostrar a dúvida, o medo que leva a pessoa a cometer atos desesperados e que se arrependem depois. Acho que a melhor sequência que eu vi recentemente foi o episódio "Midnight", da 4a temporada do Doctor Who. Não se encaixa em nenhum arco de histórias, mas vale ver para refletir se aquela frase não vale: "O homem é o lobo do homem". Mas o preso jogar o detonador fora... Sei lá, soou forçado a querer trazer alguma esperança.
  • Maggie Gyllenhaal tem a sensualidade de um elefante velho. Fraaaaca... Ah, que saudades da baixinha da Katie Holmes, que era charmosa e competente. Essa é apenas um pouco competente. Se bobear, nem isso.
Conclusão

Ouvi comentários curiosos, de psiquiatras e críticos renomados, impressionados com o Coringa, o Batman, o filme em si. E para eles, apenas uma frase: "Bem-vindos aos quadrinhos!". As (boas) histórias são isso e ainda mais. Vai ser difícil fazer filmes baseados em quadrinhos agora. Depois de "Cavaleiro das Trevas", será um degrau acima os próximos filmes de heróis.

PS: Reparem no celular do Lucius Fox, é um Nokia novo, que ainda não tem no mercado (cortesia do podcast Now! Café). Eu sei que é minha impressão, mas a interface é muito parecida com as versões que vi por aí do Android, em particular uma delas. Curioso.

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