20 agosto 2012

"O Cavaleiro das Trevas Ressurge" - minha análise

Bem, eu analisei aqui o Batman Begins (em 2005), e o Cavaleiro das Trevas (em 2008). Logo, nada mais justo do que analisar O Cavaleiro das Trevas Ressurge, em 2012. Se prepara que ficou longo.


Antes de tudo, vou dizer a vocês todos que gostei do filme, mas houveram algumas coisas que, como fã do Morcegão, me deixaram profundamente incomodado. Logo, sou obrigado a classificá-lo como o mais fraco dos três (na minha opinião). Vamos falar do filme. Tem spoilers, tá? Se tiver algum problema, pule e não leia o resto. Do contrário, continue comigo.

No filme, Bruce Wayne vive há 8 anos recluso em Wayne Manor, depois dos acontecimentos do segundo filme, morte do Duas-Caras, Coringa, etc e tal. O testemunho do comissário Gordon fez com que Harvey Dent fosse alçado à posição de herói, e uma nova legislação municipal tornou a vida dos bandidos de Gotham muito pior, lotando o presídio de Blackgate (que existe nos quadrinhos, ou você acha que só tem o Asilo Arkham por lá?). Logo, Gotham está numa calmaria quase assustadora.

Eis que surge, na trama, Bane. Aqui, Bane é um terrorista internacional, que age junto com um empresário inescrupuloso, (John) Daggett (que até onde sei, só vi nos desenhos animados dos anos 90), com o objetivo de incorporar as Indústrias Wayne. Por ocasião do filme, a Wayne Enterprises investiu tudo há 3 anos em um projeto de geração de energia por fusão nuclear, e está quase falida. O projeto é de Miranda Tate, membra do conselho diretor da empresa.

Selina Kyle, a Mulher-Gato (embora não haja referências claras ao seu nome ao longo do filme), é uma ladra habilidosa, e age a serviço de Daggett por ter medo de Bane e querer limpar sua ficha criminal. Ainda temos um policial que faz a ponte para que Bruce Wayne volte a ser o Batman. Esse policial, John Robin Blake é órfão, e tem um papel importante na trama. Selina também tem seu papel, não só de ser a badass gorgeous girl.
 
Bane é interpretado por Tom Hardy, que deve ter tomado muita bomba para ter ficado daquele tamanho todo. Selina é interpretada pela Anne Hathaway, que pela primeira vez me passou a imagem de uma mulher atraente e sedutora. Não sei se é porque a vi em comédias românticas, mas a impressão que dá é que ela tem mais cara de pateta do que charmosa.

Ainda temos Miranda Tate, que é interpretado pela oscarizada Marion Cotillard (não a reconheci, lamentável) e os mesmos de sempre: Christian Bale, Gary Oldman, Morgan Freeman, Michael Caine. Nota para a participação de Matthew Modine, como o policial Foley.

Maiores detalhes vocês podem ler na página da Wikipédia sobre o filme.

Sobre o filme

Novamente sufocante, desesperançoso, pesado, e violento. Eu não sei se foi o cinema onde assisti, mas parecia que aplicaram sépia de leve no filme. Acho que isso contribuiu para criar o ar depressivo.

Resolveram o problema da batpod virar curvas (de uma maneira MUITO esquisita), e apareceu o bat-cóptero, ou seja lá como chamam... Em suma, é uma solução muito curiosa e interessante, dada pelo Lucius Fox, o armeiro não-oficial do Morcego. A Mulher-Gato está muito bem, Bruce Wayne também está bem, se bem que já o vi rendendo melhor em outros filmes. Alfred, como sempre, sensacional. Gordon está meio apagado, e os coadjuvantes (incluindo o Foley), tem alguns lampejos.

Furos

Vamos ao que me incomodou:

  1. Mudanças nas origens: todo mundo sabia que Talia iria aparecer, e admito, me surpreendi ao descobrir o óbvio, que Miranda Tate é Talia Al-Ghul. Mas a origem dela, na prisão de Santa Prisca (em nenhum momento o nome do país é mencionado), é completamente errada. A origem do Bane, então, está + bagunçada ainda, ele é a criança que foge da prisão, que não viu a luz do sol, etc e tal. Não ela. Se ela diz que o Bane era uma outra criança que fugiu, e que aquela máscara tornou-se necessária para ele depois disso... Aí eu aceitava. Mas do jeito que foi... Não.
  2. Personagens novos: todos percebem que o Blake será o Robin. Mas a origem desse Robin não tem absolutamente nada a ver com a origem "canônica" : Dick Grayson, depois de velho e ter virado Asa Noturna, foi policial em Bludhaven. E só. De comum, apenas que Blake, Dick, Jason Todd e Tim Drake são órfãos. 
  3. Filme muito longo: 2h45min de filme? Realmente gosto do personagem, mas o filme ficou comprido demais. O vai e vem da história, pelo menos para mim cansou. Entra Bruce, sai Bruce, surge o Bane, todo o desenrolar tornou o meio do filme chato. Aquela ida e volta do Bruce Wayne, de novo... Encheu o meu saco. Principalmente a ladainha da prisão.
  4. Falando em Bane, sou só eu ou aquele discurso todo dele cansou? Eu já não aguentava mais aquele discurso todo dele, aquele falatório... Não, não foi culpa da dublagem, foi o texto todo. Tremenda "fala-espada", comprida e chata. E no final das contas, o Bane resumiu-se a uma versão piorada de Hans Gruber, o falso terrorista de Duro de Matar, que na verdade quer apenas dinheiro (ações, no caso). Mas Alan Rickman está anos-luz à frente de um Tom Hardy com máscara metálica... E todo mundo quer arrancar aquela porcaria da cara dele. 
  5. O filme, em si, é a mesma história do primeiro, com algumas poucas mudanças: A Liga dos Assassinos vai destruir Gotham, Batman tem que impedir, tem uma reviravolta com a identificação de um personagem (no primeiro Ras Al-Ghul; no terceiro, sua filha), ocorre grandes explosões, cidade isolada... Ou seja, não há inovação. Parece que o Christopher Nolan estava mais preocupado em escrever o roteiro do novo filme do Superman. 
  6. O final, para fechar... Eu fiquei MUITO incomodado. Bruce Wayne, levando uma vida normal, ao lado de Selina Kyle? C/ a Selina tudo bem, a questão é viver uma vida normal. Relendo minha resenha de 2008, vejo q falei no Bruce querer largar aquilo tudo. Mas Bruce Wayne é um louco, obcecado em não deixar que ninguém sofra o q ele sofreu. E largar Gotham desprotegida não é algo que ele aceite. Alfred pedir demissão... Tudo bem, ele já fez isso várias vezes.Mas ele resolver viver "la vida loca", e passar tudo para o "Robin"... Não, não engoli.

Referências

Eu devo estar ficando velho, mas reconheci apenas "Terra de Ninguém" (o julgamento e Gotham isolada) e "A Queda do Morcego" (Bane quebrando a coluna do Batman). Há algumas referências, mas são auto-contidas no universo dos filmes: O Bat-sinal consertado, a frase q faz Gordon lembrar do pequeno Bruce Wayne sendo amparado por ele... Tem a estátua do Batman, que tem similar em "Digital Justice". Se alguém lembra de mais alguma, me fale.

Conclusão

Fechou a saga. Se tiver continuação, será o "Robin" como defensor de Gotham City. Se tínhamos esperança de ver Christian Bale num futuro filme da Liga da Justiça, esquece. Fechou bem? Bem, encerrou a história, mas pelos pontos apontados acima, para mim... Não fechou bem. Vale muito a pena ser visto, só não sei se veria novamente. Irei adquirir o DVD, mas certo de que o segundo ainda é o melhor.


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13 julho 2009

Ashes to Ashes

Depois de "Life on Mars" (a versão inglesa), estou assistindo com a Cláudia "Ashes to Ashes". Essa é a sequência direta da primeira, com diferenças e semelhanças, mais do segundo do que do primeiro:

Diferenças:
  • Agora é uma policial, Alex Drake, que vai parar no passado, em 1981 (a música do David Bowie, Ashes to Ashes, é de um single, de 1980);
  • Série centrada em Londres, e não em Manchester. Para ser exato, no posto policial de Fenchurch Leste;
  • "Ashes to Ashes" não tocava no momento do incidente que levou Alex ao passado, ao contrário de Sam, que ouvia o disco de David Bowie quando foi atropelado;
  • Alex (o nome dela é Alexandra) é psicóloga, divorciada, tem uma filha e estuda o caso de Sam Tyler, protagonista de "Life on Mars";
  • A referência à morte é de um palhaço, um pierrô sinistro, propositalmente semelhante ao palhaço da capa do single do David Bowie, por sinal (olha aí do lado). Em "Life on Mars", era uma menina que aparecia na TV;
  • O carro mudou: Era um Ford Cortina, agora é um Audi Quattro. Só que, curiosamente, não existiam Audis Quattro nas Ilhas Britânicas em 1981...
  • Um dos personagens principais divorciou-se nos últimos 8 anos... E pelo visto ele teve que engolir a Margaret Thatcher (*);
  • Alex encara o que acontece com ela já sabendo de que ela está em coma, baseado no que ela ouviu das gravações de Sam Tyler, quando emergiu do coma. Logo, ela imagina que todos são apenas frutos da imaginação dela... Mas um incidente no final da primeira temporada coloca isso em dúvida;
  • O bar tem bem menos relevância em "Ashes to Ashes" do que em "Life on Mars". E aqui, o dono da cantina é um italiano, Luigi. Em "Life on Mars", era um jamaicano que arranhava francês e era conselheiro entre uma cerveja e outra. O principal aconselhado? Sam Tyler, óbvio;
  • Sam decepciona-se com o pai... Alex decepciona-se com a mãe, uma advogada esquerdista e que teve algumas manchas no passado. Aliás, ela decepciona-se com o pai também, mas como ele quase não aparece... Vá lá, o que ocorre no final da 1a temporada explica;
  • Aqui, nada de telefonemas do "mundo real";
  • "Life on Mars" teve duas temporadas. "Ashes to Ashes" deverá ter três.
Semelhanças:
  • 3 personagens voltaram:
  1. Chris Skelton, o jovem e ingênuo policial;
  2. Ray Carling, o sargento grosso e troglodita, mas com um bom coração;
  3. E... Gene Hunt! Gene Genie está de volta, e mais grosseiro, briguento, preconceituoso e irônico do que nunca. Não é à toa que ele é listado em primeiro como personagem da série - ele é o personagem principal, e aquele que todos nós gostamos;
  • Temática quase igual nas nas temporadas:
  1. Ambos querem saber o que aconteceu com suas famílias: Sam quer saber o que aconteceu com seu pai, e tentar evitar que ele vá embora. Alex quer entender o trauma de ver os pais morrerem num ataque com um carro-bomba, e evitar que isso ocorra;
  2. Ambos encontram consigo mesmos, quando crianças, embora não troquem palavras;
  3. A temática é a mesma: Conflito de épocas, procedimento policial dos anos 2000 x anos 80, essas coisas que fizeram "Life on Mars" ser divertida, e "Ashes to Ashes" também é, apesar de semelhanças demais;
  4. Ambos quase deixam escorregar para as respectivas mães quem são, efetivamente;
  • As músicas de David Bowie, em ambas as séries;
  • O contato com o mundo exterior continua sendo através de uma televisão - só que menos intensamente;
  • A ambientação, como sempre, na medida do possível, é bem-feita. O forte é o roteiro, e as histórias, já que eles nunca tem dinheiro para fazer a série com mais detalhes do que gostariam... Mas funciona bem, apesar do carro do Gene Hunt rodar muitas vezes sozinho nas ruas;
  • A primeira temporada é a busca do protagonista por respostas (Sam e Alex). Na segunda, a busca pela vida, o desejo de voltar - se bem que no caso da Alex, ela tem uma filha (Molly), que a faz querer sair do coma o mais rápido possível;
  • Vários episódios parecidos:
  1. Tem episódio que a Alex acerta quem é o bandido usando todas as técnicas de psicologia, etc e tal.
  2. Tem episódio em que ela se compadece, deixa-se levar pela situação, mas o Gene Hunt, com seu faro policial, acerta;
  3. Tem episódio em que ela passa por cima do chefe, o denuncia e ele é tirado de um caso, para desgosto e desprezo de todos os outros colegas;
E, apesar de gostar muito da atuação do John Simm, que me desculpe as mulheres (Cláudia como primeira da fila), mas a Keeley Hayes (Alex Drake) com essa roupa de início dos anos 80 (o casaquinho branco e as botas que não mudam)... Está um pedaço de mau caminho. Aliás, Cláudia, que não é ciumenta, me beliscou quando disse que a atriz tem uma coisa que mulheres inglesas não tem: Bunda. Sim, ela é muito bonita. E pensar que nos primeiros 10 minutos do 1o episódio, ela está sem maquiagem e com uma roupa tão masculina e feia...

Bem, vejam. É um "Life on Mars", com algumas diferenças, muitas semelhanças, e como sempre, muito divertido. Vale a pena, e a diversão.

PS: Ironia do destino? Não sei... A mãe de Sam chama-se Rose. Rose Tyler... Que é o nome da primeira acompanhante do Doutor desde que Doctor Who foi retomado, em 2005.

(*) Eu contei isso no meu post sobre Life on Mars, mas vale relembrar: Num episódio de Life on Mars, ele, bebendo, disse: "Uma mulher primeiro-ministro? Não enquanto eu tiver um buraco na minha bunda!" E a Dama de Ferro entrou 5 anos depois...

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11 maio 2009

Resenhando Star Trek [SPOILERS AHEAD!]

Agora, sobre o filme: Assisti ao filme duas vezes na última sexta. Sendo sintético, minha opinião pode ser resumida numa frase da Maria Cláudia, que não é fã e muito mal conhece a franquia: "Adorei! Eu não via um filme bom assim no cinema desde 'Cavaleiro das Trevas'!"

Muitos elementos para fãs delirarem e muita coisa para quem não é fã se divertir à beça. Algumas que eu listo:

  1. Uma montanha de citações e homenagens, desde a sabatina que Spock criança sofre (Star Trek IV) até frases do velho Spock ("Eu sou e sempre serei seu amigo", Star Trek II), passando pelo beagle do Almirante Archer (Star Trek: Enterprise), o Kobayashi Maru (Star Trek II) e um monte de detalhes que você só pega muito atento, sendo fã ou na 2a, 3a, 4a vezes que ver o filme. Aposto que alguém já está compilando uma lista de citações, como "Fascinating", e "Dammit Jim, I'm a doctor!", que ouvimos pelo menos 2 vezes. Christopher Pike presente (inclusive na cadeira de rodas, alusão à Série Clássica), o uniforme que ele está vestindo (Star Trek: Phase II e Star Trek I) são mais referências que não podem ser deixadas de fora.
  2. A Enterprise é muito parecida com a nave da Série Clássica, e ao mesmo tempo atualizada, e com isso muito bonita. Foi um cuidado impressionante.
  3. Spock é o melhor caracterizado, Zachary Quinto É o Spock. Fantástico.
  4. Chekov e seu sotaque russo bem carregado... "Uictor-Uictor", quem vê, entende. Hilário.
  5. Chris Pine diz que não se baseou em Shatner... Conversa fiada. Até o sorriso de canto de boca e o olhar do Capitão ele imitou. E ficou fenomenal! Claro, faltou a voadora do Kirk, mas a canastrice do Shatner estava também presente.
  6. Oficialmente deram o 1o nome à Uhura, que já tinham dado no Universo Expandido. Ela chama-se Nyota, e junto com Scotty, Chekov e Sulu, tiveram maior participação na história, muito mais do que ser apenas escada para o trio principal.
  7. Aliás, McCoy foi talvez de todos o melhor interpretado, Karl Urban soou como Magro o tempo todo: ranzinza, chato, irônico e divertidíssimo. E de quebra, a explicação da origem do apelido, Magro (Bones, em inglês).
  8. Detalhes como o interior da nave (bastante crível em comparação à nave dos outros filmes e do seriado, se bem que os turboelevadores mudaram de posição em relação à série); a transição dos uniformes, de Star Trek Enterprise para o novo filme, que vemos através da USS Kelvin; o pai de Kirk, o Corvette Stingray do padrasto, as bebidas no bar (drinques cardassianos, mas nada de cerveja romulana ainda), o comunicador Nokia (merchandising!) fizeram a gente adorar.
  9. Mudanças como o interior da engenharia da Enterprise (não dá para acreditar que é tão grande e tão... Sujo), as piadas do Scotty, os alívios cômicos, as mudanças sutis que fizeram a gente se divertir.
  10. E como não poderia deixar de ser, morreu um red shirt, para delírio dos papa-defuntos da série, ou seja: Todos nós.
Tem falhas? Bem... Alguns pontos que ficaram obscuros, não ficaram claros, ou que poderiam ser adaptados... Em resumo, chateação minha mesmo, mas que não tiram o brilho do filme. Citações a furos em relação ao Universo Expandido (como o capitão Robert April) não serão consideradas.
  1. A trama é fraca, mas o foco são os personagens, então passa.
  2. Um transportador colocar 2 pessoas dentro de uma nave em dobra espacial vai. O problema é essa nave estar a anos-luz de distância.
  3. Chekov com 17 anos, já na Frota, formado? Afinal, ele é alferes. Kirk tem 25 e não se formou.
  4. A nave capitânea da Frota recheada de cadetes ainda não formados, também não soa lá muito bem. Mas, nessa realidade, a Enterprise É a nave capitânea? Isso não fica nada claro.
  5. Só uma citação aos Klingons, e mesmo assim à distância... Espero que voltem no próximo filme.
  6. Delta Vega já existia na Série Clássica, mas não era ali, naquele local.
  7. Kirk encontra-se com o velho Spock, e eles dois com o Scotty. Muita coincidência, não?
  8. A USS Kelvin tem 1 nacele de dobra, e segundo as explicações técnicas que tantos gostam (como eu), é preciso um número par de naceles para fazer o campo de dobra. A Enterprise tem 2, a Stargazer tinha 4, e por aí vai.
  9. E um deslize que ninguém que eu li, comentou: DeForest Kelley (McCoy) tinha olhos azuis. Karl Urban (McCoy) tem olhos castanhos.
E como fã, fui levado às lágrimas, de emoção, pelo menos 3 vezes. Vi duas vezes, peguei uma cópia via Torrent e ainda pretendo assistir uma cópia dublada semana que vem, junto com o povo da AFERJ. E comprarei o DVD, e verei de novo... E aguardarei ansiosamente pelo próximo Star Trek. Como falei no post anterior, é uma nova realidade, vamos explorá-la. Voltamos, e com força total!

PS: Curioso... Não ouvi NENHUM podcast falando sobre Jornada nas Estrelas. O "famoso" podcast nerd Nerdcast (que eu estou ouvindo menos e achando cada vez mais sem-graça e cada vez mais preocupado em vender), falou sobre mercado financeiro. Outros ignoraram, mas quem salvou a pátria foi o RapaduraCast. Dois episódios, um explicando tudo antes e outro para quem viu o filme. Sim, eles sentaram e falaram de Star Trek, embora a falta de um trekker de carteirinha e a presença do Maurício Saldanha me façam ter medo desse episódio. Não entendam-me mal: Gosto do Maurício, mas aposto que ele imitou o McCoy e resmungou à beça, disse que Star Trek é subcultura, pobreza cultural, que falta o Paul Thomas Anderson dirigindo um filme de ST, etc e tal. Bem, vamos ver.

PS 2: Cláudia agora quer ver a Série Clássica toda. Acho que criei um monstro.

PS 3: George Lucas, faça um favor a Star Wars e terceirize a produção dos filmes 7 a 9 de SW. Quem sabe não fazem algo melhor do que os Episódios 1 a 3?

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04 abril 2009

OpenWRT 8.09 no meu roteador

Atualizei o firmware do meu roteador (um WRT54GL) para o OpenWRT 8.09, ou seja, o Kamikaze mais novo. De novo, temos:
  1. Uma nova interface gráfica, a LuCI, toda escrita em Lua, inclusive já com pacote de idioma para o português do Brasil. Mais completa em alguns aspectos do que a X-WRT, que eu tinha instalado. Mas faz falta os gráficos em tempo real que a segunda gera.
  2. Novas versões de quase todos os programas que estão instalados.
  3. O programa usado para manipular os pacotes foi trocado: Do ipkg, agora é o opkg. A tabela de pacotes não fica mais guardada, sendo que a cada reboot, é preciso baixá-la novamente. Era um espaço perdido, e agora pode ser aproveitado.
  4. O firewall agora está ainda mais modular, mas ainda para liberar o redirecionamento externo para o meu servidor, precisei colocar as regras do "jeito antigo", no arquivo /etc/firewall.user.
  5. Temos kernel novo, família 2.6! Mas no meu roteador, a versão com esse kernel não soube se entender com o rádio wireless Broadcom. Logo, voltei para o kernel 2.4.
  6. Um monte de bugfixes.
Ainda faz falta a opção de criar múltiplas redes wireless com o mesmo roteador direto na interface gráfica (eu quero fazer 2 aqui em casa), e o suporte melhorado no kernel 2.6 também é desejável. Mas gostei muito dessa versão, o sistema de arquivos usado (JFFS) deu-me um pouco mais de espaço livre, e agora compartilhamos chaves SSH: Dá para logar direto nele sem ter que digitar senha. Em resumo: Gostei das mudanças, apesar de algumas mudanças não terem sido tão relevantes assim. Deve ser porque eu já uso o Kamikaze há mais tempo.

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02 agosto 2008

"Viagem ao Centro da Terra" em 3D - o filme

De cara vale comentar que infelizmente não vi uma cópia em 3D. A que foi parar no cinema em que assisti (mais uma promoção, estou virando um caçador delas), era em 2D. Bem, eu nunca me dei bem com aqueles óculos coloridos mesmo... Mas vamos ao filme. É uma grande Sessão da Tarde, sejamos francos. Desde que enganaram o Brendan Frasier, dizendo que ele seria o novo Indiana Jones dos anos 2000 (já são 4 filmes onde ele é o tal do Rick O' Connell, haja múmia!), ele tem se aventurado por tudo que é tipo de papel mais... "Aventuresco". Tá, ele fez "Crash" também, mas alguém lembra? Que pena, gostei dele em "Endiabrado"... Se bem que o ponto alto era a Liz Hurley, adoro aquele sotaque inglês... Bem, voltemos ao filme. Se você não gosta de spoilers, pule para outro post.
A história começa citando que o irmão dele (no filme) é um verniano, e como todo verniano, acredita que os escritos de Júlio Verne são baseados em fatos científicos, não em fatos da sua própria imaginação. Ou seja, o irmão do Trevor Anderson (o personagem do Brendan Frasier) resolve ir até o Snaefells, na Islândia, para ver se acha a passagem para a Terra-Média, ops, o centro da terra (o Scartaris, propriamente dito). O irmão some, óbvio. Ele (geólogo) vai com o sobrinho de 13 anos (o filho do metido a explorador) buscar pistas para saber do paradeiro do irmão. Como ele é geólogo, aproveita e vai coletar informações geradas por um conjunto de sensores sísmicos que estão espalhados pela região (mas ele só mexe em um!), já que ocorreram "fenômenos interessantes" naquela região. Daí, vai ele e o sobrinho para a terra-de-ninguém, acompanhado com uma guia (uma lourinha muito da bonita, que eu tive a impressão de conhecer de outro lugar) procurar. Acabam entrando numa caverna, acham uma mina, caem... E por aí vai, refazem o percurso pelo Centro da Terra até o Vesúvio, na Sicília.
Em termos de efeitos especiais, muito bacana: Monstros na água, peixes pré-históricos, um T-Rex (todo mundo gosta desse lagartão), as pedras que flutuam no campo eletromagnético, essas coisas. Em termos de história... Não tem muita coisa mesmo. Um bocado de clichês espalhados, desde a busca pelo irmão tido como doido, por parte de um pesquisador ameaçado de despejo, até o beijo na mocinha, no final. Em resumo, é filme para ver e desligar o cérebro, curtir e relembrar o livro ao vê-lo. Há vários "cortes" e erros em relação ao livro original. Lá vai a lista:
  • No livro, Lindebrook, Axel e Hans (lembrei do nome do ajudante!) caminham MUITO, e a travessia leva pelo menos mais do que um mês. Eles fazem a mesma travessia em um fim de semana, três dias no máximo.
  • Eles escaparam pelo Stromboli, numa ilhota na Sicília (no livro). Mas no filme, eles escapam pelo Vesúvio. Hein?
  • Eles caem em direção ao centro da Terra durante muito tempo, e a queda é amortecida por uma lâmina d'água. Lembremos que a velocidade-limite de queda é de 200 km/h, e pela profundidade do buraco onde caíram, tinha mais do que espaço para atingir essa velocidade. Daí, caem na água, e mergulham apenas uns 3 metros. Fala sério, na velocidade em que eles caíram, dava para afundar MUITO mais do que aquilo, por mais do que houvesse a resistência da água, entre outras coisas.
  • Não lembro se tem um papo no livro da "bolha de ar" onde eles chegaram atingir altas temperaturas de tempos em tempos. Também não lembro do gêiser, mas... Também não haviam Tyranossaurus Rex por lá.
A fuga é semelhante ao livro. Sim, eles acham o pai do garoto. Tem monstros marinhos, atravessam o oceano com uma jangada... Muitas informações parecidas e outras desencontradas. Assisti dublado, a cópia estava muito boa, e a dublagem, ótima como sempre. Vale pela diversão, principalmente se você puder pagar POUCO pelo filme. Se puder, ótimo. Se não puder, espere sair em DVD, e alugue. É divertido e rapidamente esquecível, afinal, tem tantas versões para cinema desse livro...

PS: Ah, a guia? Eu descobri daonde lembrava dela: Especial de Natal de 2005 do Doctor Who. Se bem que loura na Europa é (quase) tudo igual...

PS 2: Acabo de descobrir que o Frasier estará no filme dos G. I. Joe, e ele será o Gung-Ho. Será quie ele estraga o filme? Bem, teremos Christopher Eccleston (o 9o Doutor) como Destro, para contrabalançar. Veremos.

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30 julho 2008

"Hancock"

Assisti hoje, no mesmo cinema a R$ 5, na última sessão. Filminho suave, para desligar o cérebro e divertir-se. Will Smith (o queridinho da Columbia Pictures) é um super-herói que salva as pessoas, combate o crime e destrói tudo no caminho. Completamente descuidado, estabanado, beberrão (sim, ele enche os canecos de uísque e do que vier pela frente), e com isso torna-se divertido. Claro, toda a cidade de Los Angeles quer ver ele pelas costas, chamam ele de bundão, ele no fundo sente-se um rejeitado, etc e tal. Daí, salva a vida de um relações-públicas (e faz descarrilhar um trem todo por causa disso), que oferece uma mão para mudar a imagem a seu respeito. Em paralelo, descobertas sobre o seu passado - que ele não lembra de nada (2 tíquetes para ver Frankenstein, com Boris Karloff, a única pista), e a reabilitação, com algumas passagens bem engraçadas.
Filme leve, cheio de clichês: herói desajustado sofre revezes, tem uma reviravolta, começa a acertar... Daí ele descobre coisas sobre ele mesmo que não sabia, tem uma recaída, problemas... E a reviravolta final. Vocês já viram isso, curto (1h40m, acho), vale pelos efeitos especiais e pela diversão. Se você for pagar pouco (tipo... R$ 5), vale pelas risadas.
Vi dublado, coisa que eu não fazia há muito tempo, e a dublagem está ótima (para a alegria de um amigo meu, em especial), divertidíssima. Só não chame ele de otário, tá? Tirando isso, tá tranqüilo.

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27 julho 2008

"Life on Mars"

Ultimamente ando vendo muitas séries inglesas. Já citei aqui Doctor Who, que virou uma das minhas favoritas (e a 4a temporada foi uma das melhores), e se lembro bem, Torchwood, um spin-off da série do Doutor, que é uma série para adultos fantástica, tanto roteiro quanto produção. Ainda tem The I.T. Crowd, que os mais geeks conhecem (está na 2a temporada), e Red Dwarf, uma série que eu considero "intraduzível", por causa de tantos cacos e gírias locais (ficção científica com humor). Agora vou citar mais uma, Life on Mars.
Muitos quando vêem esse nome pensam que é uma série de ficção científica. Cláudia pensou isso também. Mas na verdade é uma série policial. O por quê do nome? A música "Life on Mars", single lançado em 1973, pelo "camaleão do rock" David Bowie. E tem a ver com a história, que é razoavelmente simples: Um detetive da polícia, Sam Tyler, na busca por informações que levem ao paradeiro da sua parceira e namorada (sequestrada por um serial killer), é atropelado por um carro, e de repente, acorda e se vê em 1973. Nada muda e tudo muda na vida dele: Ele continua policial, trabalhando na mesma delegacia, morando na mesma cidade (Manchester)... Só que 33 anos antes (a série é de 2006). Daí... Começa o choque de culturas e a investigação policial, que faz a série ser tão interessante. Afinal, ele é um policial dos anos 2000, confrontando os métodos e práticas da polícia dos anos 1970, no interior da Inglaterra.

O que aconteceu com ele? Bem, supomos todos nós que ele está em 2006, em coma, no hospital, e tudo o que acontece ao seu redor é fruto da sua imaginação. Mas ao mesmo tempo, o curioso é que ele imagina toda uma cidade, uma vida com uma riqueza de detalhes impressionante. Se temos o controle dos nossos sonhos, poderíamos tornar a nossa história ao nosso favor. Não é bem assim que acontece: O choque de culturas, a caracterização, e os crimes, que acontecem e ele tem que resolver, as pessoas que morrem, as negativas que ele recebe... O chefe dele (Gene Hunt) é a completa antítese dele, e as discussões entre eles estão entre as coisas mais engraçadas da série, o cara age como se fosse um xerife de uma cidade do Velho Oeste.

A dúvida está presente o tempo todo sobre Sam, que fala no início de cada episódio, que não sabe se está louco, se está em coma ou que realmente viajou no tempo. Em vários momentos ele ouve sinais como que de aparelhos médicos, gente falando com ele, e uma garotinha agarrada a um palhaço, que ele dialoga e que aparece sempre na televisão, na madrugada, fora do ar.

A caracterização é muito bem-feita, e faz a gente se divertir com as referências, elementos e detalhes. Vemos muito do que foi os anos 1970 nos Estados Unidos, mas pouco do que foi em outros países. Essa é uma oportunidade de ver como foram "aqueles loucos anos" nas Ilhas Britânicas.

Interessante avaliar as diferenças das polícias: Se em 2000 há uma ênfase forte em perícia forense, em 1970 a solução é espancar alguns suspeitos até que eles falem algo. Nada de proteger testemunhas, ou escudos e capacetes para a polícia contra multidões enfurecidas: Cada um pega uma "ferramenta" (marreta, pedaço de pau, etc) e vai para cima. Vemos ocorrências de provas plantadas, confissões arrancadas a base de muita pancada, mentiras, gente sendo presa sem motivo aparente, machismo (a policial feminina é formada em psicologia mas é ignorada por quase todos), suborno... Ou seja, dá para concluir que a polícia brasileira parou, em boa parte, nos anos 1970. Notável a semelhança! E o dono do bar onde eles bebem é jamaicano (e o reggae surgindo no horizonte), que acha estranho "ter uma televisão no bar".

Cada episódio tem um foco: Em um, o início das rivalidades do futebol (mostrando os dois times da cidade, o United e o City), que deu origem aos hooligans. Em outro, os sindicatos, e o início da decadência da indústria têxtil britânica (em 2006, Sam mora num loft que foi construído numa antiga fábrica de tecidos). Em mais um, os "gângsters" (não é bem o termo, mas que seja), que mandam na cidade, inclusive na polícia (à base de muita propina). E por aí vai.

É uma série curta: 2 temporadas, 8 episódios cada. Episódios longos, quase 1 hora cada (sem os comerciais). Ganhou o BAFTA (o "Oscar" inglês) e o Emmy (o "Oscar" da TV), e seguindo a trilha de The IT Crowd e The Office, terá uma versão estadunidense, a partir desse ano (já saiu o piloto em sites de torrent). Como quase sempre, a falta de dinheiro (tem poucos figurantes na cidade) são compensados com bons roteiros. Sim, a série é muito boa, e eu não sei como vai acabar (ainda estou na 1a temporada).

No Reino Unido, haverá uma nova série em 2009, Ashes to Ashes, que será uma continuação de Life on Mars, tanto que será mantida parte do elenco original. A referência é ao single do mesmo nome e de grande sucesso, de 1980, do David Bowie. Vamos ver se vai ser tão boa quanto a original.

Algumas poucas trívias:
  • Ele encontra com ele mesmo (em 1973, ele tinha 4 anos), e vê a mãe, nova, ser achacada por um "cobrador de impostos".
  • Sam Tyler estava ouvindo "Life on Mars", no seu iPod acoplado ao som do carro dele, quando aconteceu o atropelamento. E quando ele acorda em 1973, ele está ouvindo Life on Mars... Num toca-fitas (na verdade cartucho), num Ford Cortina (ou Granada, não lembro bem).
  • O ator que faz o Sam Tyler é o "Mestre" John Simm (quem assistiu a 3a temporada do Doutor entenderá).
  • O chefe de polícia berra num bar: "O quê? Não haverá uma mulher primeiro-ministro enquanto eu tiver um num buraco na minha bunda!" E Margaret Thatcher, então, assumiu seis anos depois...
  • E quando a Annie Cartwright (uma policial feminina) pergunta sobre as "alucinações" que o Sam vinha tendo, e ele responde: "Eu vou pedir ao Doctor Who para me receitar uma medicação...". E a série do Doutor, na sua primeira versão atravessou os anos 1970 afora (1963-1989).
  • Na versão americana, vai ter o Colm Meaney, o Chefe O'Brien de Star Trek: DS9.
Enfim, vejam. É uma série muito boa, eu recomendo.

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23 julho 2008

"Cavaleiro das Trevas"

Gostaria de abrir esse post apenas definindo o filme com uma palavra: perturbador.

Vamos ao filme. Spoilers liberados, se não viu, pule esse post e vá para outro.

Como não poderia deixar de ser, fui ver "Cavaleiro das Trevas" ansioso. Afinal, Batman é o meu herói favorito, e o preferido por parte dos leitores da DC Comics (pelo menos, quem vende mais quadrinhos). Fui ver hoje, numa primeira sessão do cinema que tem no Bangu Shopping (sala boa, preço bem em conta, R$ 5 - recomendo), e saí... Impactado.

O filme joga o velho maniqueísmo de heróis bons versus vilões maus por terra, e o que mais traz é desesperança. É quase anti-cristão, o filme... Por trazer desesperança. Não há como ter dias melhores. Não há como ter salvação para Gotham. Em um dado momento, Bruce Wayne sonha em ter uma vida normal, não mais ter que ser o Batman... E isso tudo desmorona. Parece uma sina, a dele. E essa desesperança (nada de um escoteiro azul para salvar o dia) vem tingindo o que era preto e branco com incontáveis tons cada vez mais escuros de cinza, cada vez mais próximos do preto, a ausência de todas as cores. Meus sinceros parabéns a David S. Goyer e os irmãos Chris e Jonathan Nolan. Nunca ninguém ousou tanto num filme "pipoca".

Claro, o que atrai todo mundo é uma sucessão de cenas de ação magistralmente bem-feitas, costurado com um roteiro bem amarrado, cheio de citações e referências, respeitando o que os fãs gostam, e atraindo mais gente para o personagem.

O Coringa

O filme é fantástico, gente. Vejam! Heath Ledger esta(va) um Coringa assustador, mesmo com a clara maquiagem (ao invés da corrosão da pele por ácido), cabelo louro levemente esverdeado (e não verde) e piadas um tanto quanto infames. Logo, fugiu (um pouco) da mitologia do personagem. Faltou também o gás do riso, é verdade. Mas talvez tenha sido cortado por não ser palpável a sua produção, assim como Peter Parker no cinema, que secreta as suas teias, e não as produz em um laboratório caseiro (se eu fosse ele, venderia a patente à 3M).

Mas, voltando ao Coringa... Será difícil existir um vilão tão... Assustador como ele. Novos vilões no cinema irão se pautar no trabalho de Ledger: Os traquejos, os tiques nervosos de um homem doente, a risada nervosa, a habilidade para a fuga, os planos de destruição em massa... E o desprezo pelo dinheiro. Como ele mesmo disse, ele é "um agente do caos", e não está lá muito interessado em algo "tão indigno quanto dinheiro". Afinal, o que ele gosta (gasolina, pólvora, etc., são baratas!). Citações veladas a "Asilo Arkham", de Grant Morrison e Dave McKean (que foi uma das graphic novels que o Ledger leu para compor o personagem), e à "Piada Mortal", do mestre Alan Moore, trazem a nós o seu principal interesse: Provar que a diferença entre um homem são e um louco é apenas um dia ruim. Ou seja, justificar a própria loucura, como foi feito no segundo álbum que citei acima.

Finalmente, faz-se justo o comentário que ouvi: "O Coringa de Heath Ledger faz o Coringa de Jack Nicholson, em Batman (1989) parecer o Ronald McDonald". Eu diria que lembra mais o Bozo.

O Batman

Batman não é herói, e o Michael Caine (Alfred) certa vez disse: "O Superman é como os Estados Unidos se vêem. Batman é como todo o resto vê os Estados Unidos". Ele é um "mal necessário", aquele que será o bode expiatório de uma sucessão imensa de mortes e crimes hediondos, voltando às trevas, daonde não sai mais. Nada de heroísmos, mas ainda acho que ele usa um filtro na garganta para fazer aquela voz rouca...

Referências

Algumas citações aos quadrinhos, ainda que veladas, passaram pelos meus olhos, e lá vão elas:
  • O comissário de polícia anterior a Gordon chama-se Loeb. Não é uma citação a Jeph Loeb, escritor das histórias "O Longo Dia das Bruxas" e "Vitória Sombria", por mais que eu achasse que fosse. Mas é uma citação a "Batman: Ano Um", quando Gordon ainda é tenente, e o comissário é um homem corrupto (como quase toda a GCPD).
  • O álbum de Frank Miller, "Cavaleiro das Trevas" sempre é referência, mesmo que velada. Os "filhos do Morcego", a gangue que combate o crime vestidos de morcego, são idéia chupada do quadrinho. Com a diferença de que os vigilantes mal-preparados usavam coletes e apanhavam mais do que batiam. Mas causavam alguma apreensão, meio que na onda do morcego.
  • O Asilo Arkham é novamente citado, mas apenas uma vez.
  • Se reparar BEM no rosto do Harvey Dent, deformado após o acidente que o tornou o Duas-Caras, vão lembrar que os rasgos na bochecha, o olho esbugalhado, a boca aberta, a cor da... "Pele", são exatamente iguais aos dos quadrinhos. Pode comparar que está certo.
  • A volta ao anonimato, às sombras. O bat-sinal destruído, o fim da ilusão de que as coisas poderiam ser melhores... Mas não em Gotham. Tem isso em alguma história.
Curiosidades
  • Ainda não temos bat-caverna, Wayne Manor ainda está em reconstrução. Mas a base passou para o subsolo de um depósito de contêineres. Em algum história (eu não lembro qual) é falado que o Batman tem outras bases espalhadas por Gotham. Pois é... Ainda não temos um super-computador, nem muita demonstração do Batman como o maior detetive do mundo, mas o ambiente já dá a idéia... Embora seja claro demais.
  • Lucius Fox, o último dos homens dignos, entregando tanto apetrecho tecnológico para o Bruce. Sim, Lucius virou o armeiro não-oficial do Batman. Quer queira, quer não.
  • Vale lembrar que Alfred Pennyworth foi do Real Exército Britânico antes de seguir a "sina" da sua família e tornar-se mordomo de mais um Wayne. A citação dele ao que fez em Burma é bem plausível, embora não seja comprovada.
  • A detetive latina que segue Gordon quase todo o filme NÃO é Reneé Montoya, como eu pensei. É outra, Ramirez (eta nomezinho comum para latinos em Hollywood). E há pelo menos um policial que a gente olha e diz: "Ih, olha o Harvey Bullock". Mas é o Detetive Stephens, não é citado o nome.
As atuações

Tirando Heath Ledger (maravilhoso) e Christian Bale (sou fã do cara), Michael Caine está ótimo, Aaron Eckhart me surpreendeu (a cena dele esmurrando um réu que puxa uma pistola é ótima), mas não lembro se vi algum filme com ele ("Obrigado por Fumar", "Paycheck", "Erin Brockovich", etc). Gary Oldman está muito bom como Gordon. Eu também sou fã do sujeito, tem isso. Morgan Freeman, sempre fenomenal. Agora, a Maggie Gyllenhaal me decepcionou (falo mais embaixo)

A coletânea de frases pescadas do filme é imensa, e a maioria, do Coringa. Se você olhar a ficha do filme no IMDb, vai ver lá. Mas algumas são memoráveis, e vale sugerir a todos que vejam uma, na 1a cena em que o Harvey Dent aparece. É impagável, assim como várias do Coringa. Uma nota: O nome em português (Cavaleiro das Trevas) ainda é mais sinistro do que o nome em inglês ("Cavaleiro Negro").

A sequência dele em Hong Kong, pegando o Sr. Lau (o contador dos mafiosos de Gotham) é divertidíssima, e citação do Lucius Fox ao projeto Anzol, da CIA, é válido: O uso de um C-130 modificado (acho que é um MC-130) foi testado sim, pela CIA.

Outra maravilhosa foi a sequência a lá "Tropa de Elite", do interrogatório do Coringa. A sala está escura, Gordon fala com ele, solta as algemas (e ninguém entende), ele fala sandices... Até que o Batman se manifesta, enfiando a cabeça dele (com vontade) na mesa. E ele retruca: "Na cabeça não, a vítima fica zonza...".

Furos

As minhas "broncas" são:
  • Colocar o Duas-Caras já nesse filme eu não achei bom, ao contrário de alguns críticos. O que levou Harvey Dent a ser o Duas-Caras? Todo fã sabe da dupla personalidade do Procurador Geral de Gotham City, do seu fascínio pelo número 2 (compartilho em parte, é o único número primo par), e que o acidente que deformou o lado esquerdo do seu rosto libertou esse outro lado. Só que não fica claro isso no filme. A maneira de libertar o Duas-Caras foi apropriada, e mais plausível do que um frasco com ácido jogado por um réu mafioso no rosto de Harvey. A moeda tem um lado cortado à faca, não queimado. São detalhes, e da maneira que ficou, foi mais plausível. Mas mesmo assim, o que ele levou ele a recusar enxertos de pele e analgésicos? O que fez dele um homem que vive na dualidade de pensamentos, e deixando o acaso conduzir a sua vida? Não ficou nada claro.
  • A Batpod (Bat-moto) é uma incoerência por si só. Aquela moto é impossível de ser feita. Não tem como virar o guidão! Ela só anda em frente? E fazer com que ela saia do Bat-móvel, daquela maneira... É estranho pacas.
  • Aquele "Espantalho" do início do filme, quem era? O mesmo de sempre, o (agora) fugitivo do Arkham, é isso? Também não ficou claro, ao menos para mim.
  • Aliás, agora todo mundo sabe a identidade do Batman? Bruce Wayne, Alfred, Rachel Dawers (morta), Lucius Fox (não vai dizer q ele não sabia?), o Coringa (está implícito, quando ele fala da "namoradinha" do Bruce Wayne para o Batman)...
  • 30 milhões de celulares captando sons e enviando para um super-computador no Departamento de Pesquisa da Wayne Enterprises, levantando tanta informação e e gerando verdadeiros mapas de sonar... Nada plausível, visto que existem dezenas de fabricantes de celulares, com diversas tecnologias, muitas completamente incompatíveis entre si. E injetar aquilo em TODOS os celulares, ou pelo menos nas Estações Rádio-Base de todas as operadoras de celular de Gotham... Muito improvável. Sem contar que muitos não deveriam estar portando celulares na ocasião. Como policiais da SWAT, por exemplo.
  • Ué, Lucius Fox agora é a Oráculo? Ele vai orientando o morcegão, por onde ir, aonde entrar... Isso não era papo da Bárbara Gordon? Se bem que ela é hoje em dia apenas uma garotinha de 4, 5 anos, apenas.
  • Um pouco piegas aquele papo das barcas, a dos presos condenados e a dos cidadãos de bem. Claro, ele quis mostrar a dúvida, o medo que leva a pessoa a cometer atos desesperados e que se arrependem depois. Acho que a melhor sequência que eu vi recentemente foi o episódio "Midnight", da 4a temporada do Doctor Who. Não se encaixa em nenhum arco de histórias, mas vale ver para refletir se aquela frase não vale: "O homem é o lobo do homem". Mas o preso jogar o detonador fora... Sei lá, soou forçado a querer trazer alguma esperança.
  • Maggie Gyllenhaal tem a sensualidade de um elefante velho. Fraaaaca... Ah, que saudades da baixinha da Katie Holmes, que era charmosa e competente. Essa é apenas um pouco competente. Se bobear, nem isso.
Conclusão

Ouvi comentários curiosos, de psiquiatras e críticos renomados, impressionados com o Coringa, o Batman, o filme em si. E para eles, apenas uma frase: "Bem-vindos aos quadrinhos!". As (boas) histórias são isso e ainda mais. Vai ser difícil fazer filmes baseados em quadrinhos agora. Depois de "Cavaleiro das Trevas", será um degrau acima os próximos filmes de heróis.

PS: Reparem no celular do Lucius Fox, é um Nokia novo, que ainda não tem no mercado (cortesia do podcast Now! Café). Eu sei que é minha impressão, mas a interface é muito parecida com as versões que vi por aí do Android, em particular uma delas. Curioso.

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26 maio 2008

"Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal"

A primeira vez que ouvi falar da chance de termos um novo Indiana Jones, seria nos anos 50, com comunistas, macarthismo, alienígenas (homenagem aos filmes B da época), e obviamente, um Indy mais velho mas ainda piadista. É... Pelo visto usaram o mesmo roteiro, só com adaptações. E viva o Frank Darabont.
Resumidamente, é um legítimo Indiana Jones. Tem aventura, muitas cenas de ação, humor (vez por outra involuntário) e como sempre, muuuuita diversão. Não dá para aceitar ainda a caminhada dele na terra dos viventes após uma explosão nuclear e três quedas consecutivas de cachoeiras, mas Indy é Indy, gente. Dêem um desconto.
Sentimos falta do Marcus Brody (citado duas vezes), do Sallah (o amigo turco, grande como um tronco de carvalho) e principalmente, de Henry Jones (o grande Sean Connery). Indy está velho, 58 anos e anti-comunista, como esperado de um patriota americano. Mas ainda em forma. Shia LaBeouf está bem... Engraçado, como um rebelde a lá James Dean. John Hurt está irreconhecível (e esquisito), e Cate Blanchett, como sempre, rouba a cena. Fantástica. É bom ver Marion Ravenwood novamente (e a Karen Allen estava parada há 4 anos), e referências aos filmes anteriores voltando à tona. Chicote cantando, chapéu voando, e todo mundo adorando ouvir a música de sempre.
Vale a pena ver, gente, e em cinema. Como sempre, um monte de cenários grandiosos indo abaixo também. É um filmão, dos mais divertidos. Se bem que eu ainda prefiro a perseguição em carrinhos de minas do "Indiana Jones e o Templo da Perdição"... Mas é um legítimo Indiana Jones. Divirtam-se!

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16 novembro 2006

Rant e resenha fudeba: Fedora Core 6

Ao contrário de algumas pessoas da comunidade Linux, que são "especialistas" numa distribuição só, eu gosto de ser ecumênico na minha escolha. Acho que um bom profissional tem que saber se virar com qualquer distro. E já que eu tenho um desktop, um servidor e um notebook, nada mais justo do que seguir a minha filosofia e colocar 3 distribuições diferentes. Para ser mais do "contra" ainda, uso três distros BEM diferentes entre si, a saber:



  1. Fedora no desktop.
  2. Gentoo no servidor.
  3. Ubuntu no notebook.

E eu tenho ouvido a partir de muitos, que o Fedora é horrível, que é uma cópia mal-feita do RedHat Enterprise, etc e tal. Antes da minha resenha, vale a pena lembrar algumas das coisas que surgiram primeiro no Fedora e depois vieram a aparecer nas outras distribuições: Xorg, AIGLX, Xen, Mono, entre outras coisas. Alguns surgiram por iniciativa do pessoal do projeto Fedora. Outros surgiram e foram implementados dentro de uma distro pela 1a vez pelo projeto Fedora. Logo, eu acho muito pobre criticá-la dizendo que o Fedora é uma "mera cópia". Além do mais, RPM é um sistema de empacotamento e dependências, assim como DEB, o portage e outros. Não, que me desculpem quem gosta, mas TGZ não é sistema de empacotamento, muito menos de dependências.



Mas vamos logo à resenha. Saiu o Fedora 6 (codinome Zod, gostei do nome), peguei via torrent a ISO de DVD, para processadores 64 bits. Fiquei enrolando para instalar, pois não tinha tempo. Hoje, apesar de continuar sem tempo, resolvi instalar o dito cujo.

O instalador, o Anaconda, é praticamente o mesmo. Cada vez mais distante dos símbolos que relaciona o Fedora à RedHat, o FC tenta caminhar em frente, embora os direitos sobre a marca ainda sejam da "empresa do chapéu vermelho". O dito cujo segue mais ou menos o mesmo esquema, com algumas poucas mudanças, como um item no final da lista de pacotes (virtualização), e a opção de acrescentar repositórios na configuração do Yum. Well, deixa pra lá, vamos em frente. Preferi instalar a atualizar, já tinha salvo o /etc, /boot e /root, fora o meu conjunto de partições pequeninas, com /opt, /usr/src e /usr/local, para mantê-los longe de serem removidos. Feita a instalação, vamos reiniciar o trampo todo.

A tela do grub é bonita, agora parece que o tema tem a ver com DNA, visto que várias hélices duplas estão estampadas ao longo das imagens. Faz-se o boot, roda-se a ferramenta de setup. Modo texto. Hmmm... Não tem muito o que mexer, acerto algumas coisas, como autenticação e serviços no boot, e finalizo. Agora vamos para o refinamento. Como não uso gdm nessa máquina, sem problemas, habemus console. Mexe numa coisa no /etc/issue, troca a codificação para ISO8859-1 (UTF-8 não se entende bem com o console)... Quanto ao GNOME, removi alguns diretórios do usuário, relativos ao GNOME, e refiz algumas configurações. Nada realmente trabalhoso. O GNOME inicializou bem, e diga-se de passagem, bem rápido. Agora tem um item no menu, "Desktop Effects", que permite ligar os efeitos 3D. Não, não é o Beryl rodando. Logo, não dá para brincar muito com as configurações. Mas a solução funciona redondamente: Não impede que eu vá para o console e volte, nem outros problemas que tive na inicialização do desktop 3D, em versão de desenvolvimento, no FC5. Tirando isso, tudo funcionou quase liso. Só uma coisa ou outra, galho fraco. Nada de conflitante. Ainda não instalei o beryl propramente dito, logo aqui aperto PAUSE para fazer o "exposé", tal qual o Mac OS X.

O Yum finalmente funciona a uma velocidade decente. Mas também, ele era interpretado, em Python, e sejamos francos: Python pode ser muito legal, mas rapidez é uma qualidade que nenhuma linguagem interpretada tem. A conclusão é que reescreveram o núcleo central do Yum em C. E com isso ganhamos em muita velocidade, ele está quase tão rápido quanto o apt-get. O Rythmbox, antigo celeiro de problemas, parece que está mais estável agora. Algumas coisas ainda não funcionam corretamente aqui, como o Postfix, que ainda não jogou os emails no lugar certo; ou sincronizar com o Palm, que ainda não testei (eu uso o J-Pilot, não gosto muito do gnome pilot - se bem que preciso mexer com ele depois)

Em resumo, está bem melhor do que a distro anterior, a versão 5. Instalei (via yum) o que eu preciso e não instalou (como Abiword, Gnumeric, Gnomebaker, LyX, etc), ainda estou arrumando umas coisas... Mas entendo que essas coisas que tive que mudar, foram devido a eu ter reinstalado toda a distro, e não apenas atualizado. Confesso que não tive vontade de esperar a atualização do sistema todo... Mas o resto a gente refina com o tempo. Se está pronto para o desktop? Para um desktop corporativo, está mais do que pronto. Para uso em casa... Não tenho tanta certeza assim. Mas caminha na direção certa, e acho que pessoas que não conhecem Linux podem se aventurar com o FC6, não irão se arrepender. O Fedora peca por querer ser de "uso geral", e aí tem uma ISO de 3,8 Gb, com um monte de coisas a serem usadas... Bem, difere do Ubuntu aí. Se você quiser instalar o Eclipse, por exemplo, no Ubuntu, tome synaptic e conexão à Net. No Fedora é só escolher na hora de instalar.

Acho que essa versão será bem melhor do que a anterior, embora o sistema de auditoria esteja enchendo o saco... Ah, o esquema de suspensão funciona bem, acabei de descobrir! A atualização automática funciona, e instalei o Beryl, a partir do yum (repositório alemão, quem quiser fala comigo depois), funciona muito bem, sem problema algum. Vida longa ao Fedora!



Usuários medíocres discutem distribuições. Usuários capazes discutem Linux.

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