Quando fiquei sabendo de que os
Harlem Globetrotters viriam ao Brasil para uma série de shows, disse a mim mesmo que teria que vê-los. Meu pai contava de uma exibição que ele viu quando criança, ao lado do meu avô, e como se divertiu. Do pouco que vi quando criança, na televisão, minha curiosidade foi aguçada, não só pelas brincadeiras na quadra, mas também por conta do desenho animado, os "
Super Globetrotters", dos quais lembrava de forma vivaz do Variedades (com sua cabelereira vasta, de onde ele tirava de TUDO), e do Homem-Esfera.
Logo, ir hoje ver um show dos Harlem Globetrotters é realizar um sonho de infância. E hoje fui lá, me sentir uma criança, rir e me divertir, me deliciar com a brincadeira quase infantil, mas a habilidade quase sobre-humana daqueles homens com uma bola de basquete nas mãos.
Quem não os conhece, sugiro que visitem a
Wikipédia e conheçam um pouquinho desses malucos divertidos. E hoje, 6 de junho, fui eu com minha esposa e meus pais para vê-los aprontar. O show foi no Maracanazinho, onde não tinha ido depois da reforma para o Pan 2007. De cara, muita gente, peguei uma fila de 15 minutos para pegar o ingresso que comprei pelo telefone, com o
Ingresso Rápido. Alguém ironizou na fila o nome da empresa, e eu respondi: "
Ingresso não tão lento assim, que tal?"
Pegos os ingressos, entramos nós no Maracanazinho... Mas é preciso deixar as garrafas plásticas, que mesmo sob protestos entregamos... Uma. A outra estava escondida no bolso da calça do meu pai. É por causa dos vendedores ambulantes que transitam dentro do estádio, e cobram preços tabelados (e absurdamente caros). Entramos, pegamos um bom local... Nossa, o Maracanazinho está lindo por dentro, depois da reforma: Uma quadra bacana, um painel no meio (como nas quadras de basquete americanas) com telões, ar-condicionado central (e deveria ter umas 30 a 40 mil pessoas por lá!), a ponto de meus pais e Cláudia sentirem frio (eu levei uma camisa de manga comprida, acertei no que não vi).
Todas as apresentações são precedidas de exibições de basquete, brincadeiras, como deve ser um show para toda a família. Norte-americanos sabem fazer shows, e presenciamos um desses. Nessa tivemos um jogo-exibição de um time da
Liga Internacional de Basquete de Rua (Reis da Rua) contra o time da
Central Única das Favelas (CUFA). O juiz desligou a percepção de faltas, e fez uma partida de 2 tempos de 7:30 minutos cada. Claro que rolou falta, mas simplesmente não foram marcadas. Era exibição, e foi um jogo divertido, embora o som estivesse alto demais e não levasse em conta a acústica do estádio. Conclusão, não entendi quase nada do que o narrador (que agia como se estivesse cantando um rap) falou. Além de "É o seguinte", e "Som na caixa, DJ!", poucas palavras foram inteligíveis. Ah, faltou dizer que um dos jogadores do Reis da Rua, um branco de cabelo comprido, precisa por a mão na forma: Errou seguidamente quatro ou cinco cestas. Quando acertou, a platéia o ovacionou efusivamente, com alguns até gritando: "Até que enfim!".
Depois, uma apresentação de street dance, que eu não consigo ver como outra coisa senão a evolução do break, dos anos 1980. Michael Jackson tem uma participação nisso, e a apresentação foi impressionante pelas acrobacias realizadas. O engraçado é que minha mãe gosta de street dance, acha divertido vê-los. Depois, distribuição de brindes, com um pequeno canhão de ar-comprimido para lançar camisetas bem longe, na platéia. Não, não ganhei nenhuma, infelizmente.
Finalmente, uns 80 minutos depois de ter iniciado tudo, começa o show dos Globetrotters, começando por vídeos nos telões... E eu finalmente entendi porque tinha o Variedades no Super Globetrotters! Nos anos 1970, tinha um jogador com cabelo black power. Daí a inspiração. Ainda teve uma dança das cadeiras com as crianças e o Globie, um boneco animador de torcida deles que armou um bocado e arrancou risadas de todos nós.
Entram os homens... É, sinal dos tempos: Antes um time só de negros, os Globetrotters agora tem dois brancos na sua formação atual - ou pelo menos, na formação que veio ao Brasil. E eles são showmen, engraçadíssimos, criam situações que fazem-nos rir desvairadamente... O time dos Generals, que SEMPRE PERDEM, tentaram armar para cima deles. O técnico, de muleta e brigão, aceitou a aposta de colocar uma saia de bailarina se perdesse. Dispensável dizer que perdeu, de 78 a 70 (na verdade era para ser 50, mas erraram de propósito no placar para aumentar a expectativa). E daí veio a tampa colocada na cesta, uma bola com controle remoto, a bola murcha, outra com elástico e presa na mão... Arremessos impossíveis, enterradas sensacionais, e um dos Trotters enfiando a cabeça na cesta (de baixo para cima), para impedir que as bolas entrassem. Foram 4 tempos de 10 minutos cada, com paradas para brincar com a platéia, e trazer crianças (que adoram um show como esse) à quadra e fazer brincadeiras. O mais saidinho de todos (Special K) apresentou um dos meninos como seu filho, e acabou tirando a camisa do menino. No intervalo, entra em campo o Big G, um boneco inflável deles que é divertidíssimo, tropeça e cai, faz careta e todo mundo ri dele.
Aconteceu de tudo, e terminei o dia com as maçãs do rosto um pouco doloridas, de tanto rir das brincadeiras, troças (como quando um dos Generals vai bater um lance livre, e os Trotters olham para ele e caem na gargalhada por já ter errado o primeiro). O juiz é um caso à parte, participando da brincadeira de uma forma hilária: Só não fez cesta, mas mais de uma vez fizeram passe... Para ele! Foi muito, mas muito engraçado. Valeu o preço pago de longe, foi uma diversão daquelas, para um total de pouco mais de 3 horas de apresentação.
Infelizmente minha câmera deu defeito, travou... E eu louco para fotografar e filmar tudo o que eu pudesse... Minha expectativa era filmar a maior parte do jogo, encher o cartão de 1 Gb, e se ainda precisasse de espaço, espetar o cartão do Palm, esvaziá-lo em parte e continuar filmando. E depois meter tudo no YouTube. Não deu certo. Mas tem vídeos do show do dia 5 de junho já postados, estão
aqui e
aqui.
Voltei a ser criança por algumas horas, e me diverti à beça, sonhando com a chance do homem poder voar. E eles o fazem isso, da maneira mais engraçada e bem-humorada possível. De qualquer forma, se não foi, ainda dá para ouvir a música-tema dos Trotters nesse link
aqui. E se tiverem a chance, vejam porque vale a pena.