15 junho 2013

Filosofações: Sobre os protestos recentes.

Comecei a escrever isso como comentário em um post de um blog que leio vez por outra (Pavazine), e a exaltação do que chamam de a Primavera Brasileira, claramente alusivo à Primavera Árabe, que presenciamos recentemente.

Como sempre, parei e li um bocado a respeito. Pensei um tanto para poder ter assunto para me exprimir, e mesmo assim fui criticado e tratado como tolo. Fazer o quê, né? Se nem Jesus Cristo, que era perfeito, escapou livre das críticas e dos dedos em riste...

Para começo de conversa, sinto-lhe dizerem, mas não, isto não é a Primavera Árabe. Primeiro que estamos no outono, quase inverno, não é ainda primavera =). Segundo que nos países árabes, a luta era contra regimes ditatoriais, totalitários, opressores, que tolhiam entre outras coisas, a liberdade de expressão. Aqui no Brasil, liberdade de expressão é garantida na Constituição (nem sempre respeitada), assim como direito de resposta (que quase nunca tem vez - ou você vê a imprensa dando espaço?) e a responsabilidade jurídica: Abriu a boca, falou o que não deve, ouve o que não quer. Ou pague por isso.

Talvez pudéssemos definir esse movimento como uma Primavera Árabe à Brasileira se vivêssemos ainda no período da ditadura. Se bem que lamentavelmente a polícia, em particular o Batalhão de Choque, pelo visto, não saiu de lá. Mas não, não é uma Primavera Árabe. No máximo um Outono à Brasileira, e olhe lá.

Acho que sempre se fala que o brasileiro é muito passivo, que não reclama de nada... Mas agora resolveu protestar. Isso é bom. Sim, isso é bom! Porque essa autoimagem de povinho passivo pelo visto está mudando. Não acho que seja uma imagem de lá de fora, acho que seja mais autoimagem, o já conhecido nosso "complexo de vira-lata". Brasileiro sempre acha que nós somos piores do que os outros, isso é incutido de tal forma na mente que é difícil romper.

Comigo começou tem uns 10, 12 anos, quando recebi um email de um amigo falando de um monte de coisas boas que tem no Brasil e a imprensa não fala, o brasileiro não sabe, e não é valorizado. E aquilo me fez pensar. Posteriormente comecei a questionar a imprensa, me perguntando: "Mas será que o Governo não faz nada de bom? Será que nada se salva?" O cúmulo foi na crise (outra!) da queda do avião da TAM, em 2007, quando ilibada jornalista (sim, eu estou sendo irônico) falou que o presidente Lula tinha que vir a público falar, alegando que "nos EUA, em situações como essa, o presidente se pronuncia numa cadeia de rádio e TV". Ao que respondi, dentro do meu carro, dirigindo a caminho do trabalho: "Mas isso aqui é Brasil, não é Estados Unidos, catzo!". E rompi com aquela colunista (infelizmente até hoje adorada pela minha mãe) e com a rádio com a qual ela dirige um programa matutino.

Para quem chegou até aqui, entenda: A insatisfação não é o aumento da passagem de ônibus. Sejamos francos: Trem, metrô e barcas subiram, e nem por isso protestaram. Por que tinha que ser logo com os ônibus? 

Aumentos são previstos, correção da inflação. R$ 0,20 traz impacto? Hmmm... Se a pessoa pega 4 ônibus por dia, e faz uso do Bilhete Único (caso aqui do Rio e de outras capitais), o impacto num mês de trabalho é de 8 reais. Alguns vão dizer que é pouco, outros dirão que é muito... Eu não vou discutir quantidades. Mas não vivemos em um mundo onde a economia está parada. Os preços variam, e infelizmente para mais do que eu gostaria que variam.

Tive 7% de aumento de salário esse ano, que é para corrigir a inflação do período. Aliás, esse valor não merece ser chamado de aumento, mas vá lá... Correção, que seja. Logo, preços sobem, e salários sobem (ou deveriam subir, mas isso é outro caso). Teve greve (que eu furei), e que não lutava pelo aumento (na verdade foi de 7% para 8%), mas principalmente era por causa do nosso Plano de Cargos e Salários (PCS), que está parado há tempos. Agora acho que vai.

Voltando aos protestos: Se não é por causa de R$ 0,20, então é o quê? Válvula de escape, gente. Bode expiatório, chamem do que quiserem. Martin Luther King Jr começou seu movimento lutando pela igualdade no sul dos EUA numa questão contra as empresas de ônibus. Parece piada hoje, mas negros não podiam sentar-se em assentos reservados para brancos. E tudo começou ali. Não, gente, o problema não é R$ 0,20.

Para quem ainda não percebeu, o buraco é muito mais embaixo. Esta é a completa insatisfação que a sociedade vive com as instituições. Governo, Igreja, imprensa, mídia tradicional, polícia... E por aí vai.

O Governo é o primeiro alvo. Sempre é. Afinal, falar mal do Governo deveria ser decretado como esporte nacional aqui no Brasil. Não sei como é em outros países, mas acho que não é muito diferente... Afinal, muitos de nós cresceram lendo, vendo e ouvindo que nada que o Governo faz, presta. E o pior, se você acha que tem iniciativas boas, você é tachado de pelego, puxa-saco e chapa-branca para baixo. Eu já passei por isso, porque elogiei algumas iniciativas governamentais. E as palavras usadas não foram nada doces. Provavelmente a pessoa que me rotulou não lê índices do IBGE, só o que o IBOPE informa...

Não precisa ir muito longe, basta abrir qualquer jornal da grande mídia (cada vez mais irrelevante). Todo dia tem uma crise nova. Recentemente tivemos a crise do tomate, agora da crise da queda da popularidade, a "disparada da inflação", a febre amarela (com pessoas tomando superdosagem de vacina e MORRENDO) e tantas outras. Já foi a do mensalão, e tantas outras. Nossa grande imprensa vive de crises sobre crises, e trata de fazer com que muitos pensem que vivemos numa crise constante, o que não é bem assim.

Mas a atual insatisfação vem de muito tempo, e os atuais governos estão pagando o pato. Felizmente ou infelizmente, é a vez deles.

O protesto é lícito e garantido pela Constituição, e como quase toda a população, desaprovo a violência, tanto de manifestantes que danificaram patrimônio público e privado, quanto da truculência da polícia, que não sabe o que é "manter a ordem". Não tem como não lembrar de Desordem, do Titâs... Muito me preocupa ver que em São Paulo tudo começou com quem deveria conter, ao invés de insuflar. Lamentável, Polícia Militar de São Paulo. Seu supremo comandante (o governador Geraldo Alckmin) deveria ser chamado às favas.

O que vai sair daí? Não sei, mas gosto de ver o brasileiro se manifestando, não gosto de ver quebra-quebra nem de policial cometendo atrocidades. Espero que não fique no que foram os "carapintadas" da minha geração, que o único reflexo foi a eleição do presidente da UNE de então para cargo político. Espero que fique algo mais, além da direita usar isso nas eleições de 2014, e dos jovens esquecerem de tudo logo depois do próximo meme da Internet.

Eu sempre digo: Político tem medo de povo. Então, manifestemo-nos, não só na rua, mas também cobrando eles, ligando, mandando e-mail, querendo satisfações... Isso poucos fazem. Isto é cidadania! Se fizéssemos um pouco mais, certamente protestos nas ruas não seriam mais tão necessários.

PS: Sobre protestos, leia esse link aqui e veja o que a imprensa não divulgou.

PS 2: Alguém me diz uma coisa... Teve protesto em Salvador? Não? Hmm... O prefeito é de que partido mesmo? Ah, tá... It makes me wonder...

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31 dezembro 2009

Jaú 2009 - o que aconteceu na ida

Essa história foi contada pela MSXBR-L, mas reproduzo aqui o que passamos na ida até Jaú, no final de outubro de 2009. Lá vai:

  1. A preparação - Combinamos ir na 6a de tarde, nos vôos de 15:10 e 16:40 da Gol, até Campinas. De lá, pegaríamos um carro alugado e iríamos até Jaú. O povo do Rio que iria comigo (Marcio Lima, Dr. Venom, minha esposa, Maria Cláudia e o Marcus), pegaria em casa e levaria até o aeroporto, fazendo o inverso na volta. Meu carro ficaria no estacionamento do aeroporto, e assim era bom para todo mundo: Uma corrida de táxi até o Galeão é muito cara. Tudo planejado... Vamos ao que interessa.
  2. A partida - Saio de casa ãs 13 hs junto com a Cláudia, passo na casa dos meus pais, converso um pouco, entrego umas coisas... Saímos de lá meia-hora depois. Ligo para o Dr. Venom, que está pronto mas o Márcio Lima nem tinha chegado na casa dele. Nota: Combinamos com o Márcio para que ele fosse até a casa do Venom para irmos todos juntos. Conclusão: Pela primeira vez na vida, fiquei irritado com o Márcio. Mas depois ele explicou o que aconteceu, entendi o que levou-o ao atraso. Bem, peguei o Venom 1o, passei na casa do Marcio em 2o, levo todo mundo no aeroporto, saio, pego o Marcus e volto para o aeroporto. Esse era o plano B. Faço isso, vou pela Penha, Vista Alegre... Subo o viaduto, pego a Dutra e caio na Linha Vermelha. Um acidente dos feios no sentido contrário. O trânsito anda, uma blitz, anda mais um pouco, congestiona... Anda e pára. 50 minutos para fazer um percurso de 10, o Rio de Janeiro deu um nó como eu nunca tinha visto. 1o erro: Essa contingência não foi prevista. Na próxima vez, na véspera de um feriado, sairemos com mais algumas horas de antecedëncia. Larguei o Marcio na UFRJ junto com o Venom, e eles tomaram um táxi para tentar pegaro avião. Volto para tentar pegar o Marcus, mas no meio do caminho, Cláudia me desaconselha, liga para ele e pede para que ele tome um táxi. Retorno para o aeroporto, pegando um trânsito infernal.
  3. Avião perdido - Chegamos no estacionamento às 16:18, Márcio e Venom ajudam-nos a pegar toda a bagagem... Mas não conseguimos embarcar. Marcio não tinha conseguido äs 15:10, remarcou (e pagou R$ 90), e não conseguiu embarcar de novo. Vamos lá reclamar, tentar embarcar, ver se há alguma chance... Neca. O jeito é colocar o nome na lista de espera, e tentar o próximo vôo, às 21:05. Procuro o stand da locadora, me passam o telefone da central, e consigo remarcar o carro das 18:30 para as 22:30. Quem sabe conseguiríamos embarcar? 20:35 chega, e temos a triste notícia de que não há desistências no vôo para Campinas. A Gol foi intransigente por causa do engarrafamento, e muitos dos seus passageiros chegaram atrasado. Eles foram cobrindo os "buracos" de passageiros que faltaram remarcando passagens para mais tarde (e ganhando dinheiro com isso). As opções são:
    • Tentar uma lista de espera para o vôo de sábado, às 7:30, mas é uma loteria.
    • Cancelar a passagem de ida e tentar reaver o dinheiro.
    • Tentar pegar o vôo de sábado de noite, mas o custo era proibitivo (R$ 600, em média). Inviável.

    E aí vem outras notícias desagradáveis:

    • Pelo tipo da passagem, a Gol só reembolsaria 30%. Ou seja, apenas R$ 43 do pacote ida+volta.
    • A volta era perdida: Se você não foi, você não volta.
    • No caso do Marcio, os R$ 90 foram perdidos. Foi menos pior porque um funcionário o isentou de nova taxa de remarcação de passagem.

    E lá vamos nós para o guichê da Gol tentar recuperar algo. Cláudia e o Venom estavam exaltados, reclamando muito, falando alto e inclusive atraindo a atenção - até dos seguranças da INFRAERO. Depois de uma funcionária irritadinha (que nos repassou a um outro, mais calmo), cancelamos as passagens (as minhas 3 e a do Marcus), tendo um reembolso chinfrim e muito tempo perdido. Esse mesmo funcionário, vale notar, concordou com o Márcio, quando ele explicou a sua história (a passagem dele ficou em aberto, ele não foi ressarcido em nada), e ele perguntou se isso era justo. O funcionário respondeu, entre os dentes: "Não, não é justo, senhor".

    2o erro: Empresas aéreas são mais mercenárias do que parecem. Leia todo o contrato, se você faz tudo do jeito deles, é ótimo. Se foge um milímetro... Você perde feio.

    Constatação 1: Faça o check-in assim que possível, e antes de chegar no aeroporto. Isso garante o teu assento.

    Com o cancelamento da Gol, perdemos o direito à locação do carro pela Unidas, já que estavam "casados". Também não era possível transferir a locação para a passagem do Marcio, já que a passagem dele ficou em aberto. Cancelei a reserva, eram 22 horas e nada. O povo que já tinha chegado (Rogério Belarmino, Giovanni Nunes e Ricardo Oazem) ligando preocupados... E a gente ainda preso no Rio.

  4. Vamos a Jaú, nem que seja a pé - Todo mundo cansado, irritado, tenso... E começam as manifestações de desistência. Todos, sem exceção, fraquejaram. Todos pensaram seriamente em ficar em casa, fazer um encontro por aqui, não irem a Jaú e economizar o dinheiro que ainda seria gasto. Como não tinha mais passagem de avião, o jeito era tentar ir de ônibus até Campinas (ou São Paulo), e de lá arrumar uma maneira de chegar. Ligo para o Daniel Caetano, que não pode atender (ele estava dando aula). Ligo para o Rigues, e explico a situação, pergunto se podemos ir seguindo o Daniel mais ele mais Elaine mais Gabriel. Sem problema, ele sairia da Vila Madalena às 9:30 de sábado. Voltamos ao carro, pensando em ir à Rodoviária, tentar uma passagem para irmos, ver no que dá... Quando chegamos no estacionamento, e vemos algo incrível. Eu confesso que vi nisso um sinal divino, de que deveríamos ir: Um carro japonês (um Honda), com uma placa do Espírito Santo, cujas 3 primeiras letras eram: M, S, X.

    Sim, MSX. E o carro era japonês. Eu nunca tinha visto um carro no Rio com essa placa. O Tabajara já tinha me contado de placas MSX no Espírito Santo, Cláudia disse-me que viu um certa vez... Mas eu nunca vi um com essa placa. E esse carro estava estacionado do lado do meu carro. para mim, isso foi como uma mensagem de Deus dizendo: "Vai que vai dar certo!"

    Constatação 2: Deus é MSXzeiro.

    Animei-me, e tratei de animar os outros (que fotografaram a placa). Saímos, os 5 mais malas mais tralha dentro do meu Peugeot 306 (a "Kombi de frete") rumo ä Rodoviária. Acho que nem na mudança ele levou tanto peso assim.

  5. Finalmente, a caminho - Chegamos na Novo Rio às 23:25, estacionamos o carro mas não o descarregamos: Vamos esperar comprar as passagens, e vamos para Campinas ou São Paulo. Aliás, Campinas era considerado perdido: Não daria tempo de pegar um ônibus para lá, e Sampa tem muito mais opções, quase um atrás do outro. Vamos tentar...Saímos do Edifício-Garagem para o saguão, todo reformado (o Marcio ficou abismado com o que viu, e realmente, a Novo Rio melhorou 1000%), e vamos tentar passagens. Na 1001 temos passagem para as 2:00, mas é um convencional com ar, o que é horrível para quem é alto que nem eu. Bem, vamos ver na Itapemirim. Qdo estamos na fila, surge um rapaz me oferecendo 5 passagens para São Paulo, com o ônibus saindo daqui a... 10 minutos. "Acho que Deus quer que nós vamos mesmo", pensei. Jogo a chave do carro nas mãos do Márcio, e ele, Venom e o Marcus saem correndo para descarregar o meu Peugeot, e voltam com todas as malas e coisas que estávamos levando. Enquanto isso, vou verificar a veracidade da passagem (era quente), o preço (era o de tabela), e sigo até um caixa eletrônico para pegar dinheiro e pagar o rapaz. Nota: Esse rapaz é um atravessador de Vale Transporte e RioCard, que compra passagens com esses vales e revende na fila, pelo preço de tabela. Assim, ele tem lucro, troca o VT por dinheiro e a gente resolve nosso problema. Marcus paga parte do dinheiro, Venom fornece o resto, e eu pego algum no caixa eletrônico para completar. Compramos as passagens, agora precisamos embarcar. Corremos até o embarque, conseguimos passar... Saímos do Rio em direção a São Paulo às 0:10 de sábado, num ônibus Double Class da 1001. Previsão de chegada, 6 horas. Finalmente estamos a caminho.
  6. Em São Paulo... Dormir em ônibus é uma droga, principalmente comigo, pois sou grande (1,95m), e mesmo o apoio das pernas do executivo não ajuda muito. Piora quando a Cláudia se remexe toda e quer reclinar-se sobre mim. Ela demora a se ajeitar para dormir. Mas isso pode ser ainda pior. E piora: o Venom ronca. Justiça seja feita, ele está roncando mais agudo, o que deve ser devido a 25 kg perdidos no caminho de uma dieta que ainda não acabou. Mesmo assim, dormi MUITO mal, tendo um pouco de sossego na última meia-hora de percurso. Chegamos ao Tietê, e vamos atrás de um carro para alugar, e passagens para voltar. Vamos no stand da Localiza, e o preço não nos agrada. Vamos até uma lan-house, no 2o piso do Tietê, e depois de muito futucar (e pagar uma grana preta para usar a Internet), descobrimos que:
    • A maioria das locadoras não tem carro para alugar. Tentamos a LocarAlpha, a Hertz, a Avis, a Unidas... Sem sucesso.
    • A TAM tem um vôo voltando de Campinas para o Rio, às 14:02, a R$ 63.

    O jeito é tentar o stand da Localiza de novo. Conversamos com a atendente, que se comove com a nossa história, e nos dá um desconto: Pelo preço de um carro básico, categoria A (Palio 1.0 básico), alugamos um modelo categoria B, econômico (Palio 1.0 Fire, 4 portas, ar, vidro e travas elétricas). Subo, pego o carro, peço a Deus que continue conosco, desço com ele e vamos arrumar a bagagem e as pessoas lá dentro. Márcio acha uma avaria na lateral, chama o funcionário da Localiza para confirmar... E lotamos o carro. Faço todo mundo colocar o cinto de segurança (inclusive o abdominal, para o passageiro do meio). A coisa ficou tão apertada que eu tive que descer e fechar as portas traseiras: Eles não conseguiam fechar, não dava para puxar a porta.

  7. Vamos para a estrada, rumo a Jaú. Joguei todas as fichas que restaram no GPS do celular, que funcionou muito bem: Pegou o sinal rapidamente, e tracei uma rota até o Hotel Jardim, onde ficaríamos hospedados. Antes, pedi ao Giovanni para avisar do nosso atraso, e que eles adiassem nossa reserva para sábado, ao invés de sexta. Seguimos em frente, e o GPS fez seu papel em nos tirar de São Paulo até a Rodovia Bandeirantes... Mas o Giovanni nos sugeriu seguir a Bandeirantes de São Paulo até Cordeirópolis, e não pegar a Via Anhanguera sob hipótese alguma. Embora tivéssemos 2 pedágios até Campinas e mais 4 pedágios até Jaú, o limite de velocidade é maior (120 km/h), o tráfego é menor, e com isso seria mais rápida a viagem. Ligamos o ar, trancamos tudo, pedi a Deus mais uma vez a Sua proteção e seguimos em frente. Surpreendi-me com o motor Fire do Palio ao longo da viagem: Embora fosse um motor 1.0 e mesmo com 5 pessoas dentro, malas e tralha, houve momentos de andarmos a 140 km/h, s/ esforço. Gostei. Rigues me liga, explico que seguimos em frente, e que nos veríamos em Jaú. Ele nos deseja boa viagem. Continuamos em frente, pé embaixo, falando abobrinha, mas ainda muito focados, e querendo chegar de qualquer maneira em Jaú. Quando, de repente... Um policial surge no meio da pista, sinalizando para pararmos no acostamento. "Agora ferrou, o que ele vai encrencar?" pensei. Era um policial rodoviário estadual (acho). Ele faz um grande percurso, até o carro. Quando chega, dá uma volta no veículo, olha tudo, pede os documentos (carteira de motorista e documentos do carro), olha tudo... E dispara:
    "- Tem passageiro aí atrás sem cinto de segurança."
    "- Não mesmo, todos estão usando cinto de segurança, isso eu tenho certeza!" respondi. E peço ao Marcio para mostrar o cinto abdominal.

    O guarda, a contragosto, comenta que os passageiros de trás com cinto de três pontos, do jeito que estão, numa freada iriam se machucar feio. Mando os 2 (Venom e Marcus) se ajeitarem no banco e pergunto: "Tudo certo, policial?" Ele entrega os documentos e libera-nos. Ficou sem o cafezinho dele, dessa vez. Fica para a próxima.

  8. Sim, chegamos - Saímos em Cordeirópolis, pegamos a Rodovia Washington Luís e seguimos até a saída 206B, como quem vai para São Carlos. Antes, em Rio Claro, paramos para ir ao banheiro e beber algo. Começo a sentir dor de cabeça, creio eu que por causa de cansaço. Não como nada, pegamos o carro e continuamos em frente. Pegamos a SP-225, que é quase toda em linha reta. A dor de cabeça aumenta, o cansaço aperta... Nisso, parte dos passageiros no banco de trás dormiram e acordaram, e Cláudia vai puxando papo, para me deixar acordado. Às 12:30 de sábado, finalmente demos entrada no Hotel Jardim, depois de tantas aventuras e cansaço. A nossa reserva tinha sido cancelada, mas felizmente tinha quarto disponível. Para o povo do quarto triplo, só o mais caro estava disponível (diária de R$ 135), e justamente não condizia com o custo do quarto (muitos mosquitos no teto do banheiro, por exemplo). No meu caso, fiquei com a Cláudia num quarto de casal (diária de R$ 91), muito bom, por sinal.

    Qto ao resto, e à volta, fica para depois.

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26 agosto 2007

24 horas

Jack Bauer (o primo do psicólogo Jairo Bauer) ensinou uma lição muito importante, no seu seriado: É que em 24 horas, muita coisa pode acontecer. Nas temporadas anteriores, em 24 horas ele teve a família destroçada, escapou de ser morto várias vezes, fugiu e voltou, e em tempo recorde foi até o México e voltou. É inacreditável que dê para fazer tanta coisa tão pouco tempo. Nessas horas, é que vejo que aproveitamos mal o tempo.

De vez em quando eu tenho um desses insights, como quando eu fui apresentar um trabalho num congresso, no CTA, em São José dos Campos: Em 17 horas, eu peguei um ônibus da Viação Sampaio (um trator com ar-condicionado), fui ao CTA, tomei café, apresentei o meu trabalho, voltei para a Rodoviária, e depois para o Rio de Janeiro. Eu e uma grande amiga, fizemos isso. Me senti o próprio Jack Bauer, mesmo sem conhecê-lo ainda (a série estreou no ano seguinte).

Passei novamente pela mesma situação. Como disse no post anterior, eu precisava ir a Sâo Paulo, para uma reunião da Diretoria Nacional da ABU. Comprei a passagem antecipadamente, de ônibus. A 1001 está com uma promoção: 3x sem juros no cartão de crédito para compras acima de R$ 100, no percurso Rio-São Paulo. Compras pelo telefone. Dispensável dizer que comprei, justamente com o cartão de crédito onde no momento, não tem nada. Beleza, serão R$ 128 parcelados em 3 vezes, a partir de setembro.

Calculei o preço de uma corrida de táxi, até aqui em casa, e vi que iria gastar R$ 35 na volta. Fora a ida, que sairia um gasto quase tão grande quanto. Logo, vamos calcular... R$ 65. Descobri também que a diária no estacionamento da rodoviária é de R$ 22. Melhor deixar o carro lá, então.

Tivemos então uma reunião com o povo do MSX, para conversar sobre a MSXRio, e às 23 horas, fiquei, junto com o Dr. Venom, fazendo hora no shopping. Dei uma carona para ele até a sua casa, voltei... Entrei no estacionamento da Rodoviária às 0:29 de sábado, dia 25 de agosto. Tranquei o carro, confirmei o valor da diária (R$ 22), desci... Fui pegar o buzão, não sem antes parar na sala de embarque e ouvir alguns podcasts, enquanto fazia hora. O ônibus saiu à 1:41.

Cheguei às 7:06 em São Paulo, em mais uma noite mal-dormida. Até a (única) parada, dormi bem. Depois, demorei a pegar no sono, já que a mochila estava no colo (não tinha bagageiro em cima do meu assento), e um ronco vindo do banco de trás fazia com que eu me mantesse longe "dos braços de Morfeu". Fui no jornaleiro, bebi água (colocaram um bebedouro, oba), enchi a garrafa d'água, comprei 2 bilhetes de metrô e segui em direção ao local da reunião, no Metrô Santa Cruz.

Fui o primeiro dos "de fora" a chegar, para variar, mas já encontrei logo pessoas que iriam também participar da reunião. Saí com o Fred, comprar coisas para o café, conversa, etc e tal... Depois reunião, almoço (feijoada, e eu detesto carne de porco), mais conversa, reunião... Não vou detalhar como foi, mas vale dizer que achei a reunião muito produtiva. Gostei mesmo de ter ido, foi enriquecedor saber que as coisas estão andando bem, no movimento.

Minha hora chegou: 17:41. O ônibus sairia 1 hora depois. Fiz uma breve higiene pessoal e segui meu rumo, de volta ao Tietê. Não sem antes despedir-me de todos, e dar ainda alguns pitacos num assunto que eu tinha certa participação. Cheguei no Tietê faltando 20 minutos para o ônibus sair. Fui direto para a plataforma, cortando por dentro da sala de embarque, e enfiando-me no mesmo.

Ainda deu para ligar para casa, e para a Cláudia, só para dizer que eu estava vivo e bem. Volta, cochilei... Acordei na parada, comi o lanche que trouxe da reunião. Mais volta, desisti de dormir no resto da viagem, e aí é que eu cochilei. Ouvi mais uns podcasts, e cheguei na Rodoviária Novo Rio às 0:18, segundo o relógio do ônibus. Nem pisquei, desci rápido para pegar o carro e voltar para casa.

Descobri uma discrepância entre os relógios, visto que levei 3 minutos da plataforma até pagar o estacionamento, e quase virou o dia. Quase, porque paguei o bilhete no exato 28o minutos da meia-noite de domingo, 26 de agosto. Em bom português, levei 23 horas e 59 minutos! Faltou UM MINUTO para a meia-noite. Duvida? Olha a prova aqui embaixo:

A imagem não tá clara, foto feita com celular é dose...


Nem se eu quisesse, conseguiria isso. Cheguei em casa às 1:03, liga para noiva, conversa um pouco, toma banho, mexe no micro... E vai dormir, bem cansado. Já estou melhor. Mas me senti o próprio Jack Bauer, já que fiz isso tudo em pouco tempo, e principalmente: Gastando pouco. E nessas horas eu me pergunto se realmente não poderíamos ser mais cuidadosos, e aproveitar melhor o tempo...

P. S.: Certa vez me perguntaram, como eu consigo fazer tanta coisa em tão pouco tempo. Respondi que tudo demanda ter um pouco de planejamento, vale ser um pouco lifehacker, buscar o que chamamos de efetividade. Não é impossível, dá para fazer. E nesse meio tempo, ainda ouvi vários podcasts que queria ouvir, enviei alguns emails... Só não escrevi prova porque não deu. Senão, já traria de lá as provas já prontas.



E não esqueçam: Jack Bauer para presidente dos EUA! Afinal, se todos ouvissem-no, o seriado chamaria-se 12 Horas, e não 24 Horas... Quem quiser ler, mais algumas piadas.

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