Não sei se já falei por aqui, ou quantos sabem, mas eu tenho um irmão, o Fabio (sim, sem acento). Ele é exatos 30 meses mais novo que eu (22 de novembro), petroleiro, operador de turbina, e borrachinha emergente (como dizem na plataforma), por ser morador do Recreio dos Bandeirantes. Está vendendo o almoço para comprar a janta, andando nu em casa para economizar roupa (frases dele), tudo isso para pagar o apartamento que ele está comprando.
Ele é divorciado. Não falei por aqui do processo de divórcio dele, que começou em março de 2005, primeiro por pedido dos meus pais. Eles morriam de vergonha de um dos filhos estar se separando. Depois, por querer economizar o blog do drama pessoal que vivíamos, e da apreensão em que estávamos. O divórcio foi litigioso, a ex-esposa dele queria R$ 25 mil e tudo que tinha dentro de casa (saiu com R$ 2500). Até ser perseguido na rua ele foi. A sogra que ele tinha era algo pior do que as jararacas de plantão... Foi muito complicado. E por último, não falei porque não calhou, esqueci, essas coisas.
O Fabio é a parte mais maluca da família. Ele é diferente de mim: Expansivo, falador, brincalhão, fala alto... Como diz minha mãe, "seu irmão chega e enche o ambiente". Ele é do tipo boa-praça, do tipo que quem não conhece, acha ele arrogante e metido (tá, vez por outra ele realmente é). Mas quem conhece, vê que ele é um sujeito dos mais bacanas. E é o meu único irmão, que não tem fissura por MSX, mas está querendo experimentar o Linux e é fascinado por motores, carros turbinados e coisas do tipo. Aliás, isso tem uma participação no nosso dia em que passamos juntos.
Conforme eu falei anteriormente (num post aí embaixo, vai lá procurar), fomos à caça de uma nova placa-mãe para o micro dele, e uma nova fonte para o meu micro. Consultei antes, via Internet, que haviam algumas lojas vendendo placas-mãe Asus A7V600-F. Essa é placa para soquetes 462 (o processador dele é um Athlon XP 2600+, núcleo Barton), 5 PCIs, 1 AGP, etc e tal. Preço bom (R$ 165), é placa para ficar por um bom tempo. E memória... Sugeri a ele para por logo 1 Gb de DDR 400, da Kingston, assim ele pode jogar Counter-Strike em paz. Fomos à caça. Chegamos nas lojas previamente listadas, ouvimos que a placa acabou, só depois das 5 da tarde. Droga. Achei uma rede wifi aberta, conectamos... O Fabio, que nunca tinha visto isso, se divertiu à beça: leu email, viu cotação do dólar e da bolsa, consultou o BoaDica, etc.
Tinha uma outra loja, com placas-mãe da ECS, mais caras (R$ 180). "Mas eu prefiro Asus", disse a ele. Fomos resolver umas questões que meu pai tinha nos pedido para resolver e fomos ao escritório do advogado que cuidou do divórcio dele. De lá fomos a cartório, xerox, documentos, volta ao advogado... Voltemos à placa. Sugiro ir numa assistência técnica que eu conheço, para pedir para que eles vejam qual é o problema da placa-mãe dele, e se tem conserto. Bem, R$ 20 para confirmar um defeito, ele preferiu não perder esse dinheiro.
Comprei uma fonte nova para mim (uma CoolerMaster de 380W), e fizemos nova procura na rede wifi aberta. Só uma loja tinha disponível a placa, num shopping de informática novo, longe daonde estávamos. Tentamos o telefone para confirmar a existência da placa no estoque... E o telefone não atende. Reiterei que não iria meter a mão e trocar aquele processador. Com 2 (ou 3) processadores AMD quebrados no currículo, não vou me arriscar a fraturar um quarto. Conversamos... E ele diz: "Ah, vamos lá mesmo, se não conseguir, paciência". E fomos até a Presidente Vargas.
Entramos no shopping, e pouquíssimos boxes abertos. Chegamos no último, pergunto pela placa e preço, tudo confirmado. Ótimo. Enquanto isso, o Fabio encara o dono do box, que também o encara, como que tentando lembrar de algo...
"-Escuta, você não tinha um Gol 1.0 turbinado com 1,2 bar de pressão?"
"-E você não tinha uma Saveiro branca, turbinada?"
"-Você é o Pasquale?"
"-Você é o Fabio!"
Mundo pequeno e mal-freqüentado. O Pasquale teve certeza de que queria turbinar o carro dele depois de ter andado na Saveiro do meu irmão, e eles não se viam há uns bons anos. Conclusão: Compramos a placa, eles trocaram contatos, números de Nextel, papearam um bocado, e ele ainda trocou o processador, de graça. Legal, não?
Na volta, montamos o micro dele, que saiu já pronto, e remontei o meu. Fiquei devendo para ele o Linux, que ele queria instalar para experimentar, e passamos um dia todo juntos, como a gente não fazia faz um tempão. Foi muito divertido, espero poder repetir novamente com ele depois.
Update: Ele baixou o Linux (Ubuntu 7.04), instalou e tá usando. Claro, não sem antes ir algumas vezes ao Fórum do Ubuntu-BR, olhar o Guia e me dar alguns telefonemas. Mas está usando e se divertindo um bocado com o pinguim. Pois é, mais uma prova de conceito, que Linux pode ser usado por pessoas de fora da área de informática.
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